segunda-feira, 30 de novembro de 2009

"Fósseis voltam para Lagoa Santa em 2010"

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Considerando a identidade de material fossilífero e a ação exemplar dos paleontólogos e Museus mineiros, cabe sempre chamar a atenção para o desenvolvimento das suas ações.
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Matéria:
Fósseis voltam para Lagoa Santa em 2010
Por Gustavo Werneck - Estado de Minas
Foto: Emmanuel Pinheiro / EM / D.A PRESS
Matéria publicada em Domingo 24 de maio de 2009
em:
http://wwo.uai.com.br/UAI/html/sessao_8/2009/05/24/em_noticia_interna,id_sessao=8&id_noticia=111639/em_noticia_interna.shtml
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Coleção das peças enviadas há quase 200 anos à Dinamarca, pelo naturalista Peter Lund, será exposta em novo centro cultural e receptivo turístico, na Gruta da Lapinha.
O governo da Dinamarca vai ceder a Minas, em regime de comodato, por 10 anos, com possibilidade de prorrogação, cerca de 300 fósseis do Museu Zoológico da capital Copenhague. As peças, de um total de 12.622, foram enviadas àquele país, a partir de 1845, pelo naturalista Peter Lund (1801-1880), que viveu mais de quatro décadas em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e é considerado o “pai da paleontologia brasileira”.
A boa notícia foi trazida, esta semana, pela assessora do vice-governador Antonio Anastasia e coordenadora do programa Linha Lund, Natasha Nunes, e pelo professor da PUC Minas Castor Cartelli, emissários do governo estadual à capital dinamarquesa para fechar as negociações com autoridades locais. A expectativa é de que a coleção seja mostrada no ano que vem, no centro cultural e receptivo turístico a ser construído ao lado da Gruta da Lapinha, em Lagoa Santa.
Entre as preciosidades de “Lagoa Santa que voltam para Lagoa Santa”, conforme diz Natasha, está parte do material encontrado por Lund na Lapa Vermelha, gruta destruída por uma empresa, na década de 1970, para transformar o patrimônio natural em sacos de cimento. No Museu Zoológico, que faz parte dos Museus Universitários de Copenhague, estão o crânio do primeiro homem que viveu na América, há 11 mil anos, além de ossos de raposa, de onça, de tigre-dente-de-sabre e até de um urso, com datação da mesma época.
“A Lapa Vermelha era um templo, onde foram encontrados restos humanos. Temos que destacar que a Dinamarca preservou o acervo paleontológico, enquanto nós destruímos. Esse entendimento é de suma importância, pois teremos de volta o primeiro mineiro, o que serve para criar uma maior conscientização ambiental”, diz o professor Cartelli, que localizou, no museu dinamarquês, um registro de Lund em plena atividade dentro da gruta, com os estalactites parecendo flocos de neve. Trata-se de um desenho a nanquim colorido, datado de 1839 e feito pelo norueguês Brandt, então secretário do paleontólogo. A exemplo dos ossos da raposa e da onça, que aparecem nesta página, a gravura também é inédita para a maioria dos brasileiros. No entanto, o original vai continuar no Museu de Copenhague.
A expectativa é de que a Dinamarca envie outras peças, as quais pertenceram à Gruta de Maquiné, em Cordisburgo, na Região Central de Minas, e integram o lote levado por Lund. “Assim, uma parte ficaria exposta em Lagoa Santa e outra em Cordisburgo”, sugere Cartelli, que está à frente da área de paleontologia do Museu de Ciências Naturais da PUC, em BH, e tem esperança de que o material repatriado atinja até 4% do que está guardado na Dinamarca.
Durante os encontros com o diretor dos Museus Universitários, Morten Melgaard, e Hane Starger, diretora do Museu Zoológico e responsável pela coleção Peter Lund, os emissários mineiros ouviram algumas recomendações para que o material continue em bom estado de conservação. “Eles exigem local climatizado, ar refrigerado, iluminação adequada, geradores próprios e outras questões técnicas. Tudo isso será cumprido à risca, assim como o nome do receptivo, que será Centro Cultural Peter W. Lund, pois os dinamarqueses fazem questão”, adiantou Natasha.
Ela ressaltou que o governo de Minas vai investir R$ 2 milhões na construção do receptivo turístico, cuja pedra fundamental foi lançada na semana passada por Anastasia. Em Copenhague, a coleção é tratada como material científico, ficando armazenada e, portanto, sem exposição permanente.

A coordenadora Natasha Nunes e o professor Castor Cartelli negociaram o empréstimo com o governo dinamarquês.

COOPERAÇÃO CIENTÍFICA

A próxima etapa das negociações ocorrerá ainda nesta semana, quando será enviada uma carta do governo de Minas às autoridades dinamarquesas para ratificação do compromisso. O portador será o cônsul-geral da Noruega e presidente da Câmara de Comércio Brasil-Dinamarca, que representa os dois países escandinavos, o dinamarquês Jens Olesen, que acompanhou a equipe nos encontros em Copenhague, já visitou a região de Lagoa Santa e vem apoiando, desde o ano passado, a campanha para retorno do material paleontológico.
A campanha para retorno dos fósseis começou há dois anos, tendo à frente a Prefeitura de Lagoa Santa, sendo depois encampada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), que inaugura, até julho, o Parque do Sumidouro, de 2 mil hectares, que fica entre Lagoa Santa e Pedro Leopoldo. Nessa unidade de conservação administrada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), onde fica a Lapinha, será construído o Museu dos Primeiros Americanos, a quatro quilômetros do receptivo turístico, e que será usado para exposições sobre os habitantes pioneiros do continente. A proposta é do professor da Universidade de São Paulo (USP) Walter Neves, que faz pesquisas no parque, a exemplo dos estudos, no século 19, de dr. Lund. O custo estimado é de R$ 2 milhões, também bancados pelo governo estadual.
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