segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Plesiosaurus - Peça perdida afasta primazia da Bahia.
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O Plesiosaurus foi um dos grandes répteis marinhos, sendo facilmente reconhecível pelo seu longo pescoço.
Entretanto, o quadro era bem mais rico. A denominada Ordem Plesiosauria era de répteis marinhos todos de pescoços longos, todos extintos, que se nós dividimos em duas superFamílias.
A superFamília Pliosauroidea era caracterizada por dispor de pescoços com 13 vértebras.
A superFamília Plesiosauroidea era caracterizada pelos mais longos pescoços, podendo conter de 32 a 76 vértebras. Esta é dividida em quatro famílias. A Plesiosauridae, a Elasmosauridae, a Cryptocleididae e a Dolichorhynchopidae.
O primeiro fóssil de um Plesiosaurus brasileiro foi encontrado na Bahia, no século XIX. Entretanto a perda desse material fez com que perdêssemos essa primazia.
A matéria abaixo, apesar dos exageros jornalísticos, no trato do Plesiosauro, e das incorreções em relação às posturas científicas, como no caso da Grande Extinção dos dinossauros, registra essa perda para os baianos.
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"Um monstro na gaveta do museu"
Matéria publicada na Revista Galileu.
Por Wagner de Oliveira
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Reproduzida no Site:
http://galileu.globo.com/edic/95/conhecimento2.htm
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"Pesquisadora identifica fósseis de uma extinta fera do mar brasileira"
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Já fazia quase 20 anos que os ossos estavam guardados naquela anônima gaveta do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Que eles eram fósseis, já se sabia: haviam sido escavados em Igaraçu, nas proximidades de Olinda, Pernambuco, na década de 80, pelo paleontólogo Fausto Cunha. Mas de que animal seriam? Naquela época, não havia especialista com o conhecimento necessário para uma identificação segura - e os ossos foram ficando por lá mesmo. Até que, no final de 1997, uma equipe de pesquisadores do museu resolveu fazer um levantamento do acervo. As escavações pelos arquivos acabaram revelando os ossos desconhecidos, que foram logo entregues à paleontóloga Luciana de Carvalho, uma especialista em répteis. Luciana era a pessoa certa
para desvendar o mistério. Depois de mais de um ano de pesquisas, ela finalmente descobriu que aqueles eram despojos preciosos para a paleontologia brasileira: tratava-se de um raríssimo espécime de plesiossauro, o primeiro encontrado no Brasil.
Para quem não sabe - e quase ninguém sabe -, o plesiossauro foi um dos maiores répteis marinhos de toda a chamada pré-história. Uma fera tão temida na água quanto o velho e conhecido Tiranossauro rex em terra. Quem acompanha as pesquisas sobre os grandes dinossauros já está acostumado a ler e ouvir que o carnívoro T. rex, de dentes afiadíssimos e sempre com comportamento de poucos amigos, reinou como o maior predador do planeta no passado. O próprio cinema se encarregou de formar a imagem apavorante: o rex avançando a passos lentos e pesados sobre suas presas aterrorizadas.
Mas quem dominava as águas eram os plesiossauros, répteis marinhos que durante milhões de anos ocuparam o topo da cadeia alimentar dos oceanos. Na procura por comida, trucidavam avantajados tubarões, devoravam peixes primitivos gigantes e vez por outra perseguiam dinossauros incautos que se aventurassem pelas águas. Somente os mosassauros, uma espécie de lagarto marinho com mais de 10 metros de comprimento e igualmente carnívoro, eram capazes de enfrentá-los. Até serem todos dizimados, junto com os dinossauros e todos os grandes répteis pré-históricos do planeta, há 65 milhões de anos.
Agora, a descoberta do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro volta a colocar em evidência esse gigante predador da pré-história, que chegava a medir 14 metros de comprimento. Os plesiossauros eram quase três vezes maiores que os tubarões carnívoros atuais. No crânio avantajado, que chegava a superar em tamanho o do rex, destaca-se a mandíbula, equipada com fileiras de poderosos dentes na forma de punhais.
Esse réptil conseguiu, ao longo da evolução, perfeita adaptação ao ambiente aquático. Os pesquisadores acreditam que seus ancestrais viviam em terra. Ao longo do tempo, as patas e a cauda foram transformadas em potentes nadadeiras. "Seu caminhar desajeitado fora da água pode ser comparado ao dos atuais leões-marinhos", observa Luciana de Carvalho. As narinas passaram a ocupar o topo da cabeça, tinham dois pulmões e é bem provável que pudessem mergulhar profundamente. Os cientistas já encontraram em o
ssos de répteis marinhos primitivos calcificações na região do ouvido, que indicam uma forma de proteção contra a pressão da água.
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Terras separadas
Segundo a paleontóloga, o trabalho da equipe do Museu Nacional deverá ser publicado ainda este ano no Journal of Vertebrade Paleontology, uma das mais importantes revistas científicas americanas. No Brasil, será divulgado no Congresso Brasileiro de Paleontologia, em agosto, em Porto Alegre. Luciana lembra que existem referências a um suposto osso de plesiossauro encontrado na Bahia, no século passado. Mas como ninguém sabe onde está a peça e nem se foi publicado algo sobre o fóssil, o plesiossauro de Olinda é, oficialmente, o primeiro.
A importância do trabalho da equipe da UFRJ, porém, vai muito além do pioneirismo. O estudo de fósseis como o do plesiossauro nordestino está ajudando a esclarecer o passado do planeta, como o fenômeno da separação dos continentes americano e africano. Há cerca de 120 milhões de anos, a África e o litoral brasileiro começaram lentamente a se afastar, dando início à formação do Oceano Atlântico. A paleontologia, ramo da ciência que estuda os fósseis, é uma das áreas de conhecimento que mais tem apresentado evidências sobre esse processo.
Um dos primeiros indícios da separação dos continentes foi a descoberta, no início do século, de um réptil marinho fossilizado. Em 1908, o pesquisador americano J. H. Macgrecor encontrou no Brasil, em sítios em São Paulo e no Paraná, restos de um pequeno réptil chamado mesossauro. Comparando este fóssil brasileiro com animais desenterrados na África, notou-se total similaridade. Concluiu-se, então, que os animais viveram numa mesma região, provavelmente uma lagoa de água doce, durante o Permeano, 260 milhões de anos atrás.
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Furos no esqueleto
Nesse período, os dois continentes eram unidos numa imensa massa de terra, onde primitivas lagoas abrigavam os mesossauros. E, por isso, hoje fósseis desses animais podem ser encontrados tanto no Brasil quanto na África. Os cientistas também descobriram que, no passado, havia nos dois continentes muitas plantas e animais de espécies correlatas. Agora, a descoberta do plesiossauro em Pernambuco reforça a teoria. "Temos mais um indício de que a África esteve unida ao Brasil", explica Luciana.
Os ossos encontrados em Olinda, de um animal que media em torno de 8 metros, são de uma vértebra dorsal e três cervicais: atlas, áxis e a chamada terceira cervical. Do crânio do animal foi encontrado o exoccipital-opistótico, um dos ossos que servia de sustentação da cabeça. Mas os paleontólogos só confirmaram a descrição do animal quando notaram a presença de furos quase imperceptíveis no esqueleto. Eram os chamados foramens, pequenos orifícios abertos nas vértebras, por onde passavam vasos sangüíneos, uma característica encontrada somente em ossos de plesiossauros.
A família dos plesiossauros surgiu há 220 milhões de anos, durante o Triássico Médio. Uma ossada deste período já foi achada na Alemanha. Mas fósseis do animal foram encontrados principalmente no litoral da Europa, da América do Norte e Antártica. O fóssil estudado pela equipe do Museu Nacional habitou o Oceano Atlântico há cerca de 65 milhões de anos, no Cretáceo Superior. Além dos plesiossauros, viviam próximo ao litoral nessa época grandes tubarões, raias e peixes ósseos.
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Lenda escocesa
Os plesiossauros são divididos em dois grandes grupos. O primeiro, Plesiosauroidea, possuía pescoço longo e crânio pequeno. Os Pliosauroidea tinham pescoço curto e crânio enorme. O exemplar brasileiro faz parte do segundo grupo. De acordo com certas lendas, alguns plesiossauros teriam sobrevivido até hoje e um deles ainda habitaria o famoso Lago Ness, na Escócia. As fantásticas histórias sobre a existência desse monstro, contudo, não têm qualquer respaldo científico. Os plesiossauros extinguiram-se 65 milhões de anos atrás, junto com outros répteis marinhos, os dinossauros e os pterossauros. E não deixaram descendentes.
No passado, a região onde foi descoberto o fóssil estava coberta pelas águas de um então Oceano Atlântico em formação. Atualmente, a faixa costeira forma a Bacia Pernambuco-Paraíba (veja mapa), constituída basicamente por sedimentos de origem marinha, o que favorece os estudos de paleontologia e estratigrafia. Foi realizando trabalhos nessa bacia que o geólogo Gilberto Albertão, da Petrobrás, fez uma importante descoberta que ajuda a esclarecer o desaparecimento de dinossauros e dos grandes répteis marinhos, como o plesiossauro.
Em escavações na região, ele encontrou traços do elemento irídio em camadas de rochas que correspondem ao período do Cretáceo, há 65 milhões de anos. Foi exatamente nessa época que os grandes animais foram extintos. O irídio é um elemento químico muito comum em meteoros e uma das prováveis teorias para a extinção desses animais atribui seu desaparecimento à intensa queda de meteoros sobre o planeta. Depois dessa chuva sólida, uma nuvem de poeira, contendo fragmentos de solo e irídio liberados pelos corpos em queda, teria se formado sobre o planeta. O irídio achado no subsolo de Pernambuco seria uma evidência da tempestade de meteoros.
A poeira resultante da colisão provocou mudanças climáticas pelo bloqueio da passagem dos raios solares. Como resultado, houve escassez de alimentos e quebra na cadeia alimentar. Em seguida, o principal efeito foi o desaparecimento dos dinossauros e de grandes répteis marinhos. Ou seja, chegava ao fim a supremacia de dois dos maiores predadores que já existiram no planeta: em terra, o T. rex; nos oceanos, os plesiossaurus.
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