sábado, 17 de dezembro de 2011

Personagens - Hermes Augusto Verner Inda


“Hermes Inda - A história de um geocientista visionário”
Texto trazido do Boletim Interno do Serviço Geológico do Brasil – CPRM, ano 2, p.1-2, n.52, 26 de outubro de 2005.
http://www.cprm.gov.br/imprensa/Site/pdf/Internos/boletiminterno53.pdf
O insigne geólogo Hermes Augusto Verner Inda faleceu precocemente no dia 9 de outubro em Porto Alegre, vitimado por uma pneumonia. Deixa na lembrança de todos aqueles que o conheceram a figura humana ímpar, dotada de uma personalidade única, diante da qual ninguém ficava indiferente. Inteligência rara e humor refinado convivendo em perfeita harmonia, embasados em uma vasta cultura, faziam dele uma pessoa cativante.
Foi sua a concepção - inédita então no Brasil e contemporânea com alguns outros poucos serviços geológicos - de utilizar o conhecimento geológico e hidrológico para gerar informações básicas visando subsidiar as políticas públicas de gestão territorial e de meio ambiente.
Mestre não só na arte de conceber novos programas institucionais, bem como de propor o desenvolvimento de novas tecnologias, sabia como ninguém criar as correspondentes marcas e dísticos: Singre, Proteger, Vida, Seus, Siga, SIR, Gate, Cieg, CDI, Geólogo Documentalista, Tecnologia de Soluções e muitas outras.
Filho de uma família humilde, conseguiu chegar à universidade vendendo enciclopédias durante o dia e trabalhando nos Correios no turno da noite. Diplomado em 1966, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, passou a maior parte de sua vida profissional entre a Bahia e o Rio de Janeiro.
De 1966 a 1975, trabalhou na Prospec SA, executando serviços de cartografia geológica e de pesquisa mineral para o DNPM, CPRM, Eletrobrás e Secretaria de Minas e Energia (SME/BA).
De 1976 a 1983, passou a efetuar serviços para a CBPM, SME/BA, Mineropara e DRM-RJ, através de consultoria, participando ainda de diversas instituições técnico-científicas como SBG, Iugs, entre outras. Foi o criador e editor da revista Ciências da Terra, período em que consolidou um dos seus vários pendores, o de editor de publicações geocientíficas. Como tal, foi o responsável por inúmeras publicações de textos e mapas, sendo, também, o criador de várias séries: Geologia e Recursos Minerais do Estado da Bahia - Textos Básicos, Programa de Edições Técnicas do Estado da Bahia, Programa Geocronológico do Estado da Bahia e o Programa Cartografia Geológica do Estado da Bahia, culminando com a criação e coordenação do Grupo de Projetos Especiais da SME/BA (GPE).
Como assessor especial da SME/BA, entre 1983 e 1985, calçou o seu conhecimento com incursões profícuas na área da informática aplicada às geociências, como coordenador da Comissão Organizadora do Simpósio Cogeodata/ Unesco sobre modelagem de depósitos
minerais; representante do Brasil no Simpósio Internacional da ONU sobre Informática Geológica; elaboração do Projeto de Capacitação Técnica para a Área de Inteligência Artificial e de Sistemas Especialistas na área de exploração mineral; elaboração e implantação do Projeto de Capacitação Técnica e Desenvolvimento de Tecnologia de Cartografia Digital e Geoprocessamento aplicados à pesquisa geológica; concepção, criação e implantação do Sistema de Bibliogafia e Documentação em Geologia e Tecnologia Mineral; concepção, criação e implantação do primeiro banco de dados nacional de grande porte de informações geológicas básicas; implantação do serviço de acesso online às bases de dados geológicos internacionais; e concepção, criação e coordenação do Serviço de Informática (Sisme) da SME/BA, além de ser responsável pela elaboração do primeiro Plano
Diretor de Informática da mesma Secretaria. Entre 1985 e 1994, na CPRM, foi diretor da Área de Operações (1985 -1990) e diretor de Geologia e Recursos Hídricos (1990-1994), período em que atingiu o ápice de sua carreira, sendo o responsável por boa parte das propostas inovadoras e de utilização de novas tecnologias. Nesse período, foi o condutor da retomada dos levantamentos geológicos básicos, através do Programa de Levantamentos Geológicos Básicos (PLGB), executado pela CPRM para o DNPM. Foi também responsável
pelo fortalecimento da Biblioteca da CPRM, mediante a concepção e implantação do Serviço de Atendimento aos Usuários (Seus) e da atividade de geólogo documentalista. Foi, ainda, responsável pela implantação e disseminação da microinformática na CPRM, em meados da década de 80, criando os Centros Distribuídos de Informática (CDIs), nas Superintendências Regionais da CPRM.
Em suas várias contribuições para o avanço do Serviço Geológico do Brasil, Hermes Inda propôs a consolidação, modelagem e organização em bases de dados do vasto acervo de dados geológicos existente na CPRM. Vislumbrando a disponibilização futura desse acervo digital, fez a CPRM se tornar uma das primeiras instituições brasileiras a ter implantado e disponibilizado internamente o acesso à Bitnet e à Internet, quando só existiam três ou quatro serviços geológicos, de países desenvolvidos, com essa facilidade instalada.

Na sua proposição de adoção da cartografia digital na CPRM, foi executado um trabalho pioneiro de adoção do conceito de topologia nos serviços prestados para a Secretaria Federal de Recursos Hídricos, de digitalização de drenagens, no âmbito do Programa Nacional de Irrigação (Proni). No final da década de 80, a CPRM foi a instituição precursora na utilização da tecnologia de Sistema de Informações Geográficas (SIG) em várias aplicações, dentre as quais sobressai a geração de mapas digitais de plantas da infra-estrutura urbana, voltada para a sua gestão, através do projeto desenvolvido para a Secretaria de Vias Públicas da Prefei tura de São Paulo – Projeto (Siga/SVP). Foi também o condutor da proposição e desenvolvimento do primeiro SIG no Brasil em ambiente de computador de grande porte. Ademais, foi a segunda instituição brasileira, em 1993, a desenvolver e gerar um CD-ROM – tecnologia incipiente à época - contendo bases de dados geológicos e um aplicativo MicroSiga para o acesso e a pesquisa de dados. A primeira a fazê-lo foi uma instituição privada da área da saúde.
Essas façanhas serviram para consolidar as atividades de geoprocessamento na CPRM e alçar a empresa à vanguarda da tecnologia, fazendo com que a IBM buscasse a sua parceria para efetuar projetos em conjunto. Foi dele então a proposta de implantar um showroom, no final da década de 80, que serviu para a apresentação, a visitantes e parceiros, das últimas novidades de geoprocessamento e informática desenvolvidas pela CPRM.
Transcendendo os limites da geologia clássica, foi o grande idealizador, entusiasta e precursor das atividades que hoje são utilizadas para subsidiar o ordenamento do território, mediante a concepção e implantação do Programa Gate, voltado para o levantamento de informações geológicas e hidrológicas básicas, e sua integração com outros temas, para apoio à decisão na gestão territorial e do meio ambiente.
Foi ainda o responsável pela transformação das atividades de editoração de relatórios e mapas da CPRM, mediante a sua racionalização e modernização, padronizando os procedimentos e conferindo-lhes um cunho altamente profissional.
De volta à sua terra adotiva – Bahia – utilizou a sua longa experiência para prestar diversos serviços à Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) e à SME/BA, visando a organização e disponibilização das informações geradas pelas diversas atividades da empresa, bem como o suporte à concepção e manutenção do Sistema de Informações sobre os Municípios da Bahia (Simba) em apoio às atividades da Assessoria da Secretaria Particular do governador da Bahia.

Todo esse rico legado de inovações e de realizações se deve ao fato de ele ter sido uma dessas raras pessoas que têm o olhar fixado no horizonte, tentando enxergar hoje o mundo de amanhã, buscando olhar além dos limites da geologia. Era um autêntico geocientista e um Visionário.
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O geólogo Hermes Inda foi responsável por inúmeras realizações na CPRM
O texto aqui publicado foi produzido por diversos amigos e colegas do geólogo Hermes Inda, que tiveram o privilégio de conviver com ele.
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SEGUNDO TEXTO:
De: Carlos Oití Berbert
Nota de Falecimento
Em: http://vsites.unb.br/ig/informes_antigos.htm#Falecimento_INDA
Enviada em: segunda-feira, 10 de outubro de 2005 11:45

Caros colegas e amigos,
Lamento informar que o Brasil perdeu ontem, em Porto Alegre, motivado por infecção hospitalar, um dos grandes geólogos brasileiros e uma das mentes mais brilhantes que conheci em minha vida, com quem tive o privilégio de compartilhar, por cerca de cinco anos, a direção da CPRM na década de 90: HERMES AUGUSTO VERNER INDA. Graças à sua visão de futuro, numa época bastante difícil, e com os demais Diretores, pudemos introduzir várias inovações que contribuíram para a transfomração da empresa no Serviço Geológico do Brasil, em dezembro de 1994, entre elas a então denominada Geologia Social, o Gestão e Administração Territorial - GATE e os programas avançados (para a época) de computação geocientífica. Em função de seu empenho particular, houve, ainda, um esforço bastante grande de formação e especialização de pessoal, particularmente em cursos de mestrado e doutorado.
A pedido de seu filho Pedro (51 - 3226 5562. 9115 1058 ) informo que o corpo de Hermes será cremado hoje, às 17:00 h na Capela Ecumênica Metropolitana de Porto Alegre e a cerimônia poderá ser acompanhada no endereço www.crematoriometropolitano.com.br
Carlos Oití Berbert
MCT/SCUP/CGUP
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Luis Alfredo Moutinho Costa, em 10 de março de 2012:
"9 de Outubro de 2005… o telefone toca… e toca… toca… Eu sabia que era Pedro avisando do falecimento de seu pai, Havia falado um dia antes com ele. quando soube que o Hermes havia sido re-internado em uma hospital de Porto Alegre, em uma recaida logo após ter tido alta de uma pneumonia grave. Sua mãe, Dona Yolanda, falecera na antevéspera e no mesmo hospital. Antecipando um evento probabilísticamente quase impossível, mãe filho combinaram: Disseram: – Eu e voê vamos morrer sem que um saiba da morte do outro. E foi assim que eu também morri um pouco naquele dia.
Temos muitas histórias juntos, no campo com Otávio Barbosa, Juracy Mascarenhas, Johildo Barbosa, Augusto Pedreira, Moacyr Marinho, Calos Oíti Berbert e muitos outros. Estou contando essas histórias em um blog autobiogáfico, que breve estará "no ar".
PARABÉNS pela homenagem ao nosso Hermes Trimegisto que se transpôs da mitologia grega para a brasileira. Hermes Três Vezes Grande."
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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Geologia da Bahia, por Gélbio M.F.Rocha

* Gélbio M.F.Rocha - Mestre em Geologia-UFBA (1998)

Gélbio Melo Fagundes Rocha nasceu em Vitória da Conquista, na Bahia, em 7 de julho de 1952. faleceu em Salvador, em 2 de novembro de 2006.
Pioneiro na divulgação do Conhecimento geocientífico baiano de forma popularizada na internet, Gélbio Rocha deixou um texto-resumo sobre a Geologia da Bahia, publicado na internet no ano 2000, no site "geocities", em:
http://www.oocities.org/teomag/teogeo/bahiamapa/geolbatxt.htm
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O texto:
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O Estado da Bahia tem uma área de cerca de 567 mil km2, da qual, 80% é compreendida por terrenos geológicos que representam 70% da área do Craton do São Francisco-CSF (Almeida 1977).

O Craton do São Francisco-CSF possui uma notável diversidade de ambientes geológicos com um histórico evolutivo desde o Arqueano até o Recente. Nos vários compartimentos geotectônicos do CSF, no Estado da Bahia (Figura 1), estão distribuídas diversas seqüências vulcanossedimentares a dominantemente sedimentares de baixo grau de metamorfismo reconhecidas, desde o clássico trabalho de Mascarenhas (1973), como terrenos do tipo ou similares a greenstone belts.

As características dos principais greenstone belts e seqüências vulcanossedimentares a sedimentares distribuídos pelos vários compartimentos geotectônicos do CSF, conforme divisão proposta por Barbosa (1996). , com destaque para os blocos

Serrinha Mairí Gavião
Guanambi-Correntina Paramirim Domínio Sobradinho
Lineamento Contendas-Jacobina
Bloco de Serrinha

O bloco de Serrinha faz parte do compartimento geotectônico leste do CSF no Estado da Bahia em cujo embasamento gnáissico-migmatítico estão inseridas registros de seqüências vulcanossedimentares, dos quais os mais destacados são o greenstone belt do Rio Itapicuru (GBRI) e o Grupo Capim (Figura 1).

O Greenstone belt do Rio Itapicuru (GBRI) (GBRI) (Kishida 1979; Silva 1987), situa-se na porção NE do Bloco Serrinha. Sua estratigrafia compreende: (i) uma unidade vulcânica máfica basal, de natureza toleítica de fundo oceânico; (ii) uma unidade vulcânica félsica a intermediária, de quimismo calcialcalino com características similares às de vulcanitos de arcos continentais; e (iii) uma unidade sedimentar constituída de turbiditos vulcano-derivados e sedimentos vulcanoquímicos do tipo chert e BIF. Esse conjunto de supracrustais encontra-se metamorfisado nas fácies xisto verde e anfibolito e intrudido por granitóides do tipo I, sin a tardi-tectônicos, sills gabróicos e corpos lamprofíricos pós-tectônicos (Silva 1987).
Silva (1987 e 1992), embasada em dados de estudos litogeoquímicos e isotópicos propôs um modelo de evolução do GBRI em um ambiente geotectônico do tipo back arc.
Dados geocronológicos Sm-Nd, Pb-Pb, U-Pb em zircões e Rb-SR, obtidos por Silva (1992), Gaal et al. (1987) e Brito Neves et al. (1980), revelaram idades paleoproterozóicas para as rochas supracrustais e intrusivas do GBRI, variando entre 2.2 Ga (basaltos) e 2.0 Ga (granitoides sintectônicos).
Os trabalhos de pesquisa e exploração mineral desenvolvidos no GBRI, além de mineralizações de ouro, tem também evidenciado alvos potencialmente favoráveis à presença de mineralizações de sulfetos de metais-base: o alvo A1 e o alvo Cubango. Em ambos predominam metassedimentos pelíticos associados a metassedimentos químico-exalatívos (cherts albíticos, formações ferríferas e manganesíferas bandadas). Levantamentos geofísicos revelaram a existência de anomalias IP/R e EM, enquanto a geoquímica de rocha e de sedimentos de corrente revelaram valores anômalos para Cu. Furos de sondagem realizados nesses alvos confirmaram a presença de horizontes mineralizados a sulfetos maciços, com predominância de pirita e traços de esfalerita e calcopirita.
Do ponto de vista metalogenético, o GBRI se destaca pela presença de importantes mineralizações auríferas, relacionadas com intensa atividade hidrotermal, corpos sub-vulcânicos e intrusivos, em alguns aspectos similares ao tipo pórfiro, zonas de cisalhamento, e veios de quartzo, quartzo-carbonato e quartzo-sericita, às vezes sulfetados, de estilos stock-work e/ou shear vein.
Outros prospectos de ouro e de metais-base tem sido encontrados no GBRI. O mais notável é a Faixa Deixai, na sua parte norte, que apresenta evidente potencial para mineralizações de Au – Cu, associadas com intrusivas gabróicas, vulcânicas máficas e félsicas e extensiva zona de cisalhamento e de alteração hidrotermal sílico-potassico-carbonática.
O Grupo Rio Capim (RC) situada a leste da cidade de Uauá, de acordo com Winge & Danni (1980), eqüivale a uma seqüência vulcanossedimentar tipo bacia de back arc ensiálica, compartimentada em um andar inferior predominantemente basáltico de natureza toleítica e um andar superior com vulcânicas félsicas. Predominam na seqüência, paragêneses metamórficas da fácies anfibolito, com reequilíbrio retrógrado, localizado, para a fácies xisto verde (Winge 1984). Considerando o posicionamento geográfico, ao norte do GBRI, e as características liotoestratigráficas e litogeoquímicas, é possível comparar o RC com seqüências do tipo greenstone belt, notadamente com o GBRI.
Trabalhos de exploração mineral desenvolvidos no RC pela CBPM, revelaram áreas-alvo com potencialidades para sulfetos de metais – base e ouro. Alguns destes alvos localizados no domínio vulcânico félsico, revelaram intervalos com disseminações de sulfetos, essencialmente piritosos, que investigados com sondagem rotativa não retornaram resultados que indicassem possibilidades de mineralizações econômicas de metais – base (Cu-Zn) e Au.
O ambiente da seqüência reúne características para hospedar mineralizações de metais – base do tipo VMS.

Bloco do Gavião

O bloco do Gavião situado na região de Brumado no centro-sul do Estado da Bahia, representa uma vasta área de exposição do embasamento arqueano do CSF, constituída dominantemente por terrenos graníticos, gnáissicos e migmatíticos e por sequências vulcanossedimentares e dominantemente sedimentares de idades arqueana e paleoproterozóica.
As sequências vulcanossedimentares representam testemunhos de greenstones belts arqueanos, com características litológicas e estratigráficas distintas daquelas das seqüências do bloco Serrinha. Nestas sequências foram identificados os primeiros e mais espetaculares registros no território baiano, de derrames komatiiticos com texturas spinifex bem preservadas. As faixas mais expressivas foram caracterizadas individualmente com as denominações de greenstone belts Umburanas (GBU) (Cunha e Fróes, 1994), Ibitira-Ubiraçaba, Brumado e Guajeru (Cunha et al., 1996) (Figura 1).
O Greenstone Belt de Umburanas (GBU), é o exemplo melhor estudado dentre os greenstones belts do bloco do Gavião. De acordo com Cunha & Fróes (1994), é formado por três unidades litoestratigráficas principais que encerram três ciclos vulcânicos: (i) Unidade Inferior, contendo, na base, rochas vulcânicas meta-ultramáficas komatiiticas com textura spinifex, acompanhadas de metabasaltos e metadacitos toleiíticos compondo o primeiro cíclo vulcânico, seguidas por quartzitos com leitos conglomeráticos, metassedimentos químico-pelíticos (BIF’s, cherts, metacarbonatos, rochas calcissilicáticas) e pulsos discretos de metavulcânicas félsicas, atribuídas ao segundo ciclo vulcânico; (ii) Unidade Média, dominada por rochas metavulcânicas félsicas do terceiro ciclo vulcânico, com intercalações subordinadas de seus equivalentes piroclásticos, epiclásticos e de derrames máficos; e (iii) Unidade Superior, constituída essencialmente de metacarbonatos. Todo o conjunto, segundo os referidos autores, foi intrudido por granitóides, submetidos a pelo menos duas fases de dobramentos e a metamorfismo predominantemente da fácies xisto-verde. Dados geocronológicos Sm-Nd, Pb-Pb (mono zircão) e U-Pb (shrimp) apontam idades em torno de 2.7 Ga para as vulcânicas félsicas da Unidade Média e em torno de 3.0 Ga para as vulcânicas máficas e quartzitos da Unidade Inferior do GBU (Cunha et al., 1996 b).
Do ponto de vista metalogenético o GBU e os demais greenstone belts da região de Brumado, pelos seus atributos litológicos e estruturais, muito semelhantes àqueles dos greenstones do Canadá e da Austrália e pelo seu histórico de descoberta e exploração mineral, são altamente favoráveis para diversos tipos de depósitos minerais, incluindo ouro em zonas de cisalhamento; sulfetos maciços de metais – base em vulcânicas máficas a félsicas; NI-Cu-PGE-Cr em vulcânicas komatiíticas e sills associados; ferro e manganês em formações ferríferas; além de depósitos de minerais industriais (magnesita, talco, vermiculita, calcários e dolomitos para insumos agrícolas, etc.) e de pedras preciosas e ornamentais.
Trabalhos de pesquisa e exploração mineral desenvolvidos nestes greenstone belts, principalmente pela CBPM, tem logrado definir vários alvos, que estão sendo verificados, com potencial para mineralizações de Au, Ni-Cu (PGE), Cr e Cu-Zn. Os alvos mais avançados estão localizados no GBU, e em alguns deles já foram identificadas importantes ocorrências de mineralizações de cobre em ultramáficas e calcissilicáticas (0,4 a 2,1% Cu) e de ouro em xistos e vulcânicas félsicas cisalhadas (0,1 a 7,45 g/t Au).
Um exemplo de seqüência dominantemente sedimentar no bloco Gavião, é o Complexo Licínio de Almeida (CLA), situado na margem leste da Cordilheira do Espinhaço. Souza et al. (1990) define o CLA como um conjunto de litologias de baixo grau de metamorfismo, no qual foram reconhecidos xistos aluminosos, paraderivados, e metassedimentos pelíticos e químicos. A inexistência de litotipos de natureza comprovademente vulcânicos no âmbito do Complexo Licínio de Almeida, constitui uma das dificuldades de compará-lo a seqüências do tipo greeenstone belt. De acordo com Rocha (1990) o CLA resultou de uma sedimentação psamítico-pelítico-química, em uma bacia epicontinental arqueana/proterozóica, sem vulcanismo proximal. O CLA repousa discordantemente sobre o embasamento gnáissico-migmatítico arqueano do CSF e está sotoposto, em discordância erosional, ao Supergrupo Espinhaço do Proterozóico Médio (Rocha op. cit.).
O CLA hospeda importantes depósitos de manganês relacionados com formações ferríferas e exibe interessantes ocorrências de ouro ao longo de zonas de cisalhamento, interceptando os seus sedimentos químicos. Estes registros e o ambiente geológico do CLA, atribuem-lhe favorabilidade, não só para hospedar depósitos de manganês e ouro, mas também depositos de metais – base sedimentar-exalativos (SEDEX).

Bloco de Guanambí-Correntina

No bloco de Guanambí-Correntina, no oeste da Bahia, são encontrados alguns registros remanescentes de seqüências vulcanossedimentares do tipo greenstone belt, sendo o greenstone belt de Riacho de Santana (GBRS) o exemplo mais expressivo (Silveira et al., 1996 e Silveira & Cunha 1997).
O GBRS conforme Silveira et al. (1996) e Silveira & Cunha (1997) comporta três unidades litoestratigráficas: (i) Unidade Inferior composta de rochas vulcânicas ultramáficas komatiíticas, associadas a sedimentos químicos e detríticos; (ii) Unidade Intermediária constituída por metavulcânicas máficas e félsicas e metassedimentos químicos e pelíticos; e (iii) Unidade Superior constituída essencialmente por sedimentos sílico-carbonáticos, tipicamente de ambiente plataformal, com intercalações de metabasaltos.
Os conjuntos litológicos do GBRS exibem metamorfismo predominantemente da fácies xisto verde, com variações laterais para a fácies anfibolito. Foram intrudidos por maciços plutônicos e por diques e sills sub-vulcânicos, geralmente porfiríticos, de afiliação alcalina. O mais expressivo é o maciço Cara Suja, constituido por sienitos e alcai-granitos (Silveira & Cunha op. cit.).
Datações radiométricas, pelo método Sm-Nd e Pb-Pb, realizadas em rochas do GBRS, revelaram idade modelo TDM de 2.33 Ga e de 2.7 Ga para os metabasaltos e intrusivas alcalinas , respectivamente e idade Pb-Pb de 2.0 Ga para a cristalização do maciço Cara Suja (Leal, L.R.B. apud Silveira & Cunha op. cit.).
Em relação ao potencial metalogenético do GBRS, muitos dados estão disponíveis, resultantes de uma variedade de trabalhos de pesquisa e exploração mineral realizados nos seus domínios pela CBPM. Segundo relato de Silveira & Cunha (op. cit.) esses trabalhos definiram vários alvos favoráveis à presença de sulfetos de metais-base e ouro, em geral associados a um contexto com evidências de intensa atividade hidrotermal, com a presença de sedimentos químicos e químico-exalativos, vulcânicas ultramáficas, máficas e félsicas e intrusivas porfiríticas de natureza alcalina (Silveira & Cunha op. cit.). O alvo mais importante definido no GBRS é um expressivo corpo de gossan, com mais de 100 metros ao longo do strike, associado com um pacote de metatufito-chert e carbonatos e uma anomalia de IP/R com cerca de 800 metros de extensão, no qual foram obtidos valores de até 1,3% de Cu e vários valores de ouro variando entre 2 e 5 g/t Au.

Bloco do Paramirim
O bloco do Paramirim faz parte do compartimento geotectônico oeste do Estado da Bahia. Nos seus domínios além do predomínio das rochas graníticas, gnáissicas e migmatíticas da infrestrutura do CSF, ocorrem também associações de seqüências vulcanossedimentares a dominantemente sedimentares, constituindo faixas isoladas geralmente estreitas e alongadas, com orientação geral norte-sul e dispostas em meio aos granitos, gnaisses e migmatitos da infraestrutura do CSF (Figura 1). A compreensão de que estas associações possam representar partes de seqüências sedimentares e vulcanossedimentares independentes, ou se são frações de uma mesma seqüência greenstone belt, posteriormente desagregada, ainda é tema de controvérsia.
As faixas dominantemente sedimentares localizam-se essencialmente, ao longo da margem oriental da cordilheira do Espinhaço. A faixa de maior expressão e mais conhecida, com de 64 km de comprimento e largura de 3 km, atravessando as cidades de Macaúbas e Boquira, hospeda as mineralizações stratabound e/ou estratiformes de Pb-Zn (Cd-Ag) da exaurida Mina de Chumbo da Boquira. Foi originalmente denominada de Unidade Boquira por Diniz Gonçalves (apud Cunha et al., 1993) e em seguida renomeada para Formação Boquira por Nagell (1970). Esta denominação continua sendo utilizada, na atualidade, pela maioria dos pesquisadores para a designação exclusiva dessa faixa.
Os principais componentes litológicos da Formação Boquira foram caracterizados por Rocha (1985) e Carvalho (1982), como verdadeiras formações ferríferas bandadas das fácies óxido, silicato e carbonato, com quatro subfácies principais: quartzo-magnetita, quartzo hematita, silicato-magnetita e carbonato-magnetita (Rocha, op cit.).
A Formação Boquira não possui registros comprovados de rochas vulcânicas. Foi interpretada como uma seqüência químico-sedimentar isolada, sem características de greenstone belt (Soares et al., 1990, não publicado), formada em uma bacia epicontinental de águas rasas, de circulação semi-restrita e com presença de organismos anaeróbicos (Rocha, 1985). Quanto à idade, Rocha (1990) discute a possibilidade da seqüência litológica da Formação Boquira ter sido formada no final do Arqueano ou no Proterozóico Inferior, considerando as datações do embasamento (com idades em torno de 2.6 Ga) e de granitóides intrusivos (com idades transamazônicas de 2.0 Ga.).
A mineralização de Pb-Zn (Cd-Ag) da Formação Boquira, representada fundamentalmente, pela já exaurida Mina de Chumbo da Boquira, está intimamente associada à subfácies BIF, silicato-magnetita. A mina de Boquira foi entre 1959 e 1985 a maior mina de Pb e Zn do Brasil, com um conteúdo metálico (produção + reservas) da ordem de 650 mil toneladas de Pb + Zn. O minério é concordante com o bandamento da rocha encaixante e ocorre também remobilizado, ao longo de zonas de falhas e de cisalhamento, associado a quartzo leitoso, calcita, clorita, biotita e às vezes granada (Rocha 1990). Várias hipóteses têm sido levantadas em relação à gênese do minério. Recentemente, Carvalho et al (1997), realizaram estudos isotópicos na mineralização, tendo os resultados apontado claramente para uma fonte crustal para o Pb (embasamento). Os autores propõem que um modelo SEDEX, no qual o minério teria sido transportado para o ambiente marinho através de soluções hidrotermais e se depositado juntamente com os sedimentos (sediment-hosted massive sulfide deposit).
As faixas vulcanossedimentares estão distribuídas na planície do bloco de Paramirim e na margem ocidental da Chapada Diamantina, havendo em algumas delas registros de mineralizações de ouro com cobre associado, como o pequeno depósito de Au (Cu) da Baixa Funda em Ibiajara. A mais expressiva destas faixas, situa-se na porção central do Vale do Paramirim, entre o povoado Cristais, sul de Ibipitanga, e a cidade de Caturama, com o comprimento de 45 km e largura entre 1 e 4 km. Soares et al. (1990) atribuíram a esta faixa a denominação de Faixa Paramirim e a consideram como uma associação vulcanossedimentar do tipo greenstone belt, distinta da Formação Boquira e com potencialidade para mineralizações de metais-base e ouro.

Domínio de Sobradinho

O Domínio de Sobradinho (Figura 1), na região do médio rio São Francisco, parece ser de acordo com Barbosa (1996) um prolongamento para norte dos blocos Gavião e Paramirim. Nesse domínio encontram-se várias seqüências vulcanossedimentares definidas como Complexos Barreiro e Salitre (Dalton de Souza et al. 1979) e as seqüências metassedimentares, com metavulcânicas subordinadas, referentes aos complexos Colomí e Casa Nova e Casa Nova (situado no contexto do sistema de dobramentos Riacho do Pontal), ambos definidos por Dalton de Souza et al. (op. cit.). Destaca-se nesse Domínio de Sobradinho o Complexo Salitre, descrito por Dalton de Souza & Teixeira (1981) como uma seqüência vulcanossedimentar de baixo grau metamórfico, comparável a um greenstone belt, constituída por metavulcanitos ultramáficos, máficos e félsicos e metassedimentos psamíticos, pelíticos e químico-exalativos associados. Estas características do Complexo Salitre, descritas por Dalton de Souza & Teixeira (op cit.), tem sido confirmadas e aprimoradas pelos trabalhos de pesquisa e exploração mineral realizados pela CBPM na região. Ribeiro & Silva (no prelo) definem a seqüência vulcanossedimentar do Rio Salitre, e intrusivas associadas, como um conjunto granito-greenstone (GBS), com a presença de basaltos toleiíticos de komatiíticos de fundo oceânico, associados a vulcanitos félsicos de ambiente de arco vulcânico e a sedimentos químico-pelíticos, em sua maior parte vulcanoderivados.
Os trabalhos de pesquisa e exploração mineral realizados pela CBPM na área do complexo Salitre tem resultado na delimitação de vários alvos favoráveis para mineralizações de metais – base e ouro e na descoberta da faixa com concentrações de sulfetos maciços e disseminados no alvo Sabiá, com uma extensão de 1.600m e largura de 20m ao longo do strike. Trata-se de um nível de sulfetos maciços com pirita e pirrotita e traços de calcopirita e esfalerita, encaixado em rochas calcissilicáticas tremolitizadas, no topo estratigráfico do pacote vulcanogênico inferior do greenstone belt Rio Salitre (GBS). Pesquisas exploratórias estimaram uma reserva de 9,5 milhões de toneladas de sulfeto de ferro nesta faixa mineralizada. Nas zonas adjacentes aos níveis mineralizados em sulfeto maciço, foram observadas feições de alteração hidrotermal (silicificação, cloritização, carbonatação, feldspatização, biotitização e turmalinização). Ribeiro & Silva (no prelo), com base em dados de análises isotópicas de S, realizadas pelo Dr. Sundaram Iyer, na Universidade de Calgary, Canadá, propuseram o modelo volcanic- exhalative massive sulfide – VMS para a origem das mineralizações sulfetadas do alvo Sabiá no GBS.
As datações radiométricas, disponíveis na literatura geológica, apontam idades proterozóicas, da ordem de 2.0 Ga ( Rb-Sr rocha total, Ri = 0.706) para as supracrustais do Domínio Sobradinho (Dalton de Souza et al. 1979; Brito Neves et al. 1980).

Lineamento Contendas-Jacobina
O lineamento Contendas-Jacobina com o trend geral N-NE e mais de 500 km de extensão, eqüivale à sutura de uma colisão continente-continente, acontecida no Paleoproterozóico, que na atualidade marca os limites entre os blocos crustais oriental e central do Craton do São Francisco - Bloco Jequié e Bloco Gavião (Sabaté et al. 1990). No contexto deste lineamento localizam-se as estruturas da Cinturão Vulcanossedimentar Contendas-Mirante, do greenstone belt Mundo Novo e do Grupo Jacobina (Figura 1).

O Cinturão Vulcanossedimentar Contendas-Mirante (CVCM)-(Figura 1), é constituído de formações supracrustais predominantemente metamorfisadas na fácies xisto verde com um aumento progressivo para a fácies anfibolito em direção aos seus bordos (Marinho, 1991). Conforme Marinho (op cit.) é constituído por três unidades litoestratigráficas: (i) a Unidade Inferior essencialmente constituída de metavulcânicas máficas a félsicas (derrames e predominantemente piroclásticas) com intercalações de metassedimentos químicos (mármores, metacherts e formações ferríferas bandadas) e de metassedimentos detríticos imaturos. A assinatura geoquímica das metavulcânicas é dominantemente toleiítica, sendo o caráter cálcialcalino assinalado nos termos piroclásticos félsicos. Recentemente Cunha (1996) identificou também a ocorrência de metabasalto komatiitico nessa unidade. Marinho (1991) utilizando os métodos Sm/Nd, Pb/Pb e U/Pb determinou idades de 3.0 Ga a 3.3 Ga para as metavulcânicas desta unidade; (ii) a Unidade Média composta por sedimentos epiclásticos, pelito-psamíticos com contribuição subordinada de termos vulcânicos predominantemente máficos e cálcioalcalinos. Marinho (1991) determinou idade Pb/Pb de 2.5 Ga para as metavulcânicas máficas e idade Rb/Sr de 2.0 Ga para o metamorfismo desta unidade; e (iii) a Unidade Superior, composta essencialmente por sedimentos epiclásticos areníticos e conglomeráticos. Datações realizadas por Nutman, Cordani e Sabaté (apud Marinho et al. 1992) em zircões detríticos de um leito conglomerático desta unidade apontaram a idade de deposição deste conglomerado entre 2.15 e 1.9 Ga, respectivamente as idades dos zircões detríticos mais jovens e das intrusões graníticas Transamazônicas que cortam a seqüência.
O CVCM é intrudido por vários plutons granitóides, arqueanos e proterozóicos, e por alguns corpos máficos a ultramáficos. Dentre os corpos máficos a ultramáficos, destaca-se como o maior e mais importante, o Sill Estratificado do Rio Jacaré, representado por um pacote de rochas máficas a ultramáficas, predominantemente gabróicas com idade de 2.474 Ma (Marinho, 1991).
Nas litologias do CVCM estão destacadamente impressos os efeitos de duas fases de dobramentos aproximadamente coaxiais e de orientação norte-sul.
No âmbito do CVCM, mais acentuadamente, em estreita relação com os litotipos de sua unidade inferior, foram assinalados inúmeras anomalias geoquímicas de Pb, Zn, Cu, As, Ag e Au (as predominantes), em sedimentos de corrente, solo e rochas; várias anomalias aerogeofísicas eletromagnéticas, definindo expressivos condutores de bedrock, além de valores elevados e persistentes de zinco metálico e cobre nativo nos terraços dos rios de Contas e Sincorá. Foram também descobertas inúmeras mineralizações filonianas de barita às vezes com sulfetos de Cu, Pb e Zn disseminados; algumas mineralizações auríferas; corpos de sulfeto maciços a pirita-pirrotita; além de quatro depósitos titano-magnetitíferos maciços, ricos em vanádio, anômalos em PGE e hospedados no sill estratificado gabróico do rio Jacaré.
Marinho (op. cit.) propõe que o CVCM tenha sido gerado num ambiente do tipo rift continental com posterior evolução para um contexto oceânico.
O greenstone belt de Mundo Novo (GBMN) (Figura 1), foi definido por Mascarenhas & Silva (1994) como o conjunto metamórfico de baixo grau, compreendendo rochas basálticas, lavas e piroclásticas andesíticas e dacíticas, grauvacas, sedimentos químico-exalativos (cherts, BIF), que ocorre na região entre Piritiba e Mundo Novo. Pertencem a esse conjunto, de acordo com os autores supracitados, fatias tectônicas de rochas ultramáficas embutidas nos metassedimentos do Grupo Jacobina. Esses autores propõem ainda que, em decorrência de um arqueamento positivo do embasamento, seguido de erosão e distensão crustal, tenha se instalado, sobre o GBMN, o rift, cujos elementos representativos constituem o chamado Grupo Jacobina.
Dados geocronológicos disponíveis indicam que a idade do GBMN esteja situada entre o arqueano superior e o início do proterozóico inferior, algo em torno de 2.7 - 2.5 Ga. Recentemente, Silva (1998, no prelo) obteve uma idade modelo Sm-Nd (TDM 2.6 Ga), em dacitos da região de Mundo Novo, corroborando o pressuposto incial de que o GBMN seja do final do Arqueano.
Do ponto de vista metalogenético existem vários registros de garimpos de ouro associados às litologias do GBMN, notadamente nas rochas ultramáficas (Silveira & Conceição Filho 1991). No que diz respeito à presença de sulfetos de metais-base, os trabalhos desenvolvidos pela Unigeo Geologia e Mineração S. A. na região da Faz. Coqueiro (estrada Mundo Novo– Morro do Chapéu) detectaram a existência de anomalias geofísicas, por métodos magnéticos (HLEM, Max Min e IP), e anomalias geoquímicas de solo e de sedimentos de corrente (Mascarenhas & Silva 1994). Os autores supracitados reportam ainda que a área em questão foi sondada, tendo sido encontradas disseminações e níveis maciços de sulfetos (pirita, pirrotita, calcopirita, esfalerita e galena, com ouro associado) em rochas metavulcânicas máficas e félsicas associadas a metassedimentos químico-pelíticos.

Conclusões
Os dados compilados sobre as diferentes sequências vulcano-sedimentares do CSF, no Estado da Bahia, confirmam, na maioria delas, a presença de metabasaltos e sedimentos, ambos de fundo oceânico, associação reconhecida como um dos principais indicadores da potencialidade de um ambiente para presença de sulfetos maciços vulcano-exalativos (VMS). Dentre essas detacam-se as sequências do GBRI, GBU, GBMN, GBRS, e GBS. Nas demais sequências, caracterizadas como bacias intracratônicas (Boquira, Licinio de Almeida/Urandi) e do tipo rift (Contendas-Mirante), nas quais não foi detectada a existência de um substrato vulcânico oceânico, a presença de cherts, sedimentos manganesíferos, sedimentos carbonáticos, formações ferríferas, etc.. evidencia a ocorrência de processos de precipitação química hidrotermal. Tais processos podem ter propiciado a formação de depósitos de sulfetos de natureza sedimentar-exalativa (SEDEX).

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A Bahia possui a geologia mais diversificada e uma das mais bem estudadas do país. Em seu território afloram rochas formadas ao longo de quase toda a escala do Tempo Geológico, desde o Arqueano ao Quaternário. Como veremos mais adiante, muita dessas rochas são portadoras de mineralizações economicamente importantes, as quais colocam a Bahia como o quarto maior produtor mineral e o faz detentor de uma das maiores reservas de ouro conhecidas do Brasil.

Arqueano

As rochas arqueanas formam o embasamento e se distribuem em várias regiões da Bahia, principalmente no sudoeste, em Jequié, vale do Paramirim, Cinturão de Itabuna, etc. Como são rochas muito antigas, foram submetidas a uma evolução tectono-metamórfica (deformação em condições de alta pressão e temperatura) bastante complexa que apagou muito das informações originais. De um modo geral, as rochas arqueanas são constituídas por rochas gnáissicas ou graníticas contendo restos intercalados de rochas sedimentares e vulcânicas formadas nos primórdios da evolução da Terra.
No sudoeste da Bahia, na região situada entre as cidades de Vit. da Conquista e Brumado, foram encontradas as rochas mais antigas da América do Sul e uma das mais antigas do mundo. Esta região está bem estudada graças ao trabalho, principalmente, do geólogo baiano Moacir Moura Marinho feitos na década de 70 e 80. As medições geocronológicas realizadas nestas rochas por este autor (denominadas de Maciços Sete Voltas, Boa Vista, Aracatu, Umburanas, etc.) pelos métodos Rb/Sr, Pb/Pb, U/Pb e Sm/Nd, indicaram idades variando em torno de 3,4 bilhões de anos. Além das idades, as rochas do sudoeste da Bahia, mais precisamente na região de Contendas-Mirante, apresentam características químicas e texturais indicativas da existência, na época de sua formação, de pequenas bacias oceânicas, circundadas por pequenos continentes. Nesta época, a vida se resumia a alguns tipos de bacterias e compostos orgânicos e, na atmosfera, não havia oxigênio livre.
Os processos dinâmicos do planeta, atuantes desde o arqueano, provocaram o choque entre as pequenas placas, causando o desaparecimento dos oceanos, formação de vulcões, intrusão de granitos, soerguimentos das rochas em forma de cadeias de montanhas e desnudação (formação de planícies), através da erosão ao longo do tempo.
No tempo Arqueano formaram-se os depósitos minerais mais antigos da Bahia: ferro-titânio-vanádio de Maracás, manganês do Cinturão de Itabuna e ocorrências promissoras de ouro (chumbo, cobre e zinco) em Contendas-Mirante.

Proterozóico Inferior
A Era do Paleoproterozóico ou do Proterozóico Inferior, compreendida entre 2,5 Ga. e 1,6 Ga., foi a mais rica em todo o tempo geológico da Bahia para a concentração de bens minerais. Foi neste tempo que se originaram as grandes concentrações de ouro de Jacobina e Serrinha, o chumbo e zinco de Boquira, cromita de Senhor do Bonfim e Campo Formoso, cobre do vale do Curaçá, talco e magnesita de Brumado, ferro-titânio-vanádio de Campo Alegre de Lurdes, fosfato de Angico dos Dias e de Ipirá, esmeralda de Campo Formoso e Anagé
As rochas do Paleoproterozóico ocorrem em amplas áreas do Bahia em íntima relação com as rochas arqueanas, sendo, às vezes, quase impossível separar um domíno do outro. Identifica-se rochas geradas nesta Era, principalmente no embasamento do norte e nordeste (Juazeiro, Campo Alegre de Lurdes, Jacobina, Campo Formoso, Itiúba, Serrinha, Curacá, etc) e do sudoeste (Contendas-Mirante, Brumado, Paramirim, Guananbi, etc.). Dentre estas áreas, destaca-se a faixa Mirante-Jacobina que se extende desde às proximidades de Vitória da Conquista, a sul, até Jaguararipe, a norte. Esta faixa é testemunha de uma intensa fase tectônica de colisão entre diferentes partes da crosta oceânica e continental ocorrida há, aproximadamente, 2,0 Ga, denominada pelos geólogos brasileiros de Ciclo Transamazônico. O Ciclo Transamazônico foi responsável pela elevação de grandes cadeias de montanha e pela concentração de diversos metais no passado geológico da Bahia.

Proterozóico Médio
Ao mesmo tempo que o ciclo do Paleoproterozóico se fechava, provocando esforços compressionais geradores de cadeias de montanhas, como no exemplo da Faixa Mirante-Jacobina, em outras regiões, esta forças eram compensadas por forças estensionais abridoras de bacias sedimentares. Não fugindo a esta dinâmica, o início do Proterozoico Médio na Bahia marcou o tempo de abertura da grande bacia sedimentar do Espinhaço-Chapada Diamantina (situada na região central), a qual abrange cerca de 25 % do território baiano. Esta bacia inicia-se em função do rachamento da crosta e derrame de um grande volume de rochas vulcãnica félsicas (Rio dos Remédios, Rio de Contas, Paramirim, Ibitiara, Macaúbas, Caetite, etc). Após a este vulcanismo, chamado pelos geólogos de Rio dos Remédios, seguiu-se uma sedimentação em dois ciclos cada um deles variando de sedimentação flúvio-eólica, deltaica, a marinha rasa e profunda.
As mineralizações associadas ao Proterozóico Médio são representadas pelas concentrações de urânio de Caetité, ouro e diamante (explorados na Chapada Diamantina desde a época colonial), quartzito Azul Macaúbas (rocha ornamental), barita (Ibitiara) e ametista (Brejinho das Ametistas).

Proterozóico Superior
Na Era anterior não houve compressão tectônica expressiva que possibilitasse a inversão da bacia Espinhaço-Chapada Diamantina. Assim, esta bacia continuou a receber sedimentos, sem sofrer grandes interrupções, durante o Proterozoico Superior. Esta Era inicia-se com uma glaciação de caráter global, na qual as geleiras cobriram grande parte do território da Bahia, contribuindo para a sedimentação, iniciada no Proterozóico Médio, e marcando o início de uma grande plataforma carbonática depositada em um ambiente de mar raso e calmo. Ao final, repete-se o ciclo verificado no fim do Paleoproterozóico, quando as forças compressionais oriundas no interior da Terra provocam o choque de blocos crustais fazendo surgir novas cadeias de montanhas e novas bacias sedimentares.
Por fim, a maioria das mineralizações originadas no Mesoproterozóico são reconcentradas e verifica-se a deposição de fosfato, zinco-chumbo na plataforma carbonática (Irecê).

Paleozóico
Na Bahia, as rochas do Paleozóico ocorrem no extremo noroeste (proximidades de Campo Alegre de Lurdes, fronteira com Piauí) e extremo nordeste (região de Paulo Afonso e Santa Brígida, fronteira com Sergipe). Representam segmentos preservados da grande Bacia do Parnaíba que se extendia por quase todo o nordeste brasileiro. Esta bacia teve início logo após o final da grande formação de cadeias de montanhas, ocorrida no final do Proterozóico Superior e início do Paleozóico (Cambriano). A partir deste período, a crosta terrestre, nesta parte do planeta, começou a se esfriar, cessando as pertubações orogenéticas do ciclo anterior. A tectônica tornou-se mais atenuada, de caráter epirogenético e estensional, com a dinâmica interna do planeta induzindo apenas a formação de rachaduras profundas na crosta, vulcanismo ácido, e fazendo aparecer bacias subsidentes intracratônicas, as quais, entretanto, não sofreram nenhum esforço compressivo durante a sua evolução.
A Bacia do Parnaíba é constituída por um conjunto de camadas sedimentares, com até 3.000 m de espessura(Schobbenhaus & Campos 1984), formado, predominantemente, devido a interação entre avanços e recuos de um mar raso sob clima temperado, glacial e extremamente árido. Segundo vários autores (vide Villas-Boas 1996), durante a glaciação devoniana, a capa de gelo avançou de sul para norte, cobrindo parcialmente a bacia e deixando como registro uma sedimentação típica de geleiras (diamictitos e varvitos).

Mesozóico
As rochas do Mesozóico ocorrem na bacia do Recôncavo-Tucano, nas bacias submersas ao longo da costa atlântica e na bacia do Urucuia (extremo oeste). Estas bacias se formaram em função de intenso processo tectônico-magmático que reativou a Plataforma Sul-Americana durante o Jurássico. Neste período iniciou-se o rompimento do continente Gondwana (super continente formado pela junção da América do Sul, África, Índia, Austrália e Antárdida) e a abertura do oceano Atlântico Sul. A rachadura na crosta ("rift"), que provocou a separação do Gondwana, foi seguido por derrames de lavas basáltica sobre amplas áreas da plataforma (Amazônia, Rio Grande Norte, Paraiba, Ceará, Paraná, etc.). O volume de lavas basalticas da Bacia do Paraná (Formação Serra Geral), por exemplo, é considerado como o mais expressivo de todo o planeta (Santos et al. 1984)
A Bacia Recôncavo-Tucano compreende uma faixa norte-sul de aproximadamente 100 km de largura e se extende desde Salvador até a fronteira com Sergipe, nela se acumularam importantes depósitos de petróleo que, até a década de 70, representava a principal fonte deste combustível no território brasileiro. Em função da progressão do rachamento da crosta e do avanço do Oceano Atlântico por sobre o continente, a evolução da bacia pode ser sintetizada em quatro estágios : sequências do Continente, do Lago, do Golfo e do Mar (Asmus 1984 & Schobbenhaus e Campos 1984).
A Sequência do Continente (ou pré-rift) representou o estágio de instalação de uma depressão, circundada por um relevo pronunciado, onde se depositaram sedimentos dominados pelos processos essencialmente continentais, ou seja, sedimentação do tipo eólica, flúvio-deltaica e lacustre (formações Aliança e Sergi). No Cretáceo, com o aprofundamento da rachadura crustal, formou-se um grande lago interior (Sequência do Lago ou fase sin-rift), no qual se acumularam sedimentos lacustrinos e flúvio-deltáicos (Grupo Brotas). Neste estágio, proliferou-se, abundantemente, os organismos planctônicos que, mais tarde, iriam ocasionar os depósitos de petróleo da bacia. Após esta fase, o Atlântico avançou e fez as primeiras incursões no Recôncavo. Inicialmente, a chegada do mar possibilitou a formação de um ambiente de "sabka", composto de águas rasas e extremamente salinas, representado parcialmente pelos sedimentos da Formação Marizal (Sequência do Golfo ou fase pós-rift). Após a deposição da Formação Marizal, depositados em discordância angular sobre o Grupo Brotas, seguiu-se um período predominantemente erosional entre o Cretáceo Médio e o Oligoceno (Magnavita 1996). O Oceano Atlântico invadiu toda a área entre este último período e o Mioceno, e provocou a deposição dos sedimentos da formações Algodões e Sabiá (Sequência do Mar).
A tectônica que provocou a abertura do Atlântico repercutiu também nas partes mais internas do continente. Na região do extremo oeste (cidades de Barreiras, Correntina, Cocos, Coribe, etc.), na fronteira com Goiás, ocorre uma extensa área de afloramentos de um pacote de sedimentos com espessura em torno de 300 m (Formação Urucuia), depositados em uma depressão há 85 milhões de anos atrás. Provavelmente esta depressão represente o início de um "rift" semelhante aquele das bacias atlânticas, sem, entretanto, atingir o ciclo completo. Registra-se a presença de rochas vulcânicas e vulcanoclásticas básico-alcalinas associadas a formação desta bacia em Minas Gerais, nas quais são encontradas idades de 80 milhões de anos (Inda et al. 1984).
A Formação Urucuia é constituída por conglomerados localizados, siltitos na base e arenitos no topo e registros de folhelhos betuminosos e canga látero-manganesifera (Fernandes et al. 1982). Todo o pacote foi depositado em ambiente predominante continental flúvio-eólico no Cretáceo. A idade cretácica é estabelecida, principalmente, com base na presença de macro e microfósseis.
Os recursos minerais acumulados na Era Mesozóica são constitúidos, principalmente, por petróleo, principal fonte energética do mundo moderno, turfa, xisto betuminoso, arenito asfáltico na região de Maraú. e depósitos de evaporitos. Os evaporitos são representados por níveis de barita (sulfato de bário) e gipsita (sulfato de cálcio), localizados entre às formações Taipu-Mirim e Algodões (Sequência do Golfo) na região de Maraú. Salgema (NaCl), com anidrita (CaS04), é produzida em Matarandiba (ilha de Itaparica) associada à Formação Afligidos de idade Triássico/Permiana.

Cenozóico
Enquanto na Era anterior predominou uma tectônica do tipo estensional, com rachamentos profundos na crosta e separação de bacias limitadas por falhas. O Cenozóico, se carateriza mais por um tectônica de soerguimento flexural (epirogenética), na qual amplas partes do continente sobem lentamente e ficam mais sujeitas à erosão. Entretanto, os mecanismos que continuam a separar o Brasil da África provocam pertubações tardias importantes, reativando antigas falhas e reacendendo novas injeções magmáticas.
Na Bahia, além dos sedimentos cenozóicos associados a evolução da Bacia do Recôncavo (descrita anteriormente), as rochas originadas durante esta Era estão restritas, principalmente, à costa atlântica, aos vales dos rios e aos planaltos de Vitória da Conquista, Chapada Diamantina, etc. Dentre elas destacam-se as rochas das formações Barreiras e Caatinga, os depósitos de diatomita e as areias monazíticas.
Após o soerguimento epirogenético ocorrido no Plioceno (entre 3 e 5 Ma) e o consequente recuo do nível do Oceano Atlântico, praticamente toda a costa baiana foi coberta pelos sedimentos da Formação Barreiras. Este soerguimento pode ter sido precedido por reativações de falhas e derrames vulcânicos como atestam as ocorrências de rochas máficas e ultramáficas terciárias verificadas no Rio Grande do Norte e Paraíba. Na Bahia, recentemente, foi descrita a presença de rochas magmáticas em associação com a Formação Barreiras no litoral de Porto Seguro ( ). Esta formação possui espessura máxima em torno de 60m e composição terrígena constituída de areias, argilas e conglomerados depositados em ambiente continental (leques aluviais, fluvial e flúvio lagunar).
A Formação Caatinga ocorre no vale do rio Salitre (nordeste do Estado) e é constituída por rochas calcárias originadas a partir da dissolução de rochas carbonáticas mais antigas (Grupo Bambuí) provocada pelas águas superficiais de rios e enxurradas. Estas rochas são consideradas como tendo sido formadas no Quaternário devido a presença de fósseis (gastrópodes) do tipo Biomphalaria sp., Stropchocheilus sp., Bulimulus sp., Artemon Anchadai. Algumas partes do calcário Caatinga são exploradas como rochas ornamentais de grande aceitação no mercado nacional e internacional (mármore Bege Bahia).
As diatomitas (mineral silicoso, muito fino e poroso empregado na fabricação de filtros) são encontradas nas coberturas formadas sobre a Chapada Diamantina e no Planalto de Conquista. Os depósitos deste bem mineral são gerados em decorrência do acúmulo de algas diatomáceas em lagoas de água doce em períodos recentes. Por fim, entre as cidades de Una e Belmonte, ocorrem cordões litorâneos ricos em areias monazíticas com zircão e ilmenita. Tratam-se de minerais pesados, retirados de rochas mais antigas pela erosão e transportados até a zona costeira, que servem de fonte para elementos raros como: Zr, Ce, La, Nd e Th.
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LEGENDA
1- Bloco Gavião
2 - Bloco Paramirim
3 - Bloco Guanambi-Correntina
4 - Sequências Metassedimentares e vulcano-sedimentares
5 - Cinturão Contendas-Mirante
6 - Bacia Jacobina-Itapicuru
7 - Bloco Jéquie
8 - Cinturão Itabuna
9 - Bloco Serrinha
10 - Bloco Mairi
11 - Cinturão Salvador-Curaça
12 - Cinturão Salvador-Esplanada

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terça-feira, 31 de maio de 2011

"A Bahia é um dos estados mais estudados geologicamente falando do Brasil"


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Entrevista com o Secretario de Indústria, Comércio e Mineração, James Silva Santos Correia.
James Silva Santos Correia, 52 anos, assumiu o cargo em agosto de 2009 e levou para a Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração uma vasta experiência e um currículo de peso. Foi gerente de operações da Regiao Metropolitana de Salvador da Coelba, por 10 anos. Criou o plano de racionamento alternativo a crise energética de 2001. Além disso, foi consultor na Área de Gas e Petróleo para diversas empresas do Setor. Engenheiro eletricista, formado pela Escola Politécnica da UFBA, especialista em planejamento de sistemas de potência (Ufmg), pós-graduado em estudos avançados sobre sistemas de potência, mestre e doutor na mesma área, pela Escola Politécnica da USPR sendo condecorado com a medalha comemorativa dos 110 anos desta escola, na modalidade empreendedorismo. Foi coordenador do mestrado em energia da UNIFACS. Confira a entrevista concedida ao repórter carlos vianna júnior.
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O senhor responde pela carteira de Indústria, Comércio e Mineração. Como é gerir uma Secretaria com três âmbitos de fronteiras tão definidos?
Todos eles, de uma forma ou de outra, se interrelacionam. Não há Indústria sem Comércio nem Comércio sem Indústria. A Mineração, que é uma atividade industrial, também tem o seu componente comercial. Embora tenham pautas e reivindicações distintas, todos eles integram a cadeia produtiva da Economia Baiana. Salvador nasceu como um dos principais entrepostos comerciais do mundo. Nossa indústria é pioneira, com a cana-de-açúcar, assim como também é a nossa Mineração, com o garimpo extrativista na Chapada Diamantina. Estão na formação histórica da Economia Baiana essas três vertentes.
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Qual é o papel da mineração na economia baiana hoje?
A Produção Mineral Baiana Comercializada (PMBC) apresentou um desempenho recorde de RS 1,7 bilhão em 2010, evoluindo constantemente desde 2007, quando cravou R$ 850 milhões, A produção mineral de bers em bruto, sem beneficiamento, representou 1,2% do PIB baiano em 2010.
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Quais os destaques da Produção Mineral Baiana Comercializada (PMBC)?
Levando-se em conta as substâncias minerais produzidas, as cinco principaiscommoditiesextraídas na Bahia - cobre, ouro, níquel, cromo e magnesita são responsáveis por mais de 75% da PMBC. Em 2010, os principais destaques na PMBC foram a produção de níquel, brita e a retomada na produção de rochas ornamentais. O níquel teve sua exploração iniciada em janeiro e já se posiciona como o terceiro bem mineral em comercialização no ranking de produção baiano. A comercialização de pedra britada aparece, demonstrando o bom momento da construção civil pelo qual passa o País e em especial o Estado da Bahia. As rochas ornamentais, que retomaram produção não só para atender ao mercado externo que começa reagir à crise internacional, bem como ao mercado nacional que, em 2010, mostrou-se muito receptivo.
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Qual é a descoberta mais auspiciosa feita durante sua gestão até o presente momento?
0 nosso maior trunfo foi a entrada em produção da mina de níquel de Itagibá (Mirabela), considerada a maior descoberta de níquel a céu aberto do mundo, nos últimos 10 anos.
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Desde 2007, a Bahia lidera as solicitações para pesquisas em mineração, segundo o site da CBPM. O que significa isso?
De 2007 a 2009, a Bahia liderou os requerimentos de pesquisa no País, atrás de Minas, que reassumiu a primeira posição em 2010. A Bahia, por ser um dos estados mais bem conhecidos em termos de geologia e por possuir ambientes favoráveis à existência de minerais, principalmente metálicos, passou a ser alvo de empresas mineradoras e de especuladores, quando houve este aumento na procura por minerais em todo o mundo
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Quem faz estas solicitações?
Qualquer brasileiro ou empresa com capital nacional pode requerer áreas no País para pesquisa e lavra independentemente da autorização prévia do proprietário da terra. Apenas no caso do Regime de Registro de Licença há a necessidade da autorização do dono do solo e da prefeitura municipal.
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Já se sabe que o Estado possui formações geológicas favoráveis a depósitos e jazidas de commodities minerais muito valorizadas internacionalmente, o que pode transformar a Bahia em um grande polo siderúrgico. 0 que falta para isso acontecer?
Os governos estadual e federal estão trabalhando para dotar o Estado de infraestrutura, São investimentos em rodovias, energia limpa, obras do PAC como a Ferrovia Oeste-Leste, o Complexo Porto Sul, as obras de ampliação e requalificação do porto de Aratu, além de incentivos fiscais concedidos pelo governo às empresas que pretendem se instalar no Estado. Esses projetos estrutura ntes que estão em andamento irão resolver questões como a logística de entrada de matérias-primas e o escoamento da produção. Esses fatores equacionados às questões voltadas ao meio ambiente tornam a Bahia um ambiente propício à atração de novas siderúrgicas.
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Quanto por cento do minério extraído tem sua transformação feita no próprio Estado?
Esse número ainda não foi apurado. Porém, pode-se afirmar que a Bahia é um produtor de minerais em bruto e semi-manufaturados. Para mudar, o
Estado tem feito investimentos em infraestrutura,em logísticae vem atraindo empresas que industrializam e beneficiam aqui as matérias-primas. Não queremos ser somente um Estado que exporta commodities.

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De que forma a CBPM faz o trabalho de atração da iniciativa privada?
A CBPM é uma descentralizada, uma empresa pública ligada diretamente à SICM e tem grande importância, pois é o braço executivo da política mineral do Estadoe através dela é que a Bahia é hoje um dos estados mais estudados geologicamente falando do Brasil. A CBPM, por ser uma empresa de desenvolvimento mineral, pesquisa todo o território baiano e quando viabiliza uma área promissora abre licitação pública, visando atrair empresas privadas para serem parceiras na avaliação e exploração, se for o caso, dos depósitos descobertos. Para tanto, apresenta como atrativo o seu imenso acervo de dados e os trabalhos iniciais de pesquisa, bem como os levantamentos geológicos e aerogeofísicos, que são os trabalhos de maior risco numa pesquisa mineral.
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Quantas oportunidades foram negociadas em 2010? E para 2011?
Em 2010, foram licitadas seis oportunidades minerais. Como nesse início de ano já abrimos três Iicitações e como o mercado está bastante promissor, acredito queteremos um número bem perto de 2005, quando foram licitadas cerca de 15 oportunidades minerais.
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A crise financeira mundial afetou a produção baiana de minerais?
Muito pouco. O efeito da crise se deu principalmente nas exportações, especialmente de rochas ornamentais. Embora a pauta de exportações baianas seja diversificada, por seu valor, o ouro, com 65%, e outros metais preciosos, com 24%, acabam por ser responsáveis pela maior partedo valor exportado.
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Que outras mudanças no mercado mundial nos últimos anos repercutiram na produção baiana de minerais?
A despeito da crise econômica mundial, a forte demanda global por bens minerais impulsionou ações empreendedoras objetivando descobertas de novas jazidas, observando-se um significativo aumento no fluxo de investimentos mundiais destinados à exploração mineral no Brasil. É importante registrar que nesse novo ciclo de demandas pelos metais destaca-se a performance do Brasil no comércio exterior de minério de ferro, cujas exportações totalizaram US$ 28 bilhões, em 2010. A China ocupou o primeiro lugar na lista de compradores dessa commodety (43%), sendo seguida pelo Japão (12%), Alemanha (7%) e Coréia do Sul (4%). Houve uma recuperação gradativa na demanda das principais commodities m inerais, cujos preçosfora m amplamente influenciados pela relação entre euro e dólar e especialmente pela confiança dos investidores. Salientando que a confiança dos investidores, que é um forte indicador da recuperação das commodities no mercado,foi positivaem 2010, registrando um aumento significativo nos investimentos em expansões e em novos projetos de mineração. Em consonância com esse cenário internacional e tendências apresentadas pelo setor mineral nacional, o Estado da Bahia apresentou em 2010 um bom resultado na sua produção mineral que foi de R$ 1,7 bilhão (excluindo petróleo e gás), a exemplo do início da exploracão de níquel e bentonita, além da retomada da extração e exportação de rochas ornamentais.Para os próximos três anos há uma grande expectativa de aumento na PMBC em conseqüência da ampliação da extração de ouro e início da exploração de jazidas de ferro, vanádio, gipsita e outros minerais. Essa expectativa respalda-se na existência de oito projetos de mineração em estágio de implantação e que totalizam investimentos da ordem de R$ 11,6 bilhões.
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Fonte: Jornal "A Tarde"
Em:
http://www.sicm.ba.gov.br/Noticia/27946/A-Bahia-e-um-dos-estados-mais-estudados-geologicamente-falando-do-Brasil-.aspx
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sábado, 14 de maio de 2011

Ossos pré-históricos em Itiúba



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"PRÉ-HISTÓRIA - Ossadas que dizem ser de animais gigantes atraem curiosos Adilson Fonsêca O agricultor Manoel Marques Barbosa, 28 anos, exibe, como uma espécie de troféu, duas ossadas de um animal, que ele diz ter sido de um dinossauro. As ossadas foram encontradas no topo da Serra de Cajazeiras, uma elevação ao norte do município, com cerca de 600 metros de altura, a 19 km da cidade de Itiúba (378 km de Salvador), e estão espalhadas em um platô rochoso, de difícil acesso. O que o agricultor Manoel guarda como uma relíquia na sua casa, na entrada do povoado de Ponta Baixo, tem atraído a curiosidade de muitos outros moradores. Segundo afirmam, desde o ano passado têm sido encontrados vestígios de ossadas que parecem ter sido de grandes animais, não só na Serra de Cajazeiras, mas também na Serra do Souza, esta mais próxima da cidade. “Não se assemelha a qualquer animal conhecido”, diz, mostrando um grande pedaço de osso achatado, calcificado, encontrado em meio a diversos outros pedaços espalhados no topo da serra. Na Serra do Souza, boa parte das ossadas acabou servindo de alicerce de uma cerca de pedra, construída para represar água de um tanque, onde o gado costuma beber. No ano passado, o microempresário paulista Ciro Roberto Batista, em visita ao município, colheu algumas amostras e as levou para São Paulo. Outras ossadas teriam sido levadas por viajantes para Juazeiro e mesmo trazidas para Salvador. Riqueza dos achados As buscas das primeiras ossadas nas serras que cercam a cidade de Itiúba começaram em 1950, quando lavradores estavam cavando um poço de mais de sete metros de profundidade, na Serra da Pindoba. Lá, encontraram grandes pedaços de ossos do que teria sido um animal de grande porte. Segundo conta o funcionário aposentado do IBGE, Robério Pinto Azeredo, 84 anos, no local também foi descoberta uma gruta com mais de 10 metros de profundidade. A região era habitada pelas tribos dos índios Pataxó e Kariacás. Em 1979, segundo explica Robério, algumas amostras das ossadas foram entregues a pesquisadores da Universidade Federal da Bahia. “Infelizmente, mesmo dizendo que iriam analisar os achados, não obtivemos mais respostas e a partir de então as pessoas começaram a levar os ossos para vários lugares”, disse. O ex-funcionário do IBGE é autor de dois livros – Histórias de Itiúba e do Padre Severo, e História, Geografia e Riquezas Naturais de Itiúba –, que falam da fundação do município e da sua topografia, com solos e formação rochosa ricos em cloreto de sódio."
Transcrição de artigo publicado no jornal "A Tarde" de 04/04/2003
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Trazido de:
http://www.itiubadomeutempo.kit.net/itiuba_fotos/pag.075.html
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domingo, 24 de abril de 2011

“Cristales Gigantes - Cristais Gigantes em Brotas de Macaúbas.”

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Correspondência encaminhada por Arturo de la Torre:
“Falo um pouquinho de Brotas e suas pedras, no site: http://www.foro-minerales.com/forum/viewtopic.php?t=1270 Um abraço Arturo de la Torre”
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Aqui o material:
Por Artur de la Torre
Publicado: 06 Oct 2008 01:32
Título del mensaje: Cristales Gigantes
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Vale la pena leerse el artículo titulado " El misterio de los cristales gigantes" de Juan Manuel García Ruiz en El PAÍS del domingo 5 de octubre.
Por mi parte visito frecuentemente una cooperativa de garimpeiros, CASEF, que extraen cristales de grandes dimensiones de cuarzo que sobrepasan 1 tm de peso. Ahí va un pequeño resumen de la historia:
La cooperativa CASEF se fundó el 1 de enero de 1990 con el nombre de Cooperativa Mista de Mineração Agro-Pecuária de Brotas de Macaúbas (COOMABRO), pero el 10 de febrero de 1991 paso a llamarse Cooperativa Agro-Mineral Sem Fronteiras (CASEF), teniendo su sede situada en la ciudad de Brotas de Macaúbas – 42º 32’ al Oeste y 12º al Sur - situada a 600 Km., dirección oeste, de Salvador, capital del Estado de Bahía (Brasil).
La zona en donde se hallan los garimpos de cuarzo está situada aproximadamente entre los meridianos 42º 40’ y 42º 46’ O y los paralelos 12º 02’ y 12º 11’ S.
El cuarzo que se halla en esta región es de origen primario, presentándose en forma de filones, bolsas o lentes (que los garimpeiros llaman bojos), o bien secundarios consistentes en fragmentos coluvionares que tapizan el suelo de la zona. Entre los garimpos que explotan cuarzo primario están Antonio Lima, Bojo do Etevaldo, Cabelo, Cafundó, Canalão, Canyon, Carrasco, Cordeiro, Francelino, Margarida y Sambaíba, entre otros muchos. Y entre los que explotan cuarzo coluvionar – el de buena calidad ya está prácticamente agotado- se hallan los garimpos de Aniceto, Baianinho, Banana, Barranco Branco, Canela, Cata do Antenor, Cata Rica, Cem Gramas, D’Ema, Mineiro, Palmeiras, Passo das Éguas y Terto.
Existen algunos garimpos que explotan los dos tipos de cuarzo – primario y secundario – como es el caso de los denominados Banana, Bojo do Ioiô y Bojo Vermelho. De todas formas, desde el punto de vista económico, los cuarzos secundarios son poco relevantes ya que están prácticamente agotados debido a su precoz explotación desde hace décadas, por su ubicación más superficial y por lo tanto de fácil extracción, teniendo en cuenta que el mercado dominante – por tradición – ha sido el demandante de lascas de cristal de roca que posteriormente serán utilizadas para la obtención de cuarzo cultivado piezoeléctrico o en aplicaciones del cuarzo fundido.
Estos cristales de cuarzo primario están insertados en 3 formaciones: 1º. Formação Lagoa de Dentro: metarenito eólico con niveles Metapelíticos. Pertenece al Grupo Paraguaçu de edad Paleo- Mesoproterozoica (Estateriano-Calimiano); 2º. Formação Mangabeira: cuarcitas y metarenitas eólicas con intercalaciones de metaconglomerados (>1514 Ma U-Pb). Pertenece al Grupo Paraguaçu de edad Paleo-Mesoproterozoica (Estateriano-Calimiano; y 3º. Formação Ouricuri do Ouro: metaconglomerado polimíctico y cuarcita. Pertenece al Grupo Paraguaçu de edad Paleoproterozoica (Estateriano).
Los cuarzos primarios (generalmente de cristal de roca, aunque se hallan también lechosos, ahumados y rutilados o de cabelo) se suelen hallar en la charnela de los pliegue y/o en zonas muy próximas a ellos que afectan a las cuarcitas de grano fino a medio, caracterizadas por su estratificación cruzada de bajo ángulo y presentando niveles de arcillitas intercaladas.
Las estructuras observadas en los garimpos suelen ser pliegues de tipo anticlinal y las mineralizaciones están controladas también por la fracturación dominante de dirección E-O, pero suelen presentarse este tipo de depósitos de forma bastante irregular siendo difícil prever su comportamiento, lo que hace particularmente difícil la prospección, ya que el cuarzo hidrotermal fluye hacia las zonas en donde se producen presiones menores o descompresiones impuestas por los esfuerzos tectónicos dominantes. Estos depósitos tienen formas muy variadas, tamaños muy diferentes y las variedades de cuarzos que aparecen en las explotaciones suelen ser sorprendentes, en ocasiones, por su originalidad.
Los garimpeiros suelen trabajar en esta minería artesanal en los meses de sequía cíclica, entre mayo y octubre, ya que son pequeños productores agrícolas en un contexto de agricultura de subsistencia, con pocos o ningún excedente. A principios de este año la CASEF tenía inscritos a un total de 625 mineros, residentes en los municipios de Brotas de Macaúbas, Ipupiara y Oliveira dos Brejinhos, en la Chapada Diamantina Norte (Bahia).
Un abrazo a todos.
Arturo
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Un buen cristal de ahumado.
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Estrellas de rutilo en cuarzo ahumado cortado y pulido.
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Garimpeiros en la mina.
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Un par de garimpeiros con dos cristales de cuarzo en el Bojo Vermelho.
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Publicado: 06 Oct 2008 13:37:
Esa vida realmente es muy dura, pero es la única alternativa al hambre y a la sed, si excluímos la mendicidad o la emigración. De todas formas el Gobierno Lula con su proyecto Bolsa Familia ha suavizado algo la situación para las familias pobres que demostrando sus pocos ingresos y comprometiéndose a que sus hijos, en edad escolar, frecuenten un mínimo del 80% de las clases en la escuela y que los chicos reciban las vacunas obligatorias, perciben en media unos R$ 80,00/familia/mes (unos 30 €). El problema es que esto que debería ser un paliativo coyuntural termina por convertirse en algo estructural-asistencial. Pero eso es un tema muy complejo.
Ahí van algunas otras fotos, por si puede interesar esta realidad tan distante y tan diferente.
Un abrazo
Arturo
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Garimpeiros en Pau D'Arco
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Cuarzo ahumado de más de 1 tm en el garimpo de Pau D'Arco.
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Cuarzos ahumados de un garimpo ilegal, Pau D'Arco, en Oliveira dos Brejinhos-Bahia
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Garimpeiros a la busca de cristales en el Bojo Vermelho (Brotas de Macaúbas - Bahia)
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Publicado: 07 Oct 2008 13:49
Ahí os envio algunas fotos más de los garimpos y garimpeiros de la CASEF en Brotas de Macaúbas, Ipupiara y Oliveira dos Brejinhos en la Chapada Diamantina Norte en el Estado da Bahia - Brasil, para que sintáis al máximo esta realidad de la minería artesanal que en la mayoría de los casos también es informal en su totalidad, o sea desde la prospección hasta la comercialización.
Un abrazo
Arturo
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Cuarzos ahumados en el garimpo de Pau D'Arco.
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Un garimpeiro muestra un cristal de roca rutilado que ha sido extraído en el poblado de Lagoa de Dentro en el município de Brotas.
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Cuarzos de regular calidad apiladas en las cercanías de un garimpo de Brotas.
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Extracción de agua que inunda un "bojo"
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Esta es la familia del vigilante del Bojo Vermelho.
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Los curazos más hialinos son fragmentados para ser comercializados en forma de lascas (estas son de 1ª sobre una batea que no tiene desperdicio...)
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A esta escalerita le llamaban los garimpeiros de Serra Pelada "adeus mamae" (adiós mamá) por su demostrada seguridad.
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Explotación de cuarzos en coluvión en el llamado "Bojo do Terto" en Brotas.
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Esto es una "corrutela" o poblado de garimpeiros.
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Publicado: 07 Oct 2008 14:01
Termino con algunas fotos más y algunas como triste epílogo a estas "vidas secas" del interior de Bahia.
Otro abrazo
Arturo
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Y después dicen que los minerales son caros...(Pozo en el que murieron dos jóvenes de 16 años en julio de 2004 al intentar sacar un gran cristal de cuarzo en el Bojo do Terto)
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Otra alternativa es la emigración en busca de oportunidades. En la foto una favela en Salvador, capital del Estado da Bahia.
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Una alternativa a la paradigmática pobreza y a la cíclica sequía es la mendicidad. En este caso en la BR-242 a la altura de Oliveira dos Brejinhos.
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Extracción de un gran ahumado en Oliveira dos Brejinhos.
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Arturo de la Torre Carrillo
Condominio Pque. Itatiaia - Cidade Verde
Rua da Algaroba s/n - Torre Vermelha 1102
Nova Parnamirim - Parnamirim - RN (BRASIL)
CEP 59151-907
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Publicado: 19 Oct 2008 11:06
Tal como prometí ahí va una explicación sobre la comercialización de esos cuarzos, que es 100% informal, en forma de estudio de un caso.
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LA RUTA DE LOS CRISTALES DE CUARZO

Um ejemplo: Garimpo de cuarzo ahumado de Pau d’Arco (Pé do Morro-Oliveira dos Brejinhos en Bahía-Brasil)
Se halla situado en el municipio de Oliveira dos Brejinhos-Bahia (Brasil) a 12 Km. de la ciudad de Brotas de Macaúbas en dirección N98ºW, en el poblado del Pé do Morro. Las coordenadas del garimpo de Pau d’Arco fueron mediante el GPS:
Altitud: 747 m
Latitud: S 12º 01’ 41,0’’
Longitud: W 42º 44’ 58,4’’
En el mapa topográfico de Ipupiara (IBGE, 1966) Folha SC 23-X-III se halla por debajo de la Serra de Santo Antonio en la parte inferior del mapa en la cuadrícula W-E: 8676 y 8672; N-S: 744 y 748.
Según el estudio de la Companhia Bahiana de Recursos Minerais (CBPM) "Caracterizazão e Potencialidade Mineral do Municipio de Brotas de Macaúbas – BA" (Salvador, março de 2002), y coordenado por el geólogo Helio de Azevedo, describe en la página 5 a las entidades que requieren áreas para la investigación de recursos minerales y que son las siguientes: Atibaia-Sociedade de Mineração Atibaia Ltda. (cobre), Empresa Industrial Lucaia Ltda. (barita) Engescavo Mineração Ltda. (diamante industrial), Empresa de Mineração Miltonia Ltda. (fosfato), Ferlig Ferro Liga Ltda. (manganeso), José Vanderley Moreira de Almeida (oro) y la Mineração Tabuleiro Ltda (diamante). En total fueron requeridas 23 áreas por las empresas y personas descritas anteriormente, siendo el 65% de ellas para la prospección de diamante.
En la actualidad se trabaja más con las distintas variedades del cuarzo en los garimpos, ya sean estos legales o ilegales. Los cuarzos más apreciados en la región son el cabelo (cabellera de Venus), los ahumados translúcidos y el cristal de roca. Al aumentar el peso del cristal, así como su perfección, y el número de inclusiones, aumenta también su precio. En el caso del rutilado se valoran mucho las estrellas doradas de ese óxido.
Trabajaban en el garimpo de Pau d’Arco, tan sólo 3-4 garimpeiros en una ladera da Serra da Cabaceira y que han realizado 8 pozos anteriores al actualmente productivo que visité, en donde estaban extrayendo grandes cristales de cuarzo (de más de 1 Tm) de varios tipos, con predominio del ahumado. El yacimiento es secundario, de origen coluvial y su explotación se realiza de forma totalmente artesanal y también es totalmente informal, careciendo de todo tipo de permisos. Cuando los visité el 28 de marzo de 2006 me confiaron que habían sido robados el día anterior unos cuantos cristales de cuarzo ahumado que ya habían sido extraídos del garimpo.
Estos mineros, la mayoría pobres, son residentes en una región económica totalmente desfavorecida por las sequías cíclicas y por la falta de inversiones públicas de las diferentes administraciones. Suelen ser mineros a tiempo parcial, en función del valor del recurso mineral y de las circunstancias climáticas, compaginando la actividad de garimpagem con la de pequeños agricultores (agricultura de subsistencia). Estos campesinos-mineros acaban vendiendo su producción a intermediarios que con pocos escrúpulos les compran al mayor, pero a bajo precio . Como es natural por estos pagos sin ningún tipo de factura y/o comprobante de la transacción comercial realizada. Estas transacciones se hacen más desfavorables para el productor en la época de sequía que abarca generalmentedesde el mes de mayo a octubre, ya que las necesidades crematísticas son más urgentes al bajar el rendimiento en la actividad agropecuaria y por lo tanto aumenta el número de garimpos, garimpeiros y el material ofertado.
Al realizarse estas operaciones con una total opacidad fiscal las administraciones dejan de recaudar y por lo tanto se vuelve a reiniciar ese círculo vicioso de falta de inversión pública y el consiguiente aumento de la pobreza. Los daños colaterales son el aumento de la economía sumergida, con el paralelo incremento de la corrupción y de las externalidades medioambientales (deforestación, pozos inactivos sin ser cerrados y abandono de estériles, entre otras) entre las cuales se debería incluir a las personas que trabajan en esta peligrosa actividad. De todas formas los gobiernos municipales no suelen interferir en estas actividades ya que en ese contexto de pobreza no deja de ser una actividad laboral y una fuente de renta para el municipio.
Históricamente los garimpeiros siempre han estado en manos de los intermediarios, ya que raramente se asocian para conocer y defender sus derechos a pesar de la existencia de asociaciones y cooperativas que intentan educar a sus miembros, la mayoría semianalfabetos, para vender de forma unitaria según el mercado y a través de la institución.
Últimamente los chinos se han metido de lleno en este mercado informal de la intermediación de la compra-venta de minerales, de elevado rendimiento económico, pero que actúa de forma sumergida. Estos empresarios chinos exportan estos minerales a su país, declarados como cuarzos de baja calidad, con la connivencia de funcionarios corruptos que reciben “propinas”, en donde serán transformados en joyas u objetos decorativos de alto valor añadido y que serán colocados posteriormente en los mercados internacionales. Así los grandes cristales de cuarzo ahumado que aparecen en las fotos se usarán para hacer esferas decorativas de gran diámetro que por su tamaño alcanzan elevados precios en los países del Primer Mundo y las zonas rutiladas serán convertidas en joyas de primera categoría y que paradójicamente volverán a entrar a Brasil por la puerta de las joyerías de lujo (!)
Estas empresas suelen colocar como gerentes de las mismas a una persona de la localidad en la que están radicadas para acelerar los trámites burocráticos y para evadir las posibles responsabilidades fiscales. Tres empresas chinas operan en estas condiciones en la ciudad de Oliveira dos Brejinhos, disponiendo de abundantes recursos (humanos, vehículos 4x4, almacenes, oficinas y dinero).
El sábado 8 de abril de 2006 a primera hora de la mañana aparecieron tres grandes cristales de cuarzo ahumado en la acera del comercio chino “O rei das pedras”, en Oliveira dos Brejinhos, que pesaban 1.800 Kg., 1.000 Kg. y 970 Kg. respectivamente (ver Foto). Su destino será, muy probablemente, la República Popular de China y tal vez la ciudad de Hong Kong. Últimamente el mineral más buscada por estos intermediarios, en esta zona de la Chapada Diamantina, es el cuarzo rutilado, sobre todo aquel que presenta fibras doradas que se cruzan en todas las direcciones dando lugar a estrellas brillantes de TiO2, que son muy apreciadas en los mercados internos y exteriores. La mayoría de estos cristales terminan también en la República Popular de China en donde serán cortados, tallados y pulidos para ponerlos a disposición de los más exigentes compradores de los países más ricos.
Este caso concreto que se ha estudiado aquí se puede trasladar a muchos otros lugares brasileños y a muchas otras sustancias minerales, entre las que se incluyen las rocas ornamentales que son explotadas ilegalmente en algunos municipios de Minas Gerais y que son también exportadas al país asiático.
Una comparación, entre las muchas que se pueden hacer, con esta forma de actuar del comercio chino relacionado con los recursos litosféricos se podría encontrar en el continente africano, en la República Democrática del Congo. La sustancia mineral es la heterogenita, explotada por mineros artesanales e informales en la zona de Kolwezi. y su destino final: la República Popular de China, pero eso son otros yacimientos...
Cuando tenga más tiempo hablaré algo sobre la represión a este tráfico ilegal de minerales.
Un abrazo a todos
Arturo
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Comercio chino "O rei das pedras" en Oliveira dos Brejinhos, traficando ilegalmente con grandes cristales.
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Los cristales serán pesados, o calculado su peso, y vendidos a intermediarios ilegales.
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Un gran cristal de ahumado.
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Toyota 4x4 dirigiéndose al garimpo.
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Cuando el garimpo es productivo se corta parte del bosque, en este caso del bioma caatinga, para que puedan acceder vehículos con motor.
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Pozo de prospección, estéril, en el garimpo de Pau D'Arco.
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Tres grandes cristales de cuarzos ahumado en la acera del comercio chino “O rei das pedras”, situado en el centro de la ciudad de Oliveira dos Brejinhos
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El márketing se ese comercio chino, situado en Oliveira dos Brejinhos, al lado de la bandera brasilera y el Cristo Redentor se ve a la Virgen Maria con la frase:: “Soy madre del puro amor. En mi se encuentra toda la gracia del camino, de la verdad, de la vida y de la virtud”. Me encantan estas finas ironías...
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Cristal de "cabelo" en la sede de la cooperativa CASEF en Brotas de Macaúbas.
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Arturo de la Torre Carrillo
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Gracias Mauro, ya sabes que por estos pagos lo que domina es la "informalidad" económica. Puedes pasarte por esta región 1 mes de vacaciones pagando hotel, restaurantes, etc y volver a casa sin haber visto una sola factura. Por lo de la participación de los foreros no te preocupes, ya que lo que se puede vivir socialmente en Barcelona, por ejemplo, no tiene absolutamente nada que ver con lo que ocurre en esa zona de la Chapada Diamantina Norte-Bahia, que por cierto es de una belleza natural arrasadora.

Gracias a CG por los comentarios, solo decir que lo que cobran los garimpeiros es inversamente proporcional a su grado de necesidad, o sea que en la época "da seca" se impone el hambre y ahí el regate juega a favor del intermediario con poquísimos escrúpulos, por eso es importante vender a través de cooperativas o asociaciones de garimpeiros pero estas sulen estar descapitalizadas, como es el caso de la CASEF.

Para Pepe: no salen ortosas ni ningún tipo de feldespatos, como cristales grandes, ya que lo que ha ocurrido han sido recristalizaciones a partir de las cuarcitas(de origen detrítico) del proterozoico medio-paleo (Estateriano-Calimiano: 1,4-1,8 millardos de años) con movilizaciones hidrotermales de óxidos de Si, Ti y Fe, fundamentalmente, que cristalizaron posteriormente en las zonas de descompresión de los pliegues, charnelas y zonas próximas a ellas, dando lugar a grandes geodas, que los garimpeiros llaman "bojos" y que pueden alcanzar los 15 m de diámetro. Cuando la alteración ha sido intensa se encuentran los cuarzos íntegros pero en coluvión tal como se ve en las fotos. Los cristales de feldespato no sobrepasan 1 mm de diámetro.

Un abrazo a todos.

Arturo

*Pongo millardos porque sino la máquina me lee la numeración como un número de teléfono(?)
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Arturo de la Torre Carrillo
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Outro artigo sobre Brotas de Macaúbas:
http://museugeologicodabahia.blogspot.com/2010/07/o-artesanato-mineral-em-brotas-de.html
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