quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Arco circun-horizontal, em Salvador


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Acima, um fotometeoro denominado Arco circun-horizontal visto, na manhã de 5 de janeiro de 2012, em Salvador.
O Arco circun-horizontal é mais um belo fotometeoro. Forma-se quando há a passagem do raio do Sol elevado por sobre cristais de gelo. A elevação do Sol em relação ao eixo dos cristais de gelo deve perfazer entre 5 e 40 graus com a vertical. A emersão dos raios de luz dos cristais, a entre 8,9 e 31,6 graus com a horizontal, provoca o surgimento deste fotometeoro.

O ângulo de entrada do raio, em relação à vertical, e a saída, em relação à horizontal, aparecem na imagem abaixo.

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A Figura a baixo é uma simulação em computador do arco circun-horizontal. Para a simulação foi utilizado o software Halosim (por Les Cowley e Michael Schroeder), disponível em http://www.atoptics.co.uk/halo/halfeat.htm, trazido da página http://astrosurf.com/skyscapes/otica/cha.htm

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Lista de visualizações do arco circun-horizontal, na Bahia:
- Salvador - 5 de janeiro de 2012, entre 7:45 e 8:00 (desconsiderado o horário de verão)- Nublado - Temperatura 22°C, Umidade: 57% - Visto entre nos bairros do Rio Vermelho, e Pituba.
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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Geologia da Barra - Salvador - Bahia. (Trabalho Técnico)

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"Arcabouço Estrutural da orla de Salvador na praia do Porto da Barra: Uma contribuição à Geologia do Cinturão Salvador – Esplanada"
Trabalho Técnico apresentado em painel no XLV Congresso Brasileiro de Geologia – Belém, Pará, 2010.
Autor: André Luiz de Souza e Souza, da Universidade Federal da Bahia.
Co-autores: Pedro Maciel de Paula Garcia, Simone Cerqueira Pereira Cruz, Jailma Santos de Souza, Johildo Salomão Figueiredo Barbosa e Luiz César Correa Gomes, da Universidade Federal da Bahia.
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Introdução: A área estudada localiza-se no extremo sul da cidade de Salvador-BA, no bairro da Barra, entre as coordenadas UTM 550617 e 550668 km N, e 851989 e 8562178 km E. A região da cidade de Salvador divide-se em três domínios geológicos (Barbosa et al. 2005): a Bacia Sedimentar do Recôncavo, o Alto de Salvador, e a Margem Continental Atlântica, onde afloram rochas do embasamento pertencentes ao Orógeno Paleoproterozóico Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa & Sabaté 2002, 2004). Seus litotipos são representados por granulitos orto e paraderivados (Barbosa et al. 2005), este orógeno pode ser dividido nos cinturões: ocidental Itabuna-Salvador-Curaçá, com trend N-S (Santos & Souza 1983); e oriental, Salvador-Esplanada, com trend N 045 (Barbosa & Dominguez 1996), no qual está inserida a área de estudo.
Objetivo: Mapear as rochas do lajedo Espanhol na escala 1:1.000 e 1:500. Visando discutir modelo de evolução estrutural da área de trabalho.
Metodologia: Utilização de foto aérea na escala 1:300, imagem do Google Earth ®. Realização de campanha de campo para fazer levantamento das estruturas existentes. O tratamento dos dados está sendo feito em ArcGis. Utilização de estudos petrográficos para separar as unidades litológicas e auxiliar na análise estrutural.
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Geologia local: A campanha de campo realizada neste trabalho conseguiu distinguir três unidades litológicas deformadas ductilmente (1) enderbito (foto 1 e 2) e (2) granulito alumino-magnesiano e (3) sienogranito deformado (foto 3 e 4). Duas unidades litológicas não deformadas ductilmente (A) dique monzo-sienogranitico e (B) dique diabásico (foto 5 e 6), além de duas unidades sedimentares (i) ortoconglomerado e (ii) areias inconsolidadas de praia. Foram realizadas análises petrográficas sobre as unidades (1), (2) e (B).
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Conclusão: A partir do levantamento estrutural realizado foi possível reconhecer quatro fases deformacionais distintas. A primeira delas, denominada de Dn-1, de natureza dúctil, foi responsável para geração de uma foliação Sn-1 que associa-se com um bandamento composicional e pode ser observada em dobras intrafoliais da fase seguinte, Dn. Essa fase foi a principal responsável pela estruturação finita, sendo de natureza dúctil. O registro estrutural permitiu subdividi-la em dois estágios distintos. O primeiro, Dn’, foi responsável pela geração da foliação Sn’ e pela sua paralelização com a foliação Sn-1 e pela formação do bandamento gnáissico. Dobras isoclinais, sem raiz e com plano axial paralelizado com a foliação Sn’ foram nucleadas. Além da foliação Sn’, lineação de estiramento (Lxn’), lineação mineral (Lmn’), boudins e duplex foram formados. A vergência geral do movimento é de NE para SW. Com a progressão da deformação, a fase Dn’’ levou à nucleação de dobras suaves a abertas com envoltória simétrica.
Possivelmente, a fase Dn pode ser correlacionada com a fase D1 de Barbosa & Sabaté (2002) e está relacionada com as deformações tangenciais da evolução do Orógeno Itabuna Salvador-Curaçá. Entretanto, assumindo que os duplex estão associados com uma tectônica tangencial, o campo de tensão regional interpretado à luz das estruturas identificadas estaria associada com sigma 1 (σ1) dirigido de NE para SW, diferentemente do que foi proposto por aqueles autores para o Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, que seria de NW para SE.
Uma fase posterior de natureza rúptil-dúctil Fn+1 foi responsável pela nucleação de faturas de tração com preenchimento de diques monzo-sienogranitos e doleríticos. Essas estruturas são truncadas por zonas de cisalhamento com orientação N010/85WNW a N-S que demonstra cinemática sinistral e N100/81SSW a E-W com cinemática destral, tendo sido interpretada como um par de falhas conjugado e sigma 1 (σ1) dirigido de NW para SE.
Por fim a última fase deformacional, Dn+2, de natureza rúptil é caracterizada por fraturas não preenchidas que posivelmente estão associadas com a abertura da Bacia do Recôncavo e do Oceano Atlântico Sul. A direção das estruturas rúpteis são paralelas com a orientação da lineação de estiramento do afloramento. Sendo assim, essa estrutura linear pode ter controlado a distribuição das estruturas rúpteis.
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Figuras:
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Ordem ou Super-ordem Cingulata, na Bahia

Pertenceram à Megamastofauna, a Megafauna Mamífera, alguns seres relacionados como pertencentes à Ordem ou Superordem Cingulata. Alguns por certo estiveram na Bahia, outros provavelmente.
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Duas visões da situação da Ordem ou Super-ordem Cingulata.
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Pampatherium - Imagem trazida da publicação "História Geológica da Bahia", de Rubens Antonio.
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Os tatus atuais pertencem à família biológica Dasypodidæ, sendo o seu maior representante o Priodontes, que conhecemos por tatu canastra, que chega a 1,5 metro. Já os grandes tatus extintos pertenciam à família biológica Pampatheriidæ, que incluiu o Pampatherium, visto acima. Este media 1 metro no alto das costas e até 2,6 metros de comprimento, pesando até centenas de quilos. Outros gênero que provavelmente esteve em nossos terrenos foi Propraopus, com 0,9 metro no seu dorso e comprimento entre 1,2 e 1,5 metro.
Outro grande tatu, o Holmesina, com até 2 metros de comprimento, foi muito comum em regiões da América do Norte. Entretanto, mas pode ter chegado aos nossos terrenos, uma vez que há indicações de sua presença no Ceará, na Paraíba e no Rio Grande do Norte.
Como os tatus atuais, ambos possuiam carapaças flexíveis. Tinha capacidade para escavar, mas provavelmente o fazia apenas ocasionalmente. Entretanto, localmente, foram encontradas tocas provavelmente relacionadas a estes animais que resistiram mesmo depois de tanto tempo deles extintos.
Suas antigas tocas que foram entupidas por sedimentos posteriores são chamadas crotovinas.
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Imagem trazida da publicação "História Geológica da Bahia", de Rubens Antonio.
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O Doedicurus e o Glyptodon foram gêneros pertencentes à Família Glyptodontidæ. Dispunham de mosaicos de plaquetas ósseas de formato poligonizado, formando carapaças inflexíveis, o que os diferencia dos tatus, que possuem faixas que lhes conferem carapaças maleáveis. Possuíam caudas possantes, utilizadas em golpes,, sendo que o Doedicurus contava ainda com uma pesada maça com espinhos na sua extremidade. Este era o maior representante da família, chegando a entre 3,6 e 4,3 m de comprimento, dos quais 1,3 a 1,5 m para a cauda, 1,6 m de altura, pesando até 1,4 tonelada. O Glyptodon chegou a 3,0 a 4,0 m de comprimento, com 1,2 a 1,5 m de altura, pesando entre 1,0 e 1,4 tonelada. Outro gênero da mesma família, o Sclerocalyptus, era menor, com 1,5 a 2,0 m de comprimento, pesando até 250 kg. Outro representante desta família, que deve ter estado em nossos terrenos, foi o Panochthus, que chegava a 3,0 m de comprimento.
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Pachyarmatherium - Imagem trazida da publicação "História Geológica da Bahia", de Rubens Antonio.
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Além das famílias Pampatheriidæ, que englobava os grandes tatus extintos, e Glyptodontidæ, que agregava os seres com grandes cascos não flexíveis, um outro ser, o Pachyarmatherium, não se enquadra bem em nenhuma das duas, apesar de alguns autores vincularem-no à segunda. Provavelmente era apenas um aparentado próximo de ambos, sendo provável que tenha chegado aos nossos terrenos, com indicadores também da sua provável presença encontrados em outros estados do Nordeste.
O Pachyarmatherium, visto acima, em primeiro plano. tinha o corpo medindo um metro e meio de comprimento. Em vez de uma carapaça flexível, como a dos tatus, ou definitivamente rígida, como a dos gliptodontes, possuía-a dividida em dois grandes cascos unidos por uma única faixa flexível.
Apesar de estudos mais antigos indicarem que teria sido extinguido muito tempo atrás, estudos mais recentes indicam que pertenceu ao mesmo contexto da Megafauna mamífera extinguindo-se junto com a mesma.
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Hulha na Bahia


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Acima, amostra contendo hulha, também conhecida como “carvão mineral”. Trata-se, na verdade, de um fóssil produzido por um processo chamado “incarbonização”, o qual atua sobre vegetais.
A antiga planta, uma vez morta, não entrou em contato com o ar, que tem o corrosivo Oxigênio. Isto se dá , geralmente, por ter esta se depositado e/ou permanecido em terreno alagado.
Provavelmente este exemplar depositou-se nas margens de um lago raso, entre 135 e 130 milhões de anos atrás, que existia onde está atualmente a Ilha do Frade, na Baía de Todos os Santos.
Esta amostra pertence ao acervo do Museu Geológico da Bahia, tendo sido descoberta pela geógrafa Elizandra Pinheiro dos Reis.
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O vegetal tem como seu composto fundamental a Celulose (C6 H10 O5).
Quando as plantas morrem, se escaparem de permanecer expostas ao ar, por exemplo, em um terreno afogado, tenderão a entrar na .sequência da “incarbonização”. Nesta, dá-se um progressivo enriquecimento do fóssil em Carbono, devido à perda dos demais componentes da Celulose, fazendo com que se percorra a série

Em termos de proporção, segue-se a seguinte alteração de constituintes:
Vegetal 50 a 44% de Carbono, 49 a 42% de Oxigênio, 6,2 a 6,0% de Hidrogênio
Turfa 65 a 55% de Carbono, 40 a 32% de Oxigênio, 6,0 a 5,5% de Hidrogênio
Linhito 75 a 65% de Carbono, 25 a 16% de Oxigênio, 5,5 a 5,0% de Hidrogênio
Hulha 92 a 90% de Carbono, 04 a 03% de Oxigênio, 4,0 a 2,0% de Hidrogênio
Neste processo, a densidade aumenta gradativamente:
Turfa - 0,65 a 0,9
Linhito - 1,0 a 1,3
Hulha - 1,2 a 1,5
Antracito - 1,3 a 1,7
O poder calorífico tende a aumentar:
Turfa - 5.700 a 4.000 kcal/kg
Linhito - em torno de 5.700 kcal/kg
Hulha - 9.600 a 5.700 kcal/kg
Antracito - 9.200 a 8.200 kcal/kg
Há uma tendência à perda de poder calorífico do Antracito para a Hulha, em função da depreciação do Oxigênio que, neste ponto, começa a, em vez de aumentar, prejudicar levemente a queima.
Entretanto, o Antracito é reconhecido como uma material de melhor queima no sentido de produzir menos cinzas:
Proporção de cinzas em relação à massa de material queimado:
Turfa – 10 a 9%
Linhito – 20 a 10%
Hulha – 40 a 5%
Antracito – 30 a 3%
Outro ponto são as referências dos antigos vegetais que resultaram no carvão.
São identificáveis os elementos estruturais vegetais na turfa e no linhito, tornam-se difíceis de distinguir na hulha e muito difíceis no antracito.
Um ponto é que até a hulha, estamos no campo das transformações sedimentares.
Já no antracito, já adentramos o campo das transformações metamórficas.
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