segunda-feira, 16 de novembro de 2009

“Megafauna Mamífera em João Sá, Bahia.”

Por Mário André Trindade DANTAS1 e Maria Helena ZUCON2
1 - Centro da Terra – Grupo Espeleológico de Sergipe, e-mail do primeiro autor: matdantas@yahoo.com.br.
2 - Laboratório de Paleontologia, DBI/UFS, Cidade Universitária “Professor José Aloísio de Campos”, Jardim Rosa Elze, Cep. 49100-000, São Cristovão, Sergipe.
Do artigo:
DANTAS, Mário André Trindade; ZUCON, Maria Helena. “Sobre a Ocorrência de Fósseis da Megafauna do Pleistoceno Final em Coronel João Sá, Bahia, Brasil.” Guarulhos (São Paulo): UnG - Universidade Guarulhos, Geociências (r), v. 6, n.1 2007.

Resumo: “Os principais registros sobre as descobertas de fósseis da megafauna (mamíferos gigantes) pleistocênica em tanques no Estado da Bahia foram realizados na década de 50, no entanto, trabalhos recentes começaram a divulgar novas localidades e descrever os fósseis que nelas existem. O presente trabalho tem com objetivos a descrição de fósseis pertencentes aos táxons: Tardigrada (Megatheriidae, Eremotherium laurillardi), Proboscidea (Gomphotheriidae, Stegomastodon waringi) e Notoungulata (Toxodontidae, Toxodontinae), além da realização de inferências tafonômicas e paleoecológicas. Estes fósseis foram coletados em um tanque localizado na Fazenda Caraíba, município de Coronel João Sá, Bahia, sendo este o primeiro registro da descoberta de fósseis da megafauna neste município.”
Palavras-chave: Megafauna do Pleistoceno. Stegomastodon waringi. Eremotherium laurillardi. Toxodontinae. Coronel João Sá. Bahia.

Foram encontrados, em João Sá, Bahia, fósseis de dentes e ossos de elefantídeo de, no mínimo, três indivíduos, misturados em um tanque.
Dentre os elefantes extintos, os gêneros Stegomastodon e Cuvieronius viveram na América do Sul, pertencendo à Família Gomphotheriidae, sendo que apenas o primeiro habitou o Brasil. Do gênero Stegomastodon, apenas a espécie Stegomastodon waringi existiu no Brasil como um todo e, portanto, na Bahia. No sul do Brasil, no Rio Grande do Sul, assim como na Argentina e Uruguai, também aparecia a espécie Stegomastodon platensis.
Apareceram, na mesma jazida, associados fragmentos de dentes, do rádio esquerdo, de falanges, da tíbia direita de preguiça terrícola gigante.

As preguiças terrícolas gigantes estão ligadas à Subfamília Megatheriinae, aparecendo, na América do Sul, duas espécies pleistocênicas, a Eremotherium laurillardi e a Megatherium americanum, sendo que esta última ocorre apenas no Estado do Rio Grande do Sul. Os fósseis encontrados em João Sá, portanto, são identificados como da espécie Eremotherium laurillardi. Considerando que as porções proximal do radio esquerdo e da tíbia direita apresentam a diáfise e epífise completamente soldadas, indicando terem pertencido a um animal adulto. Entretanto, quando medidas indicam serem diminutas “quando comparadas com as medidas dos maiores indivíduos desta espécie”. Por isto temos certamente indivíduos adultos mas não de tão grande porte, podendo tratar-se de uma ou duas fêmeas adultas.

Também foram encontrados fósseis do gênero Toxodon, basicamente fragmentos de dentes, tíbia e rádio. No Pleistoceno brasileiro ocorrem, para alguns autores, dois gêneros, Toxodon platensis e Trigodonops lopesi, para outros apenas duas espécies, Toxodon platensis e Toxodon lopesi. Neste trabalho, como o material não foi suficiente para elucidar o problema, foi classificado apenas a nível de Subfamília, a Toxodontinae.
Os dentes molares mostram terem pertencido indivíduo adulto, distinguível pois os molares de indivíduos velhos possuem sulco anterior simples, enquanto que em molares de indivíduos juvenis “o sulco anterior apresenta-se duplicado, com uma face voltada para o lóbulo posterior”.
Estes fósseis “foram descobertos de forma acidental no momento em que trabalhadores faziam a “limpeza” do tanque da Fazenda Caraíba”. Daí se perderem várias informações em relação à fossilização. Houve, entretanto, a presença de ossos de diferentes densidades, o que “indica que os ossos sofreram pouco transporte, não seletivo, até o tanque”. A sugestão do trabalho é que “provavelmente estes animais viviam em bandos, compostos por indivíduos jovens e adultos, próximos ao tanque utilizando o mesmo como fonte de água”.

Sugere-se que as espécies Eremotherium laurillardi e Stegomastodon waringi apresentavam uma dieta baseada principalmente em gramíneas, e, ocasionalmente, folhas e frutos. A dieta do Stegomastodon waringi era aparentemente mais abrangente, “incluindo também ramos de pequenos arbustos”.
Os toxodontes apresentavam provavelmente “uma dieta baseada em gramíneas e plantas aquáticas, e tinham possivelmente hábitos semi-anfíbios, como os dos atuais
hipopótamos”.
Daí este trabalho indicar que “a região de Coronel João Sá apresentava uma fisionomia vegetal diferente da atual, apresentando um ambiente de cerrado, composto por comunidades arbustivas, savanas abertas e campos, como já proposto anteriormente para todo o Nordeste brasileiro”.
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Para baixar este trabalho em sua íntegra:
http://www.4shared.com/file/156721623/9865c43a/Dantas_Zucon_Megafauna_Joo_S.html
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