quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Smilodon... Mordida não tão forte, porém altamente eficiente.


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O Smilodon, popularmente conhecido como “Tigre-de-dentes-de-Sabre”, foi um dos mais aterrorizantes predadores mamíferos que existiram em nossos terrenos.
Esses predadores sempre foram lembrados como grandes colossos destruidores, entretanto, um trabalho recente deixou muito claro um ponto, que é a falta de força da sua mordida. Reconstituições e modelamentos, com comparações permitiram entender que a força da mordida de um Smilodon foi cerca de 1/3 da força da mordida de um Leão (Panthera leo).
Um leão costuma utilizar sua mordida de maneira que exige aplicação de força mais intensa, geralmente visando estrangular a vitima. Seus dentes caninos chegam a, no máximo, 07 centímetros de comprimento. Já um Smilodon tinha dentes caninos de até entre 18 e 25 centímetros não se fiava tanto em força de mordida, mas em precisão de penetração.
Testes computadorizados indicam que uma mordida do Smilodon seria um problema ao ser aplicado em uma vítima em movimento, provavelmente resultando na quebra dos seus longos dentes. Sua estruturação física também não era a de um corredor. Portanto, o que se espera ter sido o comportamento de um Smilodon, em sua predação, é ter sido um caçador que se postava em tocaias, arrematando a curta distância. Após isto, dedicava-se a derrubar a presa enquanto buscava um ponto frágil, como pescoço ou ventre, no qual cravava suas presas.
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A eficácia do Smilodon nesse comportamento é evidenciada pela raridade de se encontrarem exemplares com dentes quebrados em vida.
O entendido é que o Smilodon não era ágil e adeqüado a presas pequenas, como veados, mas sim apropriados aos grandes mamíferos. Precisamente isto teria sido o que levou o Smilodon à extinção. O rareamento e extinção das suas grandes presas, como as grandes preguiças terrícolas, fez com que o seu maior predador fosse levado a um paralelos rareamento e extinção.
Um exemplar do Smilodon populator, em Lagoa Santa, Minas Gerais, foi datado em 9.260 +- 150 anos atrás, por Luís Piló e Walter Neves, em 2003.
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O artigo que forneceu maiores subsídios a esta explicação é:
McHenry, Colin R.; Wroe, Stephen; Clausen, Philip D.; Moreno, Karen; Cunningham, Eleanor. "Super-modeled sabercat, predatory behaviour in Smilodon fatalis revealed by high-resolution 3-D computer simulation." (Estados Unidos da América do Norte): Procedings of National Academy of Sciences, v.104, n.41, p. 16.010 - 16.015, outubro de 2007.
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Imagens de destaque do artigo:
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Figura 1. Construção de modelos. (A) Modelo com o sistema de músculos de um Leão moderno (Panthera leo), mostrando, em azul, o músculo temporal, e em vermelho, músculo Masseter, com suas estruturas e áreas de ancoramento. (B) Modelo de Smilodon fatalis mostrando a assembléia equvalente à do leão de músculos do pescoço.
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Figura 3. Distribuição do estresse pela aplicação de força ao dentes caninos. (A) Lion com aplicação de força de 2.000-N de força lateral. (B) A mesma aplicação sobre um Smilodon fatalis. (C) Aplicação a Smilodon fatalis de força com 100-Nm de moment axial. (D) Aplicação a Smilodon fatalis de força de 2.000-N anterior.
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Figura 4. Estresse Von Mises com aplicações de intrínsecas. (A) Predição de tensões em leão (Panthera leo) com mordida com força de 3.388 N e Smilodon fatalis de 1.104 N (à direita). (B and C) Mordida de Smilodon fatalis calculadas como se ele tivesse massa corporal de 229 kg (2,110 N), atuando somente os músculos adutores da mandíbula (B) e a associação entre músculos do pescoço e da mandíbula(C).
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