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A Praia da Barra, em Salvador, Bahia, apresenta, costumeiramente, próximo ao Morro do Cristo, áreas escuras. Estas são, muitas vezes, confundidas pelos leigos com sujeira. Trata-se, entretanto, de uma deposição natural de um mineral denominado Ilmenita, que é um óxido natural de Ferro e Titânio - FeTiO3. É, portanto, uma areia titanífera.
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Entre as atuais Praias da Barra e de Ondina, em Salvador, o acúmulo de areias escuras era tanto que havia uma praia denominada Praia de Areia Preta.
João Bigarella (*2) lembra que "a ação das correntes marinhas e das ondas é responsável pela construção e modificação das linhas de praia. As correntes transportam o material mecanicamente e as ondas selecionam-no."
Bigarella (*2) lembra também que "um depósito praial sempre é estratificado." Daí, outro ponto para o qual deve ser chamada a atenção, para a Areia Preta da Praia da Barra, em Salvador, é a formação de níveis, bem visível em cortes, devido à sucessão de deposição de camadas mais ricas em ilmenita ou quartzo. Além disto, há a influência da deposição alternada de sedimentos especialmente de areia mais fina e mais grossa, seqüencialmente.
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A sua observação deixa claro que, nas estruturas sedimentares de areia quartzosa mais afastadas do Morro do Cristo e próximas do Farol da Barra, a quantidade de titanita diminuiu bastante.
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Sua fonte são os intemperismo e erosão das rochas vizinhas, granulitos antigos, com 2,2 a 2,0 bilhões de anos de idade.
Acumulação similar acontece em pontos do litoral brasileiro.
A Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM estudou os depósitos similares de areias ilmeníticas localizados no Município de Ituberá, que se estendem entre os cordões litorâneos dos Municípios de Valença a Itacaré.
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A jazidas da CBPM localizadas na região de Pratigi, no litoral sul da Bahia, representam 8,2 milhões de toneladas de areias ilmeníticas, com teor médio de 3,09% com “minerais pesados”, que são, predominantemente ilmenita, estaurolita e zirconita. Estes agrupam-se em maior concentração em depósitos antigos relacionados a cordões litorâneos antigos.
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As análises mineralométricas efetuadas em 50 amostras de material concentrado conduziu aos seguintes percentuais, para Pratigi, que provavelmente são similares àqueles encontrados nas areias da Praia da Barra, em Salvador:
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MINERAL - (%) - Fonte: (*1)
Ilmenita - 75,14
Estaurolita - 9,31
Zirconita - 4,83
Cianita - 4,26
Silimanita - 1,65
Turmalina - 1,33
Actinolita - 1,22
Andaluzita - 0,97
Granada - 0,59
Rutilo - 0,35
Hiperstênio - 0,23
Espinélio - 0,07
Epidoto - 0,02
Monazita - 0,02
Muscovita - Traços
Anatásio - Traços
Clorita - Traços
Biotita - Traços
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A questão do impacto ambiental para a exploração dessas jazidas é sempre discutida, considerando a localização de parte das jazidas. Na região de Pratigi, por exemplo, a CBPM desenvolveu estudos que indicaram que, de 21.972.489 toneladas de minério, 1.215.518 toneladas estão situadas em Zona de Mangue e 449.752 em e Zona de vida silvestre.(*1)
Outras Praias Pretas ocorrem no litoral brasileiro, geralmente relacionadas também à presença da Titanita. Destacam-se as situadas em Guarapari, no Espírito Santo, e Natal, no Rio Grande do Norte.
Foram anotadas jazidas similares na Ilha do Mel, Paraná. (*2)
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Fontes:
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(*1) - http://www.cbpm.com.br/paginas/prospectos.php
(*2) - BIGARELLA; João José. “Contribuição ao Estudo da Planície Litorânea do Estado do Paraná.” Curitiba (Paraná): Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas, Braz. arch. biol. technol., v.jubilee. dezembro de 2001.
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