Trazendo experiências interessantes de outros locais e profissionais, que podem ser úteis à abordagem da História Natural, na Bahia.
.
"PALEONTOLOGIA: Estudo do ensino e dos materiais didáticos de Biologia utilizados nas Escolas Públicas do ensino médio de Itaúna-MG."
Por
Diego Elias*
* - Biólogo formado na Universidade de Itaúna, estudante de pós-graduação em análise ambiental na UNA
Publicado 31/08/2009
.
Estudo do ensino e dos materiais didáticos de Biologia utilizados nas Escolas Públicas do ensino médio de Itaúna-MG.
A paleontologia (do grego. palaios = antigo; ontos = ser; logos = estudo) é a ciência que se dedica ao estudo de restos e vestígios de animais ou vegetais pré-históricos (fósseis) com o objetivo de conhecer a vida do passado geológico e biológico sob vários aspectos. O objetivo deste estudo é analisar o ensino de Paleontologia no ensino médio de todas as escolas públicas de Itaúna, averiguando a importância dada aos conceitos dessa ciência pelos professores e livros didáticos de biologia adotados. Primeiramente, é analisado os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) para o ensino médio registrando-se o que é recomendado e como o mesmo sugere a abordagem do conteúdo de Paleontologia. Após foi feita uma quantificação dos temas em que a Paleontologia é abordada, tendo sido analisado 4 (quatro) livros didáticos diferentes utilizados por todas as escolas públicas que possuem ensino médio na cidade, totalizando 8 (oito) escolas, observando a importância dada a essa ciência. Uma análise descritiva de como o ensino esta sendo desenvolvido, foi feito pelos questionários apresentados aos 13 (treze) professores das escolas utilizadas para a pesquisa com o objetivo de verificar a importância dada a essa ciência pelos professores, observando os recursos utilizados por eles para o aprendizado.
.
INTRODUÇÃO
A paleontologia (gr. Palaios = antigo; ontos = ser; logos = estudo) é a ciência que se dedica ao estudo de restos e vestígios de animais ou vegetais pré-históricos (fósseis) com o objetivo de conhecer a vida do passado geológico sob vários aspectos e obter dados de grande importância para a Geocronologia, Estratigrafia, Geologia Econômica etc. (MENDES, 1986).
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), as Ciências Naturais, cujos conteúdos no ensino médio são explorados pelas disciplinas de Ciências e Geografia, têm um importante papel na formação de cidadãos conhecedores da realidade em que vivem. As Ciências Naturais são ferramentas importantes para que o homem adquira compreensão do mundo e seus fenômenos naturais e assim se reconheça como parte deste contexto. No PCN (BRASIL, 1997):
Conhecer algumas explicações sobre a diversidade das espécies, seus pressupostos, seus limites, o contexto em que foram formuladas e em que foram substituídas ou complementadas e reformuladas, permite a compreensão da dimensão histórico-filosófica da produção científica e o caráter da verdade científica. Focalizando-se a teoria sintética da evolução, é possível identificar a contribuição de diferentes campos do conhecimento para a sua elaboração, como, por exemplo, a Paleontologia, a Embriologia, a Genética e a Bioquímica. São centrais para a compreensão dateoria os conceitos de adaptação e seleção natural comomecanismos da evolução e a dimensão temporal, geológica do processo evolutivo.
Deste modo, a paleontologia contribui para a compreensão da origem e evolução da vida na terra fazendo referência à composição da atmosfera, à geografia e às modificações climáticas ao longo do tempo geológico. Sem essa ciência, o passado da Terra seria completamente obscuro e misterioso para o homem (ANELLI, 2002).
Paleontologia é tema integrante do programa de Biologia, sendo sua abordagem inserida principalmente no conteúdo de evolução nos livros didáticos do ensino médio.
O Livro Didático (LD) é hoje um dos materiais educativos mais utilizados na escola. Além de auxiliar o professor no exercício de sua prática pedagógica também representa muitas vezes para o aluno da escola pública, a única fonte de informação científica. Assim os conteúdos dos livros didáticos podem fazer com que a Paleontologia seja mal compreendida pelos alunos. Dar ênfase aos conteúdos apresentados nos livros didáticos é de grande valia para fazer com que haja uma maior compreensão e melhoramento do aprendizado deles, mostrando a eles que a ciência é baseada em fatos concretos e que a Paleontologia é a base para a confirmação de várias teorias (CASSAB; MARTINS, 2003 apud CARMAGNANI, 1999).
Este trabalho tem como objetivo analisar o ensino de paleontologia e os livros didáticos que estão sendo utilizados e apresentados aos alunos de todas as escolas públicas do ensino médio da cidade de Itaúna-MG. Embora a Paleontologia seja uma importante ciência para a compreensão mais ampla de questões geológicas, biológicas e ambientais, existe ainda pouca divulgação de seus conteúdos junto aos estudantes do ensino médio (SCHWANKE; SILVA, 2004).Portanto, é necessário que os educadores aprofundem os estudos desta ciência, para apresentar aos alunos a produção científica, incorporando nestes os valores da Paleontologia
.
1 A PALEONTOLOGIA: PRINCÍPIOS E OBJETIVOS
A Paleontologia é a ciência que estuda evidências da vida pré-histórica preservadas nas rochas (os fósseis), e elucida não apenas o significado evolutivo e temporal, mas também a aplicação na busca de bens minerais e energéticos (FILIPE, 2008).
O termo Paleontologia, usado na literatura geológica pela primeira vez em 1834, foi formado a partir das palavras gregas: palaios= antigo, ontos= ser, logos=estudo. Já a palavra fóssil originou-se do termo latino fossilis= extraído da terra (CASSAB, 2004).
O objetivo imediato de estudo da Paleontologia são os fósseis, pois são eles que, na atualidade, encerram a informação sobre a vida do passado do Planeta. Por isso, se diz frequentemente que a Paleontologia é, simplesmente, a ciência que estuda os fósseis. Contudo, esta é uma definição redutora, que limita o alcance da Paleontologia, pois os seus objetivos fundamentais não se restringem ao estudo dos restos fossilizados dos organismos do passado. A Paleontologia não "pretende" apenas estudar os fósseis, procura também, com base neles, entre outros aspectos, conhecer a vida do passado geológico da terra (CASSAB, 2004).
Uma vez que os fósseis são objetos geológicos com origem em organismos do passado, a Paleontologia é a disciplina científica que estabelece a ligação entre as Ciências Geológicas e as Ciências Biológicas.
É na Biologia que o Paleontólogo busca subsídios para estudar os fósseis, já que eles são restos de um antigo organismo vivo. Em retorno, a Paleontologia fornece aos biólogos uma dimensão do tempo em que os grandes ecossistemas atuais se estabeleceram e também informações complementares às teorias evolutivas. Na geologia, os fósseis são utilizados como ferramentas para datação e ordenação das sequências sedimentares, contribuindo para o detalhamento da coluna cronológica. Ajudam na interpretação dos ambientes antigos de sedimentação, bem como na identificação das mudanças ocorridas na superfície do planeta através do tempo geológico (CASSAB, 2004).
Os objetivos da Paleontologia, portanto, são: fornecer dados para o conhecimento da evolução biológica dos seres vivos através do tempo; estimar a datação relativa das camadas, pelo grau de evolução ou pela ocorrência de diversos grupos de plantas e animais fósseis. A sucessão das camadas de rochas e seu conteúdo fóssil esta resumida na coluna cronoestratigrafica, onde os grandes grupos e sistemas estão arranjados em sequência, com as rochas mais antigas na base e mais novas no topo; reconstituir o ambiente em que o fóssil viveu, contribuindo para a paleografia e paleoclimatologia; auxilia na reconstituição da histórica geológica da terra, através do estudo das sucessões faunísticas e florísticas preservadas nas rochas. A distribuição das espécies nos diversos ecossistemas durante o passado geológico torna possível a identificação da sequência de eventos na história da terra, que muitas vezes ocorre em escala global; identifica as rochas em que podem ocorrer substancias minerais e combustíveis como o fosfato, carvão e o petróleo, servindo de apoio à Geologia econômica (CASSAB, 2004). Para estes objetivos serem alcançados, a Paleontologia é subdividida em vários ramos de estudos que fornecem melhores detalhes sobre a vida do planeta no passado. Entre estes ramos são destacados: Paleobotânica que estuda as plantas fósseis de um modo geral. Uma grande parte estuda os polens e esporos, que devido a sua excepcional preservação, são amplamente usados para datação e são abordados dentro da Micropaleontologia, mais especificamente na Paleopalinologia. A Paleontologia de invertebrados, na qual os fósseis são principalmente marinhos, possibilitam estabelecer correlações cronoestratigráficas de bacias distantes e são utilizados para delimitar províncias paleobiogeográficas A Paleontologia dos vertebrados têm também atuado na divulgação científica da Paleontologia, através de seu estudo.
A Paleoicnologia estuda os icnofósseis, que são estruturas biogênicas resultantes da atividade dos seres vivos. Correspondem a marcas como pistas, pegadas, perfurações, escavações, marcas completas de repouso, refletindo o comportamento do organismo quando em vida. Paleoecologia, que estuda as relações dos organismos entre si e deste com o meio. Usando os componentes da fauna e flora e vários parâmetros, tenta inferir dados como profundidade, salinidade, produção orgânica, nível de oxigenação do meio e as condições climáticas da época. Tafonomia, que é o estudo das condições e processos que propiciaram a preservação dos fósseis, desde a sua morte até ser encontrado na natureza. Sistemática, que classifica e agrupa os organismos com base na análise comparativa de seus atributos e nas relações entre eles (CASSAB, 2004). Para que esses estudos ocorram, foi necessário que ocorresse a fossilização, que é resultado da ação de um conjunto de processos físicos, químicos e biológicos que atuam no ambiente deposicional. Para serem considerados fósseis é necessário que possuam mais de 1 (um) milhão de anos, se caso não possuírem são denominados subfósseis. Vários fatores atuam na preservação dos indivíduos e favorecem a fossilização. O soterramento rápido após a morte, a ausência de decomposição bacteriológica, a composição química e estrutural do esqueleto, o modo de vida, as condições químicas que imperam no meio, são alguns desses fatores, cujo somatório determinará o modo de fossilização, que possibilitam os estudos da Paleontologia (CASSAB, 2004).
2 A PALEONTOLOGIA NA CONFIRMAÇÃO DE TEORIAS
A vida na terra surgiu há aproximadamente 3,8 bilhões de anos, e desde então, restos de animais, vegetais ou evidências de suas atividades ficaram preservados nas rochas. Estes restos e evidências são denominados de fósseis e constituem o objeto da Paleontologia (CASSAB, 2004).
As Histórias dos fósseis também são a história da migração dos continentes, das mudanças climáticas, das extinções em massa e das modificações ocorridas na fauna e flora ao longo do tempo geológico, essas teorias têm como uma de suas evidências a Paleontologia (CASSAB, 2004).
É em torno da Paleontologia que os biólogos obtêm uma dimensão do tempo em que os grandes ecossistemas atuais se estabeleceram e também informações complementares às teorias evolutivas. Os Geólogos utilizam os fósseis como ferramenta para datação e ordenação das sequências sedimentares, contribuindo para o detalhamento da coluna geológica. Ajudam na interpretação dos ambientes antigos de sedimentação, bem como na identificação das mudanças ocorridas na superfície do planeta através do tempo geológico (CASSAB, 2004).
As informações que fundamentam estudos de evolução e biodiversidade do passado são retiradas dos estudos Paleontológicos que afirma a teoria da evolução, logo, comprovando a existência de seres vivos cada vez mais complexos que nos mostra através das formas intermédias ou sintéticas, documentando a transição entre dois grandes grupos que se encontram nas formas fósseis de transição. Estes fósseis permitem afirmar que os grandes grupos de indivíduos (aves e répteis e outros) têm uma origem comum. Fornecendo ainda dados para o conhecimento da evolução biológica dos seres vivos através do tempo (MENDES, 1986; CASSAB 2004). Graças à irreversibilidade da evolução, tornou-se possível determinar a idade das rochas formadas em diferentes épocas pela identificação dos fósseis nelas contidas (lei da sucessão faunística). Representa os fósseis, desse modo, um instrumento valioso Paleontológicos para a Geocronologia e para a Estratigrafia. No caso desta última, as unidades bioestratigráficas baseiam-se exclusivamente em critérios paleontológicos, e estes têm largo emprego também no estabelecimento de muitas unidades cronoestratigráficas (MENDES, 1986).
O registro fóssil da base também para a teoria da deriva dos continentes, devido os achados de alguns continentes serem iguais aos outros, auxiliando também na reconstituição da história ambiental e geológica da Terra, através do estudo das sucessões faunísticas e florísticas preservadas nas rochas, mostrando as espécies nos diversos ecossistemas durante o passado geológico tornando possível a identificação da sequência de eventos na história da Terra, que muitas vezes ocorre em escala global (MENDES, 1986; CASSAB, 2004).
Conhecer algumas explicações que afirmam essas teorias é de suma importância ser apresentadas aos alunos, mostrando a eles que o conhecimento cientifico é um conhecimento comprovado, que as teorias científicas resultam de uma maneira rigorosa de obtenção de dados por meio de observação e experimentação, relevando que produção científica é baseada em coisas concretas, decorrente da sua possibilidade de prova objetiva, destacando sempre a verdade científica (ANELLI, 2002; HASENCLEVER et al, 2007).
3 APREENDIZAGEM CIENTÍFICA NA SALA DE AULA
A ciência como prática social é relevante e necessária para a resolução ou encaminhamento de muitos problemas humanos, e está constitui atualmente, como uma forma simples e eficiente de gerar conhecimento significativo no âmbito das sociedades contemporâneas. É possível afirmar que nos dias de hoje, a função do conhecimento é preenchida pela ciência, por isso pode-se dizer que a Ciência tem como meta alcançar princípios básicos em relação aos seus objetivos: descrever, explicar e prever (VALE, 1998).
Os alunos quando ingressam na escola, chegam carregados com o "conhecimento cotidiano", o conhecimento advindo de diferentes fontes de informações, mas cabe a instituição escolar proporcionar a estes alunos o acesso a outras formas de conhecimento, principalmente o científico, incentivando o desenvolvimento crítico nos alunos (BIZZO, 2002). Este processo não é espontâneo, é construído com a intervenção do professor. Cabe a este selecionar, organizar, problematizar e orientar o aluno, criando situações interessantes e significativas, que fornecerão as informações necessárias para a reelaboração e a ampliação dos seus conhecimentos prévios (BRASIL, 1997).
Verifica-se que nem sempre o ensino promovido no ambiente escolar tem permitido que o estudante se aproprie dos conhecimentos científicos de modo a compreendê-los, questioná-los e utilizá-los como instrumento do pensamento que extrapolam situações de ensino e aprendizagem eminentemente escolares. Grande parte do saber científico transmitido na escola é rapidamente esquecido, prevalecendo idéias alternativas ou de senso comum bastante estável e resistente, identificada, até mesmo, entre estudantes universitários (PEDRANCINI et al, 2007).
Com isso a educação científica possui objetivos específicos como: ensinar de modo significativo e interessante a todos, colocar a prática como um ponto de partida tendo como inspiração o contexto da pesquisa, criar as condições necessárias para a formação do espírito científico. (VALE, 1998). A partir de estes objetivos mostrarem aos alunos que a experimentação e a base lógica da ciência não garantem a possibilidade de obter conhecimentos inquestionáveis e eternamente válidos.
É preciso evidenciar que o conhecimento científico é um conhecimento comprovado, que somente através da obtenção de dados, observação e experimentação é que se resulta as teorias científicas, relevando que produção científica é baseada em fatos concretos, decorrente da sua possibilidade de uma prova concreta. Sendo assim a Paleontologia possibilita que os alunos adquirem um caráter investigativo e crítico das teorias e informações conciliadas (ANELLI, 2002; HASENCLEVER et al, 2007).
4 O ENSINO DE PALEONTOLOGIA NAS SALAS DE AULA
A palavra Ciência é apresentada como conhecimento, saber, estudo dos fenômenos naturais. Já a disciplina Ciências, como a própria grafia sugere, abrange um vasto campo de conhecimento científico e não somente tendo como referência a um único conhecimento ou campo de estudo.
Lembrando que o estudo desta área deve considerar conhecimentos relativos a disciplinas como Astronomia, Geologia, Biologia, Física, Química e suas diversas especializações, perceberemos não ser tarefa simples o trabalho com tão vasto e complexo campo de conteúdos. Constituída pela inter-relação entre diversos campos do conhecimento, o ensino de Ciências Naturais nos convida a "apresentá-la" sob uma visão de totalidade, de interação cooperativa entre disciplinas científicas – seus conhecimentos básicos, fundamentos e pressupostos metodológicos.
O ensino de Biologia tem como objetivos estudar: o fenômeno da vida em toda sua diversidade de manifestações (organizados e integrados, ao nível de uma célula, de um indivíduo, ou de organismos no seu meio); e as transformações das diferentes formas de vida que ocorreram no tempo e no espaço, ao mesmo tempo em que ocorriam transformações no ambiente (Ministério da Educação, 1998). O último objetivo é também o objeto de estudo da Paleontologia, que dentre os assuntos abordados no Ensino Médio, é visto muitas vezes superficialmente no tema evolução.
As Ciências Naturais no Ensino Médio, ainda hoje, é feito de forma descritiva, contribuindo para reforçar o ensino teórico, enciclopédico, o que estimula a passividade, e apresentando como objetivo principal o exame vestibular. (ARAÚJO; DANTAS, 2006).
A paleontologia, ciência que estuda os restos e vestígios fósseis, é de extrema importância, visto que abrange o conhecimento da evolução dos seres vivos, bem como a história geológica da Terra. Além disso, o estudo dos fósseis é uma ferramenta fundamental para a compreensão da distribuição dos seres vivos (biogeografia), da ecologia e da sistemática filogenética (ARAÚJO; DANTAS, 2006).
O conhecimento paleontológico tem sido muito restrito a museus e universidades, onde são desenvolvidas pesquisas responsáveis por trabalhos apresentados em encontros científicos e artigos publicados para divulgação científica em revistas. Como disciplina, a paleontologia vem sendo ministrada nos cursos de graduação de geologia e ciências biológicas (SCHWANKE; SILVA, 2004).
O ensino de Paleontologia no Brasil é apresentado nos níveis fundamental, médio e superior. Porém o ensino desta Ciência ainda não recebe a devida importância, sendo deficitário em todas as regiões do País. No final da década de 90, diversas propostas surgiram visando o melhoramento nas metodologias de ensino desta Ciência, além de incentivar a divulgação da Paleontologia (ARAÚJO; DANTAS, 2006). Esta é uma disciplina importante para a compreensão mais ampla de questões geológicas, biológicas e ambientais, embora ainda exista pouca divulgação da paleontologia no ensino médio (MORAES; SANTOS; BRITO, 2007).
No Ensino Médio os principais problemas são a falta de preparação dos professores, e a utilização de livros que, em sua maioria, abordam de forma inadequada e/ou ineficiente os conceitos de Paleontologia (ARAÚJO; DANTAS, 2006 apud SARKIS; LONGHINI, 2005).
Tendo em vista estas falhas, novas metodologias foram propostas com o intuito de melhorar a abordagem dos conceitos de Paleontologia. As propostas variam desde a criação de um capítulo específico sobre a Paleontologia nos livros adotados (SILVA, 1997), a criação de atividades lúdicas envolvendo conceitos da Paleontologia (extinção, evolução, paleoecologia e paleobiogeografia) criação de uma linha do tempo, para facilitar a compreensão de quando surgiram os organismos no tempo geológico até a fabricação de kits didáticos, que podem ser acompanhados, ou não, de um manual explicativo (ANELLI, 2002; ARAÚJO; DANTAS, 2006 apud FERNANDES,2005). Outra ferramenta metodológica proposta é a visita, monitorada por professores, a exposições, e o desenvolvimento de atividades recreativas em Salas e/ou Museus de Paleontologia, nesses locais o ensino de Paleontologia, em teoria, torna-se mais fácil, além de colaborar na sua divulgação (NEVES; CAMPOS; SIMÕES, 2008).
Para ser um bom educador em Ciências Naturais, é preciso ter, ele próprio, uma cultura cientifica e um conhecimento didático que lhe possibilite planejar e conduzir boas situações de aprendizagem nessa área, pois o livro deve ser um, dentre outras ferramentas, para o ensino dessa ciência. O Professor deve desenvolver saberes e ter competências para superar as limitações próprias dos livros. A função dos profissionais da educação, nesse sentido, deve ser, além de uma constante atualização do conhecimento teórico, buscar estratégias para estimular o interesse dos alunos em relação à paleontologia, para que torne mais dinâmico o aprendizado dessa ciência. Sua divulgação e conhecimento podem ser feitos através da utilização de uma estratégia mais atraente e dinâmica, permitindo uma melhor observação de um grande conjunto de informações, auxiliando o processo de ensino e aprendizagem (ARAÚJO; DANTAS, 2006).
4.1 Livros didáticos
Em uma aproximação inicial a definição de livro didático não traz grande dificuldade. Segundo entendimento de Batista (2002):
Trata-se desse tipo de material que faz parte de nosso cotidiano: que é adquirido, em geral, no início do ano, em livrarias e papelarias quase sempre lotadas; que vai sendo utilizado à medida que avança o ano escolar e que, com alguma sorte, poderá ser reutilizado por outro usuário no ano seguinte. Seria, afinal, aquele livro ou impresso empregado pela escola, para desenvolvimento de um processo de ensino ou de formação (BATISTA, 2002, p. 534).
Apesar da clareza das conceituações, o termo livro didático acaba abarcando uma série de materiais impressos que circulam o ambiente escolar, assumindo com bastante freqüência funções diferentes daquelas para as quais foram elaborados e produzidos, aspectos que podem dificultar sua definição. (BATISTA, 2002; BITTENCOURT, 2004).
Atualmente, o livro didático vem sendo reconhecido como um material indispensável ao processo de escolarização. Entende-se que o livro didático é um material intimamente ligado ao processo de ensino-aprendizagem, ou seja, elaborado e produzido com a intenção de auxiliar as necessidades de planejamento, intervenção e avaliação do professor, bem como de contribuir para as aprendizagens dos alunos.
Os livros são um dos principais fatores que fazem com que a Paleontologia não seja adequadamente compreendida. Deste modo, faz-se necessário dar mais ênfase aos conteúdos desta ciência nos livros didáticos (MORAES; SANTOS; BRITO, 2007).
Sendo assim cabe aos professores avaliar as possibilidades e limitações dos livros recomendados pelo Ministério da Educação (MEC) e escolher livros que tratem de forma mais aprofundada os conteúdos da Biologia. Nesse sentido, o papel do professor frente a esses materiais será fundamental. Deverá ser capaz de apresentar aos alunos não apenas as idéias contidas no livro, mas também as de outros materiais, com pontos de vista divergentes, levando o aluno a refletir sobre a complexidade do tema trabalhado. Além disso, o livro deve ser apenas uma entre várias ferramentas para o ensino de Ciências, devendo o professor trabalhar também com textos educativos, além daqueles que os livros didáticos trazem, e filmes, documentários e reportagens em geral, que permitam integrar os conteúdos da Paleontologia à realidade de seus alunos (MORAES; SANTOS; BRITO, 2007).
4.2 Recursos didáticos
Embora muitos avanços podem e devem ser realizados na área de formação de professores, os materiais de apoio ao trabalho na sala de aula são muito necessários. O grande desafio dos professores é, então, decidirem quais os materiais adequados e de que forma este podem ser utilizados. Existe neste sentido uma variação de materiais à disposição do professor que podem contribuir para a melhoria de seu trabalho, que inclui, além do livro didático, os materiais paradidáticos, vídeos, softwares, etc. Portanto cabe ao professor selecionar o melhor tipo de material disponível diante de sua própria realidade e sua utilização deve ser feita de maneira que possa constituir um apoio efetivo, oferecendo informações corretas, apresentadas de forma adequada à realidade de seus alunos (NEVES et al. 2008, apud SCHWANKE, 2002; REIS, 2005).
O conhecimento e a divulgação da paleontologia são de suma importância para uma compreensão mais abrangente sobre aspectos biológicos, geológicos e ambientais, entretanto, ainda é notória a necessidade de recursos didáticos que auxiliem na sua divulgação e estimulem o interesse do aluno para esta ciência no ensino médio (MORAES; SANTOS; BRITO, 2007).
Muitas vezes, as informações a respeito dos fósseis transmitidas pelos educadores nas escolas são limitadas ao que se conhece através da mídia, apenas com conceitos que chamam a atenção do público, sendo tratados, até mesmo, de maneira errada (SCHWANKE; SILVA, 2004).
Atualmente a carência de recursos didáticos tem sido uma das grandes dificuldades para um aprendizado satisfatório (NEVES; CAMPOS; SIMÕES, 2008, apud ALVES; BARRETO, 2005). Uma da formas para reduzir esse problema é estimular nos cursos de licenciatura, a inovação de materiais e metodologias que permitam a transmissão do conhecimento paleontológico de forma mais criativa e atraente, incentivando assim os futuros professores (NEVES; CAMPOS; SIMÕES, 2008, apud SCHWANKE, 2002).
A Paleontologia apresenta conceitos fundamentais para a formação de cidadãos conhecedores dos fenômenos naturais. Jogos são recursos relevantes que os professores podem utilizar para motivar seus alunos ao aprendizado, de um modo geral, os jogos desempenham sua função como material didático auxiliar, estimulando a aprendizagem por parte dos alunos e auxiliando os professores, com um recurso a mais nas aulas Biologia. O jogo didático pode ser incorporado de forma efetiva à educação escolar do indivíduo, devendo ser utilizado de forma construtiva, tendo como objetivos a socialização, a cooperação, a confiança, a cognição, a interdependência, o desenvolvimento da identidade pessoal e a transmissão de conteúdos específicos (nesse caso Paleontologia) de forma prazerosa (NEVES; CAMPOS; SIMÕES, 2008).
É preciso criar um espaço na sala de aula que permita ao aluno questionar e refletir sobre as informações e o conteúdo a eles apresentados. Esse momento pode ser realizado a partir de atividades que estimulem o interesse dos alunos, além dos jogos podem ser apresentados aos alunos filmes, documentários, demonstrações de peças, murais didáticos, excursões a museus e outros lugares que contenham materiais para que os alunos possam analisar e outros. Assim é interessante que novos recursos didáticos sejam preparados para que as aulas sejam proveitosas e prazerosas para os alunos que as freqüentam deixando interessados sobre o tema.
5 METODOLOGIA
De acordo com Silva; Menezes (2001, p.21), este trabalho de conclusão de curso é uma pesquisa quantitativa e descritiva, pois considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requerendo o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem), além de envolver o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados (questionário) e observação sistemática (análise dos livros didáticos). Assumindo, em geral, a forma de Levantamento de dados que é uma pesquisa que envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Também é uma pesquisa quantitativa, pois, ao analisar os livros didáticos, estes se tornam uma fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave, não requerendo o uso de métodos e técnicas estatísticas para avaliação desta forma.
No início, foi analisado o PCN (BRASIL, 1999) para o ensino médio registrando-se o que é recomendado e como o mesmo sugere a abordagem do conteúdo de Paleontologia. Após foi feita uma quantificação dos temas em que a Paleontologia foi abordada, algumas escolas utilizam o mesmo livro adotado por outras, tendo sido analisado 4 (quatro) livros didáticos diferentes, que são utilizados entre todas as escolas públicas que possuem ensino médio na cidade, totalizando 8 (oito) escolas, observando a importância dada a essa ciência.
Os temas apresentando com os conteúdos de Paleontologia foram: conceitos de fósseis, processos de fossilização, tipos de fósseis, origem da vida, eras geológicas, adaptação das plantas, adaptação dos animais e evolução.
Foi verificada a ocorrência, ou seja, presença ou ausência de cada tema nos livros didáticos e calculada sua frequência de ocorrência em percentagem, sendo os dados registrados em planilhas.
A análise descritiva de como o ensino está sendo desenvolvido, foi feita pelos questionários apresentados aos 13 (treze) professores das escolas utilizadas para a pesquisa com o objetivo de verificar a importância dada a essa ciência pelos professores e os recursos utilizados para o aprendizado. Através das respostas coletadas pelos questionários foi feita uma percentagem para verificar como é mostrado o conteúdo de Paleontologia, averiguando a qualidade deste, sendo discutido mais à frente e apresentando os resultados em tabelas.
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS
O questionário aplicado a todos os professores de todas as escolas públicas que possuem ensino médio de Itaúna teve como objetivo de verificar a importância dada pelos professores e também como é apresentado os conteúdos da Paleontologia nas salas de aula. As perguntas obtiveram os seguintes resultados.
.
- Questão de número 1 (um): Há algumas suposições sobre o surgimento de novas espécies, porém as duas que apresentam maiores destaques são o criacionismo e o evolucionismo, as duas possuem várias ramificações. Em qual vertente você acredita?
Esta pergunta tem como meta, averiguar se há algum impedimento para a apresentação dos temas que envolvem a Paleontologia, a partir das respostas escolhidas pelos professores. O criacionismo contradiz os temas que a Paleontologia envolve, enquanto o evolucionismo tem como uma de suas bases esta ciência, se caso algum professor não transmitir para os alunos estes conteúdos, através desta resposta, pode nos dar algum indício do possível por que dos alunos não estarem aprendendo esta ciência. Através do gráfico nota-se que mesmo hoje com tantos avanços da ciência, que comprovam a teoria da evolução, ainda há um número significativo de professores de Biologia que acredita na teoria criacionista, entre os entrevistados 30,76% são criacionistas e 69,24% são evolucionistas.
.
- Questão de número 2 (dois): Muitas pessoas não concordam que os fosseis são provas concretas de que a vida na Terra tenha surgido há cerca de 3,8 bilhões de anos. Você acredita que os fosseis são evidências concretas desta teoria?
Esta questão teve como objetivo observar se os professores, mesmo com a comprovação científica que a Paleontologia proporciona, se eles acreditam ou não que os fósseis são provas concretas do surgimento da vida na Terra, averiguando os resultados a grande maioria dos entrevistados acreditam na comprovação que os fósseis proporcionam que segundo CASSAB, 2004, é através do estudo dos fósseis que se faz possível conhecer a vida do passado geológico da Terra. Pode-se notar que há um grupo que tem dúvidas desta afirmação, porém a maioria dos professores endossa o conhecimento através dos fósseis. Obteve-se a partir dos questionários que, 23,08% acreditam parcialmente que os fosseis são provas concretas de que a vida na Terra tenha surgido há cerca de 3,8 bilhões de anos, 76,92% acreditam plenamente e nenhum dos educadores não acreditamque os fósseis proporcionam essa afirmação.
.
- Questão número 3 (três): Infelizmente, o ensino da Paleontologia ainda não recebe a devida importância, sendo deficitário em todas as regiões de todo o Brasil. Em sua opinião, qual ou quais as razões dessa deficiência?
Esta pergunta teve com meta principal analisar, a partir da opinião dos entrevistados, o que está atrapalhando o ensino da Paleontologia. Para estes, a grande razão para esta deficiência está nos livros didáticos, que em sua maioria, abordam o tema de forma inadequada e/ou ineficiente, seguido pela falta de formação dos professores nesta área de conhecimento. Sabendo que o livro didático é um material indispensável ao processo de escolarização, e auxilia os professores no planejamento, intervenção e avaliação, deveriam dar mais ênfase ao conteúdo da paleontologia (MORAES; SANTOS; BRITO, 2007). Faz-se necessário também preocupar com uma melhor formação acadêmica dos profissionais que irão, eventualmente, trabalhar com este conteúdo, assim cabe as universidades terem a responsabilidade de formar educadores com capacidade de assumirem a responsabilidade de ensinar os conhecimentos advindos desta ciência. Obteve-se também que 38,46% acreditam que a falta de interesse dos alunos atrapalham o ensino desta ciência.
.
- Questão número 4 (quatro): Como, em sua opinião poderia ser sanada essa deficiência no ensino de Paleontologia no ensino médio?
O objetivo é de observar na resposta dos educadores, o que pode ser feito para melhorar o ensino de Paleontologia. Ao observar o gráfico pode-se ver que nenhuma das respostas se destacou muito, o que mostra que a deficiência no ensino de Paleontologia não pode ser sanada com a correção de apenas um dos fatores que à deixa apagada nas salas de aulas. 61,53% dos professores acreditam que a criação de atividades lúdicas envolvendo os conceitos é a melhor maneira de enriquecer o ensino. Atualmente a carência de recursos didáticos é uma das grandes dificuldades para um aprendizado satisfatório desta ciência, portanto, as utilizações de atividades lúdicas podem auxiliar os professores e motivar os alunos ao aprendizado (NEVES; CAMPOS; SIMÕES, 2008). 46,16% dos educadores também acreditam que a inserção de um capítulo sobre Paleontologia seria uma alternativa para sanar a deficiência do ensino desta ciência, uma vez que os livros analisados apresentam o assunto apenas de forma sucinta. As opções: reivindicação pelos professores e capacitação dos mesmos para ser sanada essa deficiência no ensino de Paleontologia no ensino médio obtiveram ambas 38,46% dos educadores entrevistados.
.
- Questão número 5 (cinco): De que maneira você aborda o tema Paleontologia na sala de aula?
Sabendo que a Paleontologia fornece dados para o conhecimento da evolução biológica dos seres vivos através dos tempos, pode-se contatar através da pesquisa que este tema ainda é visto pelos professores do ensino médio de forma superficial, comprovando que esta ciência ainda não atinge sua devida importância, comprova também que se faz necessário o aprofundamento e capacitação desta ciência pelos professores.
.
- Questão número 6 (seis): Em sua opinião, quais os principais objetivos buscados ao trabalhar com o conteúdo de Paleontologia.
Todos os professores concordam que conhecer a evolução dos seres vivos é um dos objetivos principais ao trabalhar o conteúdo de Paleontologia. Todos os educadores vêem o estudo desta ciência como seguimento da evolução, e um grande número consideram também a vida do passado geológico da terra como um dos principais objetivos buscados ao se trabalhar a Paleontologia dentro da sala de aula. Uma vez que este conteúdo, além de estudar a evolução dos seres vivos, é responsável pelo estudo da história geológica da Terra estimando a datação relativa das camadas, pela ocorrência de diversos grupos de plantas e animais fósseis ou pelo grau de evolução. Apesar desta ciência não possuir um capítulo a parte nos livros didáticos, todos os professores abordam de alguma forma o estudo deste tema.
.
- Questão 7 (sete): Quais os métodos e técnicas que você utiliza no ensino de Paleontologia?
O objetivo desta questão é de averiguar de que forma a Paleontologia é apresentada aos alunos. Através da ilustração nota-se que, maioria dos professores faz uso constante apenas do livro didático, o que mostra que estes não costumam utilizar de nenhuma outra técnica para fazer com que as aulas sejam mais interessantes e participativas, o que pode prejudicar o aprendizado do aluno sobre os temas apresentados.
.
- Questão número 8 (oito): Entre os temas abaixo quais você apresenta aos alunos?
A partir dos resultados da pesquisa pode-se observar que os professores valorizam o estudo da paleontologia, dando grande importância a alguns temas. O tema evolução obteve 100% de escolha, 92,30% dos entrevistados apresentam aos alunos o tema origem da vida e 76,92% ensinam o conceito de fóssil aos alunos. Outros temas também são abordados, mas apenas de forma superficial. Está questão tem o intuito de analisar os possíveis conteúdos em que a Paleontologia pode ser apresentada aos alunos pelos professores, sendo que esta, não possui um capítulo próprio, fazendo com que este conteúdo na maioria das vezes seja estudado de forma superficial.
.
- Questão número 9 (nove): Os livros didáticos adotados tratam adequadamente o tema Paleontologia?
De acordo com a grande maioria dos professores os livros didáticos apresentam o tema Paleontologia razoavelmente, deixando claro que o livro didático é um dos fatores que faz com que a Paleontologia não seja adequadamente compreendida. A ausência de um capítulo separado para o estudo desta ciência faz com que os educadores precisem fazer uso de outros tipos de matérias para poder trabalhar o conteúdo na sala de aula. Deste modo, faz-se necessário que se dê mais ênfase aos conteúdos desta ciência nos livros didáticos.
.
Questão número 10 (dez): Em sua opinião em qual das disciplinas abaixo a paleontologia deve ser apresentada para os alunos no ensino médio?
Comprovando o que se diz no PCN, 1997, é papel das disciplinas Biologia e Geografia tratarem os assuntos ligados a Ciências Naturais, incluindo a Paleontologia que se faz presente nas duas disciplinas.
.
O outro enfoque da pesquisa foi analisar os livros didáticos adotados para o ensino médio. Esta observação teve o intuito de, analisar como é apresentado o conteúdo da paleontologia nos livros didáticos entre as escolas visitadas.
O PCN (BRASIL,1997) menciona os temas da Paleontologia inseridos na abordagem de outros assuntos, por tanto não há um capítulo separado para se tratar cada um dos temas no ensino médio.
Foram analisados 4 (quatro) livros de autores diferentes. Todos os livros observados possuem aprovação do MEC (Ministério da Educação). Os livros foram analisados quanto à importância dada aos temas: conceito de fóssil, processos de fossilização, tipos de fósseis, origem da vida, eras geológicas, adaptação das plantas, adaptação dos animais e evolução.
Um dos livros apresenta quase todos os temas relacionados à Paleontologia, deixando de apresentar somente os processos de fossilização. Os demais livros não apresentam todos os temas necessários para o estudo de Paleontologia, a menção sempre é feita de maneira pouco expressiva e com conceitos superficiais, dificultando as relações que os alunos precisam ter sobre o conteúdo desta ciência.
Durante a análise pode-se observar que em todos os livros o tema origem da vida possui um capítulo a parte. Alguns destes livros relacionam sucintamente a Paleontologia quando citam os fósseis. Dentro deste capítulo é tratado, ainda que superficialmente, temas como as eras geológicas da Terra, apresentando tabelas geológicas indicando o aparecimento dos seres vivos na Terra; a grande extinção das espécies e também o tempo geológico da Terra.
Outro tema que possui um capítulo próprio é sobre evolução. Quando tratado este assunto faz uma relação com um dos princípios da Paleontologia, que é fornecer dados para o conhecimento da evolução biológica dos seres vivos através dos tempos (CASSAB, 2004). Neste capítulo, em um dos livros os autores deste, deixam claro que os fósseis são evidências da evolução, apresentando os conceitos e os tipos de fósseis, mas não tratam dos processos que deram origem a essa fossilização.
Temas como a adaptação dos animais e das plantas são tratados de forma resumida, citado apenas em pequenos trechos, mostrando alguns tipos de fósseis que foram encontrados. A baixa ênfase dada a estes assuntos dificulta a percepção dos educandos quanto à importância da Paleontologia para a compreensão da evolução das formas de vida.
CONCLUSÃO
Neste trabalho procurou-se elucidar as principais formas de apresentação da Paleontologia na educação através da análise dos livros didáticos adotados em todas as escolas públicas do ensino médio de Itaúna-MG e averiguar a importância dada aos conceitos dessa ciência pelos professores de biologia destas instituições.
Pelos questionários pode-se constatar que o ensino de Paleontologia precisa ser reformulado, pois a grande maioria dos professores abordam os temas de maneira superficial dando maior importância apenas a alguns temas (Evolução e Origem da vida) e não apresentando todo o conteúdo que envolve a Paleontologia. Alguns professores mencionam que somente o livro didático é utilizado como recurso de ensino. O professor deve estar em constante busca de instrumentos e recursos que venham a enriquecer a sua prática pedagógica. Percebemos que a capacitação e formação dos professores será um meio, pelo qual os auxiliarão a compreender e dar segurança no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. A função dos profissionais da educação, nesse sentido, deve ser, além de uma constante atualização do conhecimento teórico, buscar estratégias para estimular o interesse dos alunos em relação à paleontologia, para que torne mais dinâmico o aprendizado dessa ciência. A defasagem do ensino de Paleontologia, segundo alguns professores, está ligada também aos livros didáticos, instrumento muito utilizado no ensino, pois estes abordam, ou se abordam de forma superficial e inadequada os temas desta ciência.
Com relação aos livros didáticos foram constatadas deficiências nas abordagens de alguns assuntos como: adaptação das plantas e animais, processos de fossilização, tipos de fósseis, e eras geológicas. Ao analisar o PCN, notamos que a exigência do estudo da Paleontologia é superficial, inserindo sua abordagem em outros estudos da biologia. Assim, o fato de os conteúdos de Paleontologia não serem encontrados de forma clara e abrangente nos livros didáticos evidência uma deficiência que precisa ser corrigida através do PCN, o qual deveria trazer estes assuntos com maior destaque e importância, já que se trata de uma matéria essencial para a compreensão da história da terra.
É necessidade ampliar e enfatizar a abordagem da Paleontologia nas salas de aula, bem como nos PCN e, principalmente, nos livros didáticos, tendo em vista que o conhecimento advindo desta ciência mostre aos alunos que as teorias científicas possuem bases concretas, tornando os estudantes pessoas críticas sobre os acontecimentos a sua volta.
REFERÊNCIAS
ANELLI, L. E. O passado em suas mãos: guia para coleção de réplicas. São Paulo, Universidade de São Paulo, 2002.
BATISTA, A. A. G. Um objeto variável e instável: textos, impressos e livros didáticos. In: ABREU, M. (Org.). Leitura, história e história da leitura. Campinas: Associação de Leitura do Brasil; São Paulo: FAPESP, 2002.
BITTENCOUT, C. M. F. Em foco: história, produção e memória do livro didático.
Educação e Pesquisa, São Paulo v. 30, n. 3. set./dez. 2004.
BIZZO, Nélio. Ciências: fácil ou difícil? 2ª ed. São Paulo: Ática, 2002.
BLACK, M. R. Elementos de Paleontologia. São Paulo: Fundo de Cultura Econômica, 1976.
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio: ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília, DF. Secretária da Educação Média e Tecnológica,1997.
BRUSCHI, Odir. Ensino de ciências e qualidade de vida: inquietação de um professor. Passo Fundo: UPF, 2002. Cap 1: Relações desconectadas.
CASSAB, M.; MARTINS, I. A escolha do livro didático em questão. Atas do IVEncontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, Bauru, SP, 25-29 de nov, 2003.
CASSAB, R. C. T. Objetivos e Princípios. In: Carvalho, I.S. (Ed).
Paleontologia. 2 ed. Rio de Janeiro, Interciência, 2004.
CHOPPIN, A. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte. São Paulo: Educação e Pesquisa, 2004. XIII Congresso Brasileiro de Paleontologia. Dermeval A. do Carmo (Organizador). A paleontologia e suas aplicações: boletim de resumos. Brasília, DF. 2003. Disponível em:
DANTAS, M, T; Araújo, M, O. Novas tecnologias no ensino de Paleontologia: Cd-romsobre os fósseis de Sergipe. Revista eletrônica de Investigación en Educación em Ciências. 2006. CD Rom Disponível em:
FILIPE, Carlos Henrique de Oliveira. Fósseis: formação, classificação e importância paleontológica. 2008. Disponível em:
GÜNTHER, Hartmut. Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa:
Esta É a Questão?. Psicologia: Teoria e Pesquisa Maio-Ago 2006, vol. 22, n. 2. Universidade de Brasília, DF. Disponível em:
MELLO, J. M. C. ; ANDRADE, E. P. ; HASENCLEVER, L. . O avanço do conhecimento técnico-científico: os casos COBRA e CSN. XVII Simpósio Nacional de Gestão da Inovação Tecnológica, 1992, São Paulo. Anais do XVII PACTO. São Paulo: USP, 1992.
MENDES, J. C. Paleontologia básica. São Paulo: USP, 1986.
MENDES, J. C. Introdução à paleontologia. 2 ed. São Paulo: Nacional, 1965.
MORAES, Simone; SANTOS, Joelma; BRITO, Maria Mônica. Importância dada à Paleontologia na educação brasileira: uma análise dos PCN e dos livros didáticos utilizados nos colégios públicos de Salvador, Bahia. In: Carvalho, I. S et al. (Ed). Paleontologia: cenários de vida, v. 2, Rio de Janeiro: Interciência, 2007.
NEVES, Jacqueline Peixoto; CAMPOS, LUNARDI, Luciana; SIMÕES, Marcello Guimarães. Jogos como recurso didático para o ensino de conceitos paleontológicos básicos aos estudantes do ensino fundamental. 2008. Disponível em:
NÚÑEZ, I. B; RAMALHO, B. L; SILVA, I. K. A seleção dos livros didáticos: um saber necessário ao professor: o caso do ensino de ciências. 2002. Revista Iberoamericana de Educación. Disponível em:
PEDRANCINI, Vanessa Daiana et al. Ensino e aprendizagem de Biologia no ensino médio e a apropriação do saber científico e biotecnológico. Universidade Estadual de Maringá. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciências, v. 6, n. 2, 2007. Disponível em:
REIS, Márcia Aparecida Fernandes. Sistema multimídia educacional para o ensino de Geociências: uma estratégia atual para a divulgação da Paleontologia no ensino fundamental e médio. Anuário do Instituto de Geociências, UFRJ, v. 28. 2005. Disponível em:
SANTOS, Bruna de Cássia Pereira et al. Importância do livro didático: eficiência e/ouineficiência deste instrumento no processo de ensino-aprendizagem. Curso de Especialização em fundamentos lingüístico-literário-pedagógicos do processo de produção de leitura e escrita. Universidade da Região da Campanha. 2008. Disponível em:
SCHWANKE, C; Silva, M. A. J. Educação e Paleontologia. In: CARVALHO, I. S. (Ed.) Paleontologia, Rio de Janeiro: Interciência, 2. ed. 2004.
SILVA, Edna Lúcia; MENEZES, Estera Muszkat. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3. ed. Universidade Federal de Santa Catarina. 2001. Disponível em:
SOUZA, D. Livro didático: arma pedagógica? In: Interpretação, autoria e legitimação do livro didático. Coracini, M. (Org). Campinas, SP: Pontes, 1999.
VALE, José Misael Ferreira do. Educação científica e sociedade. In: Questões atuais no ensino de Ciências. (Org) NARDI, Roberto, São Paulo: Escrituras, 1998.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
CERVO, Amado L; BERVIAN, Pedro A. Metodologia Científica. 5ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000.
.
Fonte:
http://www.webartigos.com/articles/24068/1/paleontologia-estudo-do-ensino-e-dos-materiais-didaticos-de-biologia-utilizados-nas-escolas-publicas-do-ensino-medio-de-itauna-mg/pagina1.html
.
.
.