sábado, 9 de janeiro de 2010

"A história geológica de Abrolhos", por Eduardo Geraque

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Publicado em 4/9/2003
Por Eduardo Geraque
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"Agência FAPESP - Em tempos de mudanças climáticas globais, entender a história evolutiva de determinada planície costeira da Terra pode gerar uma ferramenta ambiental essencial para o futuro. Ainda mais se ela contém populações humanas, recifes de corais e uma alta biodiversidade marinha.
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Com base nesse pensamento, um grupo de cientistas brasileiros, liderado por Ana Andrade, do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus (BA), resolveu investigar o comportamento geológico da planície costeira de Caravelas, localizada no sul da Bahia, entre os rios Mucuri (ao sul) e Jequitinhonha (ao norte).
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Os pesquisadores se detiveram no Período Quaternário, que, segundo a Escala do Tempo Geológico começou há 1,6 milhões de anos e dura até os dias atuais. O estudo Quaternary evolution of the Caravelas strandplain – Southern Bahia State – Brazil está publicado na edição corrente dos Anais da Academia Brasileira de Ciências, que pode ser consultado no endereço eletrônico http://www.scielo.br.
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No caso específico do processo evolutivo de formação dos corais do sul da Bahia - Abrolhos, que está inserido na área de estudo, é considerado o maior e mais rico complexo coralino do Oceano Atlântico Sul –, quatro grandes fases evolutivas foram identificadas. O estudo coletou amostras de terrenos antigos no coral Coroa Vermelha, que fica próximo a Abrolhos.
O estabelecimento inicial dos corais no Sul da Bahia ocorreu há 7,7 mil anos. Naquele período, o nível do mar estava mais alto do que o atual. Os recifes de corais cresciam 1,5 milímetros por ano. A fase de grande crescimento das formações coralinas ocorreu quando o nível do mar regredia, mas ainda estava acima do que está hoje. Há 4,4 mil anos, aproximadamente, os corais baianos cresciam na ordem de 5,5 milímetros ao ano.
O terceiro estágio de evolução foi marcado por dois pontos de inflexão. O nível do mar se aproximou ao atual e os corais pararam de crescer na vertical. Junto com José Dominguez e Louis Martin, da Universidade Federal da Bahia, que também assinam o trabalho, Ana identificou um outro tipo de crescimento. Há 1,5 mil anos, aproximadamente, os corais do Nordeste do Brasil começaram a crescer para as laterais. Os testemunhos geológicos corroboram com bastante precisão esta informação. O trabalho atual parte de descobertas feitas pelos pesquisadores Zelinda Leão e Ruy Kikuchi, que também estudaram a geologia da região.
Prova de que o entendimento da geologia costeira de Caravelas é importante para os dias de hoje - e para o futuro - está no quarto estágio de evolução identificado pelos pesquisadores. Nos últimos 1,5 mil anos começaram a aparecer sinais de degradação dos corais, que se estendem até o presente. Não é difícil cruzar as linhas de evolução da geologia local com a da evolução humana, para entender uma das causas do problema."
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Fonte:
http://www.agencia.fapesp.br/materia/536/divulgacao-cientifica/a-historia-geologica-de-abrolhos.htm

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Referências de localização em Abrolhos:

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1 - Ilha Siriba – Única do Parque aberta aos visitantes, ao desembarcar percorre-se uma trilha de 1.600 metros que circunda a ilha. Centenas de pequenas conchas e corais se acumulam na ponta sudoeste da ilha, formando uma espécie da praia. A outra extremidade é formada por piscinas naturais que abrigam peixes coloridos e caramujos. Uma grande quantidade de pilotos procura a Siriba para fazer seus ninhos.
2 - Ilha Guarita – É a menos do Parque e repleta de pedras arredondadas que parecem pintadas de branco. Na realidade, esta cor é originada das fezes das inúmeras aves que vivem no local, como o Benedito, que elegeram a ilha para pouso e procriação.
3 - Ilha Redonda – A mais alta de todas, só perde para a Santa Bárbara, que se encontra fora dos limites do Parque. Possui encostas abruptas onde fragatas costumam fazer seus ninhos. Durante o verão, recebe a visita das tartarugas-cabeçudas para a desova.
4 - Ilha Sueste –A mais distante do arquipélago encontra-se a 1.300 m da Siriba é também a mais preservada, justamente pela dificultada de acesso. A ausência do homem na ilha permite que as aves marinhas espalhem seus ninhos por quase todos os cantos.
5 - Naufrágio Rosalina – A popa está a 20 metros de profundidade, mas a proa aflora na superfície na maré baixa, oferecendo boas oportunidades para mergulho livre e autônomo. Espie pelas escotilhas e “suba” a escada no convés. Cuidado com as correntes, que costumam ser muito fortes no local.
6 - Enseada da Ilha Santa Bárbara – Um dos principais pontos de mergulho do Parque, permite a observação de badejos e budiões que, acostumados com a presença humana, se aproximam dos mergulhadores.
7 - Pradaria Siriba – Redonda – Localizada entre as ilhas Siriba e Redonda, é uma área rasa, de fundo arenoso, onde são encontrados cabeços de coral em profusão. Por aqui também passeiam cardumes de peixes-cirurgiões e os enormes e folgados badejos-quadrados. Olhando com atenção, dá para ver as raias manteiga e treme-treme enterradas na areia.
8 - Cavernas da Siriba – As cavidades no paredão da Ilha Siriba atraem vários peixes, que as utilizam como abrigo. Aqui podem ser vistos caramurus (ou mareias-verdes), peixes-frade e o colorido frade-real ou ciliaris.
9 - Recife de Timbebas – Incluído na área do Parque, mas distante do arquipélago, o recife fica visível na maré baixa e é um ótimo ponto para mergulho livre. Peixes de todas as cores e formatos podem ser vistos no local, onde grandes leques de coral-de-fogo são encontrados.
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Fonte:
www.abrolhos.net/abrolhos/parque.htm

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