segunda-feira, 30 de novembro de 2009

"Fósseis voltam para Lagoa Santa em 2010"

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Considerando a identidade de material fossilífero e a ação exemplar dos paleontólogos e Museus mineiros, cabe sempre chamar a atenção para o desenvolvimento das suas ações.
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Matéria:
Fósseis voltam para Lagoa Santa em 2010
Por Gustavo Werneck - Estado de Minas
Foto: Emmanuel Pinheiro / EM / D.A PRESS
Matéria publicada em Domingo 24 de maio de 2009
em:
http://wwo.uai.com.br/UAI/html/sessao_8/2009/05/24/em_noticia_interna,id_sessao=8&id_noticia=111639/em_noticia_interna.shtml
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Coleção das peças enviadas há quase 200 anos à Dinamarca, pelo naturalista Peter Lund, será exposta em novo centro cultural e receptivo turístico, na Gruta da Lapinha.
O governo da Dinamarca vai ceder a Minas, em regime de comodato, por 10 anos, com possibilidade de prorrogação, cerca de 300 fósseis do Museu Zoológico da capital Copenhague. As peças, de um total de 12.622, foram enviadas àquele país, a partir de 1845, pelo naturalista Peter Lund (1801-1880), que viveu mais de quatro décadas em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e é considerado o “pai da paleontologia brasileira”.
A boa notícia foi trazida, esta semana, pela assessora do vice-governador Antonio Anastasia e coordenadora do programa Linha Lund, Natasha Nunes, e pelo professor da PUC Minas Castor Cartelli, emissários do governo estadual à capital dinamarquesa para fechar as negociações com autoridades locais. A expectativa é de que a coleção seja mostrada no ano que vem, no centro cultural e receptivo turístico a ser construído ao lado da Gruta da Lapinha, em Lagoa Santa.
Entre as preciosidades de “Lagoa Santa que voltam para Lagoa Santa”, conforme diz Natasha, está parte do material encontrado por Lund na Lapa Vermelha, gruta destruída por uma empresa, na década de 1970, para transformar o patrimônio natural em sacos de cimento. No Museu Zoológico, que faz parte dos Museus Universitários de Copenhague, estão o crânio do primeiro homem que viveu na América, há 11 mil anos, além de ossos de raposa, de onça, de tigre-dente-de-sabre e até de um urso, com datação da mesma época.
“A Lapa Vermelha era um templo, onde foram encontrados restos humanos. Temos que destacar que a Dinamarca preservou o acervo paleontológico, enquanto nós destruímos. Esse entendimento é de suma importância, pois teremos de volta o primeiro mineiro, o que serve para criar uma maior conscientização ambiental”, diz o professor Cartelli, que localizou, no museu dinamarquês, um registro de Lund em plena atividade dentro da gruta, com os estalactites parecendo flocos de neve. Trata-se de um desenho a nanquim colorido, datado de 1839 e feito pelo norueguês Brandt, então secretário do paleontólogo. A exemplo dos ossos da raposa e da onça, que aparecem nesta página, a gravura também é inédita para a maioria dos brasileiros. No entanto, o original vai continuar no Museu de Copenhague.
A expectativa é de que a Dinamarca envie outras peças, as quais pertenceram à Gruta de Maquiné, em Cordisburgo, na Região Central de Minas, e integram o lote levado por Lund. “Assim, uma parte ficaria exposta em Lagoa Santa e outra em Cordisburgo”, sugere Cartelli, que está à frente da área de paleontologia do Museu de Ciências Naturais da PUC, em BH, e tem esperança de que o material repatriado atinja até 4% do que está guardado na Dinamarca.
Durante os encontros com o diretor dos Museus Universitários, Morten Melgaard, e Hane Starger, diretora do Museu Zoológico e responsável pela coleção Peter Lund, os emissários mineiros ouviram algumas recomendações para que o material continue em bom estado de conservação. “Eles exigem local climatizado, ar refrigerado, iluminação adequada, geradores próprios e outras questões técnicas. Tudo isso será cumprido à risca, assim como o nome do receptivo, que será Centro Cultural Peter W. Lund, pois os dinamarqueses fazem questão”, adiantou Natasha.
Ela ressaltou que o governo de Minas vai investir R$ 2 milhões na construção do receptivo turístico, cuja pedra fundamental foi lançada na semana passada por Anastasia. Em Copenhague, a coleção é tratada como material científico, ficando armazenada e, portanto, sem exposição permanente.

A coordenadora Natasha Nunes e o professor Castor Cartelli negociaram o empréstimo com o governo dinamarquês.

COOPERAÇÃO CIENTÍFICA

A próxima etapa das negociações ocorrerá ainda nesta semana, quando será enviada uma carta do governo de Minas às autoridades dinamarquesas para ratificação do compromisso. O portador será o cônsul-geral da Noruega e presidente da Câmara de Comércio Brasil-Dinamarca, que representa os dois países escandinavos, o dinamarquês Jens Olesen, que acompanhou a equipe nos encontros em Copenhague, já visitou a região de Lagoa Santa e vem apoiando, desde o ano passado, a campanha para retorno do material paleontológico.
A campanha para retorno dos fósseis começou há dois anos, tendo à frente a Prefeitura de Lagoa Santa, sendo depois encampada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), que inaugura, até julho, o Parque do Sumidouro, de 2 mil hectares, que fica entre Lagoa Santa e Pedro Leopoldo. Nessa unidade de conservação administrada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), onde fica a Lapinha, será construído o Museu dos Primeiros Americanos, a quatro quilômetros do receptivo turístico, e que será usado para exposições sobre os habitantes pioneiros do continente. A proposta é do professor da Universidade de São Paulo (USP) Walter Neves, que faz pesquisas no parque, a exemplo dos estudos, no século 19, de dr. Lund. O custo estimado é de R$ 2 milhões, também bancados pelo governo estadual.
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Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

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Sinalizando com os bons exemplos, o Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais é uma prova contundente de que se pode trabalhar com as Ciências Naturais como um bom investimento, em todos os sentidos.
Chegou-se, nessa instituição, à agregação de provavelmente a maior coleção de mamíferos fósseis da América do Sul. A sua exposição é distribuída ao longo de três andares que entontecem aos visitantes pela qualidade do exposto, seja pela qualidade unitária, seja pela sua dimensão enquanto coleção.
É a qualidade de um museu como este que garante um esforço e uma força integrados junto ao Governo de Minas Gerais para que se consiga acordos para o retorno de peças originadas de escavações em território mineiro. Em função disto, o Museu de København (Kopenhagen) acordou em termos de um comodato, por dez anos, renovável por mais dez anos, do acervo levado por Peter Wilhelm Lund, à Dinamarca, no século XIX. Graças a isto, Minas Gerais passará a contar com mais um Museu, que será construído na Gruta da Lapinha, em Lagoa Santa. Além deste, também contarão com partes do acervo o Museu dos Primeiros Americanos, no Parque Estadual do Sumidouro e o Receptivo Turístico da Gruta de Maquiné, em Cordisburgo.
Abaixo as fotos do Museu de História Natural de Minas Gerais tiradas por Marcelo Olisa, que as exibe em seu site do Skycrapercity:
http://www.skyscrapercity.com/archive/index.php/t-894330.html
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O Museu
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Dinossauro - reconstituição externa.
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Panorama interno
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Um dinossauro.
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Um Glyptodon.
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Macrauchenia
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Toxodon
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Preguiça Terrícola
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Preguiça terrícola.
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Preguiça terrícola
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Seres marinhos
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Reconstituição de peixe fóssil
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Ave predadora extinta.
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Pterosauro
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Catonyx, uma preguiça terrícola extinta de Paripiranga.

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O Catonyx é um gênero das extintas preguiças terrícolas, atingindo até 3,5 metros de comprimento por 1,7 metros de altura, pesando entre 500 e 700 kg.
Com surgimento por volta de 300.000 a 125.000 anos atrás, extingüiu-se entre 11.000 e 10.000 anos atrás.
Suas datações mais recentes, na Serra da Capivara, no Piauí, atingem 10390 ± 80 anos, e, em Minas Gerais, cerca de 9.900 anos.
Enquadra-se na Família Mylodontidae, em sua subFamília Scelidotherinæ.
Anteriormente tida como geralmente associada a um outro gênero da mesma subFamília, o Catonyx é considerado, atualmente, sinônimo de Scelidodon.
Em relação a este gênero de preguiça terrícola, aparece o trabalho de Mário André Trindade Dantas, que pertence ao Departamento de Biologia da Universidade Federal de Sergipe.
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DANTAS, Mário André Trindade. “Sobre a ocorrência da preguiça gigante Catonyx Cuvieri (Lund, 1839) Na Gruta da Roça Nova, Paripiranga, Bahia.” Rio de Janeiro (Rio de Janeiro): Sociedade Brasileira de Paleontologia, Boletim da Sociedade Brasileira de Paleontologia, n.53, p.42, Janeiro, Fevereiro e Março de 2006.
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"A ocorrência de fósseis da megafauna (mamíferos gigantes) em cavidades naturais no Estado da Bahia vem sendo registrada desde 1983. Há registros nas grutas: Toca da Boa Vista e Toca do Barrigudo (Município de Campo Formoso), Lapa dos Brejões (Morro do Chapéu), Toca dos Ossos (Ourolândia), Poço Azul (Nordestina), Toca das Onças, e Túnel (Santana). No Município de Paripiranga, Bahia, há aproximadamente 12 anos, foram coletados fósseis de mamíferos gigantes em uma gruta localizada no povoado de Roça Nova (coordenadas 10º39´09"S e 37º55´48"W).
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Deste material, apenas uma peça faz parte do acervo do Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal de Sergipe (LPUFS), sendo a sua identificação o objetivo dessa comunicação. A peça LPUFS 2187 é uma garra (falange distal) de uma preguiça gigante. Estes animais apresentavam garras nos dedos dos pés e mãos. Nas garras dos pés, a altura da face de articulação com o metatarso é menor que a largura transversa do mesmo, ocorrendo o oposto com as garras das mãos. A identificação especifica desta peça se deu através da comparação com as medidas das garras do dedo III do pé de: Eremotherium, que possui apenas uma garra no pé, no dedo III; Glossotherium e Catonyx, que possuem três garras nos dedos dos pés cada, sendo a do dedo três a maior. Em Glossotherium, assim como em outros membros da Subfamília Mylodontinae, as medidas de suas falanges distais são diminutas quando comparadas com as medidas do fóssil LPUFS 2187, e das garras de Eremotherium e Catonyx.
A falange distal do dedo III em Catonyx diferencia-se da de Eremotherium, por apresentar, em sua porção dorsoproximal, uma nítida e estreita concavidade mediana, e pela presença, na face de articulação com o metatarso III, de uma crista média mais alta, características também observadas na peça LPUFS 2187. Deste modo, o exemplar LPUFS 2187 é identificado como sendo uma falange distal do dedo III esquerdo do pé pertencente à espécie Catonyx cuvieri, sendo este o primeiro registro da megafauna do Pleistoceno final - Holoceno no Município de Paripiranga, Bahia."
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Plesiosaurus - Peça perdida afasta primazia da Bahia.


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O Plesiosaurus foi um dos grandes répteis marinhos, sendo facilmente reconhecível pelo seu longo pescoço.
Entretanto, o quadro era bem mais rico. A denominada Ordem Plesiosauria era de répteis marinhos todos de pescoços longos, todos extintos, que se nós dividimos em duas superFamílias.
A superFamília Pliosauroidea era caracterizada por dispor de pescoços com 13 vértebras.
A superFamília Plesiosauroidea era caracterizada pelos mais longos pescoços, podendo conter de 32 a 76 vértebras. Esta é dividida em quatro famílias. A Plesiosauridae, a Elasmosauridae, a Cryptocleididae e a Dolichorhynchopidae.
O primeiro fóssil de um Plesiosaurus brasileiro foi encontrado na Bahia, no século XIX. Entretanto a perda desse material fez com que perdêssemos essa primazia.
A matéria abaixo, apesar dos exageros jornalísticos, no trato do Plesiosauro, e das incorreções em relação às posturas científicas, como no caso da Grande Extinção dos dinossauros, registra essa perda para os baianos.
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"Um monstro na gaveta do museu"
Matéria publicada na Revista Galileu.
Por Wagner de Oliveira
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Reproduzida no Site:
http://galileu.globo.com/edic/95/conhecimento2.htm
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"Pesquisadora identifica fósseis de uma extinta fera do mar brasileira"
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Já fazia quase 20 anos que os ossos estavam guardados naquela anônima gaveta do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Que eles eram fósseis, já se sabia: haviam sido escavados em Igaraçu, nas proximidades de Olinda, Pernambuco, na década de 80, pelo paleontólogo Fausto Cunha. Mas de que animal seriam? Naquela época, não havia especialista com o conhecimento necessário para uma identificação segura - e os ossos foram ficando por lá mesmo. Até que, no final de 1997, uma equipe de pesquisadores do museu resolveu fazer um levantamento do acervo. As escavações pelos arquivos acabaram revelando os ossos desconhecidos, que foram logo entregues à paleontóloga Luciana de Carvalho, uma especialista em répteis. Luciana era a pessoa certa
para desvendar o mistério. Depois de mais de um ano de pesquisas, ela finalmente descobriu que aqueles eram despojos preciosos para a paleontologia brasileira: tratava-se de um raríssimo espécime de plesiossauro, o primeiro encontrado no Brasil.
Para quem não sabe - e quase ninguém sabe -, o plesiossauro foi um dos maiores répteis marinhos de toda a chamada pré-história. Uma fera tão temida na água quanto o velho e conhecido Tiranossauro rex em terra. Quem acompanha as pesquisas sobre os grandes dinossauros já está acostumado a ler e ouvir que o carnívoro T. rex, de dentes afiadíssimos e sempre com comportamento de poucos amigos, reinou como o maior predador do planeta no passado. O próprio cinema se encarregou de formar a imagem apavorante: o rex avançando a passos lentos e pesados sobre suas presas aterrorizadas.
Mas quem dominava as águas eram os plesiossauros, répteis marinhos que durante milhões de anos ocuparam o topo da cadeia alimentar dos oceanos. Na procura por comida, trucidavam avantajados tubarões, devoravam peixes primitivos gigantes e vez por outra perseguiam dinossauros incautos que se aventurassem pelas águas. Somente os mosassauros, uma espécie de lagarto marinho com mais de 10 metros de comprimento e igualmente carnívoro, eram capazes de enfrentá-los. Até serem todos dizimados, junto com os dinossauros e todos os grandes répteis pré-históricos do planeta, há 65 milhões de anos.
Agora, a descoberta do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro volta a colocar em evidência esse gigante predador da pré-história, que chegava a medir 14 metros de comprimento. Os plesiossauros eram quase três vezes maiores que os tubarões carnívoros atuais. No crânio avantajado, que chegava a superar em tamanho o do rex, destaca-se a mandíbula, equipada com fileiras de poderosos dentes na forma de punhais.
Esse réptil conseguiu, ao longo da evolução, perfeita adaptação ao ambiente aquático. Os pesquisadores acreditam que seus ancestrais viviam em terra. Ao longo do tempo, as patas e a cauda foram transformadas em potentes nadadeiras. "Seu caminhar desajeitado fora da água pode ser comparado ao dos atuais leões-marinhos", observa Luciana de Carvalho. As narinas passaram a ocupar o topo da cabeça, tinham dois pulmões e é bem provável que pudessem mergulhar profundamente. Os cientistas já encontraram em o
ssos de répteis marinhos primitivos calcificações na região do ouvido, que indicam uma forma de proteção contra a pressão da água.
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Terras separadas
Segundo a paleontóloga, o trabalho da equipe do Museu Nacional deverá ser publicado ainda este ano no Journal of Vertebrade Paleontology, uma das mais importantes revistas científicas americanas. No Brasil, será divulgado no Congresso Brasileiro de Paleontologia, em agosto, em Porto Alegre. Luciana lembra que existem referências a um suposto osso de plesiossauro encontrado na Bahia, no século passado. Mas como ninguém sabe onde está a peça e nem se foi publicado algo sobre o fóssil, o plesiossauro de Olinda é, oficialmente, o primeiro.
A importância do trabalho da equipe da UFRJ, porém, vai muito além do pioneirismo. O estudo de fósseis como o do plesiossauro nordestino está ajudando a esclarecer o passado do planeta, como o fenômeno da separação dos continentes americano e africano. Há cerca de 120 milhões de anos, a África e o litoral brasileiro começaram lentamente a se afastar, dando início à formação do Oceano Atlântico. A paleontologia, ramo da ciência que estuda os fósseis, é uma das áreas de conhecimento que mais tem apresentado evidências sobre esse processo.
Um dos primeiros indícios da separação dos continentes foi a descoberta, no início do século, de um réptil marinho fossilizado. Em 1908, o pesquisador americano J. H. Macgrecor encontrou no Brasil, em sítios em São Paulo e no Paraná, restos de um pequeno réptil chamado mesossauro. Comparando este fóssil brasileiro com animais desenterrados na África, notou-se total similaridade. Concluiu-se, então, que os animais viveram numa mesma região, provavelmente uma lagoa de água doce, durante o Permeano, 260 milhões de anos atrás.
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Furos no esqueleto
Nesse período, os dois continentes eram unidos numa imensa massa de terra, onde primitivas lagoas abrigavam os mesossauros. E, por isso, hoje fósseis desses animais podem ser encontrados tanto no Brasil quanto na África. Os cientistas também descobriram que, no passado, havia nos dois continentes muitas plantas e animais de espécies correlatas. Agora, a descoberta do plesiossauro em Pernambuco reforça a teoria. "Temos mais um indício de que a África esteve unida ao Brasil", explica Luciana.
Os ossos encontrados em Olinda, de um animal que media em torno de 8 metros, são de uma vértebra dorsal e três cervicais: atlas, áxis e a chamada terceira cervical. Do crânio do animal foi encontrado o exoccipital-opistótico, um dos ossos que servia de sustentação da cabeça. Mas os paleontólogos só confirmaram a descrição do animal quando notaram a presença de furos quase imperceptíveis no esqueleto. Eram os chamados foramens, pequenos orifícios abertos nas vértebras, por onde passavam vasos sangüíneos, uma característica encontrada somente em ossos de plesiossauros.
A família dos plesiossauros surgiu há 220 milhões de anos, durante o Triássico Médio. Uma ossada deste período já foi achada na Alemanha. Mas fósseis do animal foram encontrados principalmente no litoral da Europa, da América do Norte e Antártica. O fóssil estudado pela equipe do Museu Nacional habitou o Oceano Atlântico há cerca de 65 milhões de anos, no Cretáceo Superior. Além dos plesiossauros, viviam próximo ao litoral nessa época grandes tubarões, raias e peixes ósseos.
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Lenda escocesa
Os plesiossauros são divididos em dois grandes grupos. O primeiro, Plesiosauroidea, possuía pescoço longo e crânio pequeno. Os Pliosauroidea tinham pescoço curto e crânio enorme. O exemplar brasileiro faz parte do segundo grupo. De acordo com certas lendas, alguns plesiossauros teriam sobrevivido até hoje e um deles ainda habitaria o famoso Lago Ness, na Escócia. As fantásticas histórias sobre a existência desse monstro, contudo, não têm qualquer respaldo científico. Os plesiossauros extinguiram-se 65 milhões de anos atrás, junto com outros répteis marinhos, os dinossauros e os pterossauros. E não deixaram descendentes.
No passado, a região onde foi descoberto o fóssil estava coberta pelas águas de um então Oceano Atlântico em formação. Atualmente, a faixa costeira forma a Bacia Pernambuco-Paraíba (veja mapa), constituída basicamente por sedimentos de origem marinha, o que favorece os estudos de paleontologia e estratigrafia. Foi realizando trabalhos nessa bacia que o geólogo Gilberto Albertão, da Petrobrás, fez uma importante descoberta que ajuda a esclarecer o desaparecimento de dinossauros e dos grandes répteis marinhos, como o plesiossauro.
Em escavações na região, ele encontrou traços do elemento irídio em camadas de rochas que correspondem ao período do Cretáceo, há 65 milhões de anos. Foi exatamente nessa época que os grandes animais foram extintos. O irídio é um elemento químico muito comum em meteoros e uma das prováveis teorias para a extinção desses animais atribui seu desaparecimento à intensa queda de meteoros sobre o planeta. Depois dessa chuva sólida, uma nuvem de poeira, contendo fragmentos de solo e irídio liberados pelos corpos em queda, teria se formado sobre o planeta. O irídio achado no subsolo de Pernambuco seria uma evidência da tempestade de meteoros.
A poeira resultante da colisão provocou mudanças climáticas pelo bloqueio da passagem dos raios solares. Como resultado, houve escassez de alimentos e quebra na cadeia alimentar. Em seguida, o principal efeito foi o desaparecimento dos dinossauros e de grandes répteis marinhos. Ou seja, chegava ao fim a supremacia de dois dos maiores predadores que já existiram no planeta: em terra, o T. rex; nos oceanos, os plesiossaurus.
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"Ahytherium aureum", reconhecida outra preguiça extinta baiana.

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Cástor Cartelle, do Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica, Gerardo De Iuliis, da Faculty of Community Services and Health Sciences, George Brown College of Applied Arts and Technology, 200 King Street East, Toronto, Ontário, Canadá, e François Pujos, do Department of Ecology and Evolutionary Biology, University of Toronto, 25 Harbord Street, Toronto, Ontário, Canadá, lançaram o artigo:
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CARTELLE, Cástor; DE IULIIS, Gerardo; PUJOS, François. “A new species of Megalonychidae (Mammalia, Xenarthra) from the Quaternary of Poço Azul (Bahia, Brazil) / Une nouvelle espèce de Megalonychidae (Mammalia, Xenarthra) du Quaternaire de Poço Azul (Bahia, Brésil)” Toronto (Canadá): Comptes Rendus Palevol (r), v.7, n.6, p.335-346, agosto de 2008.
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Nele reconheceram a existência de mais um gênero de de preguiça terrícola baiana, o Ahytherium, expresso numa única espécie, a Ahytherium aureum, cujo fóssil foi encontrado no Poço Azul, em Nova Redenção, na Bahia.
Ela pertence à rama denominada Megalonychidae das preguiças terrícolas, somando-se às outras espécies de megaloniquídeos já conhecidas do Brasil, como a Ocnopus gracilis e a Xenocnus cearesis.
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Abaixo os resumos originais do artigo:
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Abstract
The new genus and species Ahytherium aureum (Mammalia, Xenarthra, Megalonychidae) from the Quaternary of Poço Azul (Bahia, Brazil) is described. It is the first Brazilian megalonychid known from reasonably complete and well-preserved remains. Purported Brazilian megalonychids described in the past, such as Ocnopus gracilis and Xenocnus cearesis, are noted as belonging to other sloth clades, and the acceptance by past paleontologists of the existence of ‘strange’ megalonychids in Brazil is shown to be erroneous. Ahytherium aureum, in fact, exhibits typical megalonychid morphology. It differs from other known members of Megalonychidae in several characters, including a markedly shortened, but high rostral region, with dorsally inflated frontals, wide zygomatic processes of the frontal, narrow, blade-like and anterolaterally oriented lacrimals, curved, slender and oval caniniforms, gracile humerus with less developed deltopectoral shelf, and relatively distal position of the greater trochanter of the femur. A second specimen from São Paolo state is tentatively assigned to the new genus and species.
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Résumé
Un nouveau genre et une nouvelle espèce, Ahytherium aureum (Mammalia, Xenarthra, Megalonychidae), provenant des niveaux quaternaires de Poço Azul (État de Bahia, Brésil), sont décrits. Il s’agit du premier mégalonychidé brésilien représenté par un matériel relativement abondant et bien conservé. Les mégalonychidés antérieurement décrits, tels qu’Ocnopus gracilis et Xenocnus cearesis, appartiennent à d’autres clades. L’acceptation dans le passé de l’existence d’étranges mégalonychidés au Brésil est erronée. Ahytherium aureum présente en réalité une morphologie typiquement mégalonychide. Il diffère des autres membres du clade Megalonychidae par plusieurs caractères, dont une région rostrale nettement raccourcie et élevée, des frontaux bombés, un frontal présentant de larges processus zygomatiques, des lacrymaux étroits, en forme de lames et dirigés antérolatéralement, des caniniformes courbes, minces et ovales, un humérus gracile montrant un plateau deltopectoral peu développé et une position relativement distale du grand trochanter du fémur. Un second spécimen provenant de l’État de São Paulo est présentement assigné à ce nouveau genre et à cette nouvelle espèce.
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"Ahytherium aureum", uma preguiça extinta em em Nova Redenção.

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MATÉRIA 1: A preguiça de ouro
por Marta Carneiro
Em: Edição Impressa n. 155, de Janeiro 2009
"Pesquisa", Revista da FAPESP

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Ossada completa revela nova espécie extinta
Há alguns anos foi achado no Poço Azul, em plena Chapada Diamantina, na Bahia, um esqueleto quase completo de uma preguiça terrestre de 3 metros de comprimento que vivera ali 11 mil anos antes. Depois de estudar os ossos do animal extinto, Cástor Cartelle, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), concluiu se tratar de um novo gênero, que batizou de Ahytherium aureum – “preguiça de ouro”.
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Crânio da Ahytherium aureum
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A referência dourada se deve ao meio século de existência que a PUC mineira comemora neste ano. “É o primeiro esqueleto completo de uma preguiça do Pleistoceno da família dos megaloniquídeos, animais com grandes garras que viviam na América do Sul”, comenta Cartelle. A descrição da espécie está na edição de agosto da revista Comptes Rendus Paleovol.
Fonte:
http://revistapesquisa.fapesp.br/index.php?art=5288&bd=2&pg=1.
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MATÉRIA 2: "Preguiça terrícola com hábitos aquáticos"
Por Juliana Marques
Publicado em 20/02/2009
em: Ciência Hoje On-line
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Esqueleto quase completo desse animal pré-histórico revela espécie que pode ter sido hábil nadadora.
Paleontólogos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) acabam de descrever uma nova espécie de preguiça terrícola, mamífero herbívoro que habitou as Américas até cerca de 11 mil anos atrás. Batizado de Ahytherium aureum, o animal tinha uma particularidade: o formato de sua cauda indica que ele poderia viver tanto na terra quanto na água, assim como capivaras e lontras.
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A preguiça terrícola Ahytherium aureum alimentava-se de folhas e raízes (imagem cedida por Cástor Cartelle):
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A descrição foi feita com base em um esqueleto da preguiça – um dos mais completos já encontrados – coletado em 2005 na Chapada Diamantina, no interior da Bahia. Mergulhados em uma gruta na caverna do Poço Azul, os fósseis foram encontrados em uma expedição sob a coordenação científica do paleontólogo Cástor Cartelle, da PUC-Minas. Para retirá-los da caverna, os pesquisadores contaram com a ajuda de cinco mergulhadores profissionais.
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Caverna do Poço Azul, em Nova Redenção
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Cartelle conta que os fósseis da Ahytherium aureum se destacam pela conservação, apesar da fragilidade dos ossos. “Trata-se de um esqueleto raro”, afirma. E completa: “É o esqueleto mais completo de uma preguiça terrícola da família dos Megaloniquídeos até hoje encontrado na América do Sul.”
Os Megaloniquídeos (nome que significa “grandes unhas”) são animais que se originaram na América do Sul e viveram desde o período Eoceno (iniciado há cerca de 55 milhões de anos) até o final do Pleistoceno (há 11 mil anos), quando se extinguiram. Esqueletos muito completos de preguiças desse grupo já foram encontrados na América do Norte e em ilhas das Antilhas. Mas os achados do Pleistoceno em território sulamericano são muito raros.
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Jovem herbívora
Segundo Cartelle, os fósseis da Chapada Diamantina pertencem a uma preguiça jovem, com ossos e dentes ainda em crescimento. “Apesar disso, ela já tinha três metros de comprimento, um metro e meio de altura e um peso estimado em 500 quilos”, ressalta.
Após cerca de três anos estudando e reconstruindo as mais de 500 peças – muitas delas incompletas – da Ahytherium aureum, Cartelle diz que os ossos que mais se destacam são os da cauda, os dentes e as garras do animal, por indicarem características físicas e hábitos.
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Esqueleto da Ahytherium aureum encontrado na caverna do poço Azul, na Bahia. Nas duas bandejas brancas é possível visualizar o crânio (acima) e a mandíbula (abaixo). Foto: Marco Aurélio Veloso: .
A preguiça terrícola não se locomovia em galhos de árvores, mas caminhava pelas florestas e campos das Américas. As garras, longas e cortantes, permitiam que o animal se alimentasse de tubérculos e outros vegetais.
“Já a cauda, achatada, indica que, além de caminhar, a preguiça também poderia ser uma boa nadadora”, explica o pesquisador. No Peru, já havia sido descoberto um outro tipo de preguiça terrícola, mais antiga do que Ahytherium aureum, que seria capaz de nadar no mar.
Os paleontólogos da PUC-Minas pretendem agora fazer uma cópia do esqueleto para ser colocada em exposição no museu da Universidade.

Juliana Marques
20/01/2009
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domingo, 29 de novembro de 2009

"Caipora bambuiorum"... um grande macaco baiano extinto.

Castor Cartelle, do Instituto de Geociencias, Universidade Federal de Minas Gerais, e Walter Carl Hartwig, do Departamento de Antropologia, da George Washington University, nos Estados Unidos, publicaram o artigo:
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CARTELLE, Castor; HARTWIG, Walter Carl. “A new extinct primate among the Pleistocene megafauna of Bahia, Brazil.” Washington (Estados Unidos da América do Norte): National Academy of Sciences, Proceedings of the National Academy of Sciences (r), v.93, p. 6405-6409, 1996.
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Nele relataram a descoberta, na Toca da Boa Vista, no Município de Campo Formoso, de um esqueleto aproximadamente completo de um robusto macaco extinto. Ele mostra similaridades com outros primatas como o Bugio (Alouatta belzebul), o Macaco-Aranha (Ateles paniscus), o Muriqui(Brachyteles arachnoides) e o Macaco Barrigudo (Lagothrix lagotricha).

Distinguiu-se o achado por sua robustez, com mais de 20 quilos de peso, e o desenho da sua caixa craniana. Fica indicado que os maiores macacos destes nossos terrenos, ainda que arbóreos, chegavam a ter o dobro do tamanho dos atuais.
Denomina-se esta espécie extinta de macaco, que foi descoberta na Bahia, Caipora bambuiorum.
Cranio do Caipora bambuiorum
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Comparação de elementos do Caipora bambuiorum com outros macacaos atuais brasileiros.
(A) Humeros esquerdos dos, da esquerda para a direita, Macaco-Aranha, Caipora bambuiorum, Macaco Barrigudo e Bugio. (B) Ulnae direita e esquerda do Caipora bambuiorum. (C)Vista anterior do fêmur direito do(esquerda para a direita) Macaco-Aranha, Caipora bambuiorum, Macaco Barrigudo e Bugio. (D) Pé esquerdo reconstruído do Caipora bambuiorum.
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Para baixar o artigo original de Cartelle e Hartwig:
Artigo Caipora bambuiorum
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Sobre o Caipora bambuiorum foi ainda publicada a matéria "Guardiãs do tempo - Cavernas revelam como era o clima no hemisfério sul há 100 mil anos", redigida por Carlos Fioravanti, na edição impressa número 111, de maio de 2005, da Revista Pesquisa, da Fapesp, divulgada no site:
http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=33&bd=1&pg=1&lg=

Resumiu, neste recorte:
"Floresta e sertão - O deslocamento da umidade das proximidades do equador fez chover mais também no semi-árido nordestino. "No Nordeste as mudanças climáticas e ambientais foram radicais", diz Augusto Auler, geólogo do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), co-autor de um artigo sobre o antigo clima do Nordeste, publicado em dezembro na revista Nature, e primeiro autor de outro, divulgado também no final do ano na Journal of Quaternary Science. Esses trabalhos mostram que a chamada Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), uma região da atmosfera carregada de umidade que se desloca no sentido norte-sul sobre o oceano, próximo ao equador, já esteve mais para o sul - mais próxima do Nordeste brasileiro - e trouxe a água que nutriu uma floresta tropical. Depois, quando a ZCIT se continha a norte, sem se aproximar tanto do continente, voltava a imperar uma paisagem semelhante à atual. Estudos de outros grupos já haviam levantado os resquícios de antigas matas úmidas no Nordeste, mas faltava mostrar exatamente em que épocas do passado o sertão havia virado floresta.
A última vez que houve por ali uma mata alta, verde e viçosa, tão vasta a ponto de provavelmente unir a Amazônia à Mata Atlântica, foi há cerca de 15 mil anos. Mas antes no interior do Nordeste já haviam reinado a seca e a vegetação esparsa, semelhante à atual. A floresta, alimentada pelos ventos úmidos, vicejou por breves períodos de poucos milhares de anos - há cerca de 39 mil, 48 mil e 60 mil anos, para citar apenas os intervalos mais próximos - que correspondem às fases de chuvas mais intensas e constantes. O período mais longo em que uma floresta semidecídua - que perde as folhas por alguns meses do ano - povoou a terra hoje seca do Nordeste durou quase 5 mil anos, de 68 mil a 63 mil atrás, de acordo com os estudos realizados por Auler em conjunto com pesquisadores das universidades de Minnesota, nos Estados Unidos, de Bristol, na Inglaterra, e de Taiwan, na China. No Brasil, contou com a colaboração da bióloga Patrícia Cristalli, da Universidade de Mogi das Cruzes e da USP.
Essa equipe percorreu o interior e os arredores de duas cavernas do interior da Bahia, a Toca da Barriguda e a Toca da Boa Vista, a maior do hemisfério Sul, com 108 quilômetros de extensão. Auler e sua equipe colheram e analisaram as estalagmites das cavernas, como o grupo da USP, mas foram além e estudaram também fósseis de folhas encontrados em depósitos de calcita - mineral composto de carbonato de cálcio - acumulados a céu aberto. Foi possível assim reconstituir, além das formações vegetais de até 210 mil anos atrás, os animais que viviam por ali. Não faltavam exemplares de grande porte, como preguiças e tatus gigantes. Havia também um macaco, o Caipora bambuiorum, com cerca de 40 quilogramas e o dobro do tamanho do maior macaco brasileiro, o muriqui. A equipe da UFMG que o descreveu em um artigo publicado em 1996 no Proceedings of the National Academy of Science sabia que se tratava de um animal arbóreo, mas não tinha idéia de quando poderia ter vivido. Agora se pode afirmar que o Caipora bambuiorum viveu provavelmente há 15 mil anos, em meio à floresta que mais tarde cederia espaço ao corredor seco de quase 3 mil quilômetros de extensão que separa a Floresta Amazônica da Mata Atlântica."
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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Dinossauro? Apontando erros...

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Cumprindo meu papel de esclarecer, no possível, erros que possam afetar a interpretação, por leigos, por haver interrelação com material fóssil encontrado em solo baiano.
Em uma matéria sobre política, que foi publicada pela Revista "Veja", em 12 de maio de 1993, à página 22, apareceu uma figura com uma imagem do então prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, Cesar Maia, com a legenda:
"No Museu: cumprimentando dinossauro."
Como esse fóssil se trata de um ser que poderia ser encontrado em nossos terrenos, chamamos a atenção para o erro.
As preguiças terrícolas chegaram a ser seres muito grandes, algumas delas sendo denominadas, inclusive, Preguiças Gigantes. Foram seres mamíferos, com diferenciação mais clara, na América do Sul, há cerca de 25 milhões de ano. A existência das grandes preguiças terrícolas ocorreu até cerca de 10 mil anos atrás.
No Museu Nacional do Rio de Janeiro aparecem, com destaque, dois exemplares de dois gêneros de Preguiças Terrícolas. Um é um grande Eremotherium e outro é um Glossotherium.
O Glossotherium era uma grande preguiça, tendo sido encontrada, na Bahia, em vários sítios, destacando-se a Gruta dos Brejões, em Morro do Chapéu.
Bons exemplares também aparecem reconhecidos oriundos da Toca da Janela da Barra do Antonião, no Piauí, e Poço Redondo, em Sergipe, Gruta do Curupira, em Rosário do Oeste, Mato Grosso, na Caverna do Japonês, em Mato Grosso do Sul, no Cerro da Tapera e Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul. Tem distribuição que se estende também desde a Argentina, pelos Andes, até a porção central da América do Norte.
Pois o que o senhor Cesar Maia, à época, prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, fazia, não era "cumprimentar dinossauro", mas sim um representante da Megafauna Mamífera, uma preguiça terrícola, o Glossotherium.
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Halo Solar, em Salvador, Bahia

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Dentre os Fotometeoros, isto é, fenômenos atmosféricos óticos, um interessante é o "halo de 22°", mutas vezes referido simplesmente como "halo circular" ou apenas "halo", que ocorre no Sol.
Ele é formado pela refração da luz do Sol em cristais suspensos de gelo. As suas áreas laterais mais intensas são os "parhelia", conhecidos, em inglês, como "sun dogs". Ele se forma em um ângulo de 22 graus em relação ao Sol.
O seu significado, portanto, é a presença de cristais pequeninos de gelo flutuantes na atmosfera.
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Halo Solar 22° - Estados Unidos da América do Norte.
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Obviamente, em função do nosso clima, um Halo Solar não é visto com muita freqüência em Salvador, Bahia, mas aqueles que costumam olhar para o alto podem, em ocasiões especiais, vê-lo.
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Halo solar visto a 22 de novembro de 2009, às 13horas e 50 minutos, no bairro da Graça, Salvador, Bahia.
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Halo solar visto a 06 de dezembro de 2009, às 14horas e 43 minutos, no bairro do Chame-Chame, Salvador, Bahia.
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Como se forma um halo?
Primeiramente a luz é emitida do Sol e adentra a nossa atmosfera.

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Em momentos especiais, a luz pode topar com um leito de pequeninos cristais de gelo, na alta atmosfera.

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A luz é refratada, ou seja, desviada, nos pequeninos cristais de gelo e mergulha em direção a quem observa em uma posição apropriada.

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Como resultado... vê-se um Halo a 22° do Sol, ou Halo Solar.

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Sumário de Halos anotados.
- 22 de novembro de 2009, às 13horas e 50 minutos, no bairro da Graça.
- 06 de dezembro de 2009, às 14horas e 43 minutos, no bairro do Chame-Chame.
- 21 de Fevereiro de 2011, às 06:26 às 06:43, halo 22° visto de Patamares a Itapoã, temperatura 27°C, umidade do ar 80%. Acompanhado de Pahelia.
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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Dinossauro? Apontando erros...

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Cumprindo meu papel de esclarecer, no possível, erros que possam afetar a interpretação, por leigos, por haver interrelação com material fóssil encontrado em solo baiano.
Uma matéria publicada pelo site "globo.com", em seu canal "ciência e saúde", área de "Paleontologia" anunciou:
"Policiais peruanos encontraram uma mandíbula de dinossauro durante uma revista de rotina em um ônibus. O flagrante aconteceu em Arequipa, ao Sul de Lima. A imagem é de terça-feira (25). (Foto: Reuters)"
Abaixo uma imagem da matéria, publicada no site:
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL363668-5603,00-POLICIAIS+PERUANOS+ENCONTRAM+FOSSIL+DE+DINOSSAURO+EM+ONIBUS.html.
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Abaixo a imagem destacada do fóssil:
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Considerando que fósseis similares a esse podem ser encontrados em nossos terrenos, observe-se o fóssil encontrado no Peru e exposto na Universidad Nacional Mayor De San Marcos, em Lima, no Peru, país do encontro desse exemplar:

Trata-se de um Cuvieronius hyodon, um mastodonte. Estes eram grandes mamíferos que tiveram um representante que viveu em nossos terrenos entre dois milhões e dez mil anos atrás, quando, enfim, extinguiu-se.
Há dois gêneros de mastodontes que habitaram a América do Sul, dividindo-se em três espécies. São a Cuvieronius hyodon, a Stegomastodon platensis e a Stegomastodon waring.
Somente esta última espécie aparece como fóssil no terrenos baianos:

Observe-se a rama mandibular esquerda de um Stematodon waring encontrado em Araxá, Minas Gerais, similar àquelas encontradas na Bahia:

Abaixo, um exemplar de dentes de mastodonte, Stegomastodon waring, encontrado em terrenos baianos:

Desta maneira, fica claro que se alguém encontrar um fóssil similar ao apontado na reportagem da Globo, em nossos terrenos, não seria "um dinossauro", mas sim um mamífero. Um mamífero grande, mas mamífero sim, jamais um dinossauro.
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"Encontrados fósseis raros no interior da Bahia"

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Por Assessoria de Comunicação da UESB - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

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Material está sendo analisado na Uesb.
O município de Matina, situado na Região Centro-Sul do Estado da Bahia, a 828 km da capital, reúne uma das maiores concentrações de fósseis pleistocênicos do Brasil, presentes em toda a América do Sul há cerca de 11 mil anos. A descoberta, segundo o paleontólogo Douglas Riff, professor da Uesb, representa um tesouro científico que até agora se escondia sob os pés dos moradores de Matina.

Os materiais encontrados foram expostos de modo acidental por trabalhadores locais, com o uso de maquinário pesado, o que causou danos a muitas peças, estas, foram quebradas, separadas umas das outras e levadas para diversas residências da cidade. Isso fragmentou e descaracterizou a maior parte das espécies, dificultando uma análise mais completa.
Mas de acordo com o professor Douglas, a quantidade de fósseis é indiscutível e futuras escavações, desta vez feitas de modo controlado e com o depósito dos ossos em local apropriado, podem trazer mais e melhores informações sobre a pré-história da região. Parte do que já foi coletado, em novembro de 2007, está na Uesb, no campus de Vitória da Conquista, para análises mais precisas.

O paleontólogo explica que além das cacimbas formadas num lajedo da cidade, também foram encontrados fósseis nas casas de moradores do município. Entre eles, fósseis de preguiças-gigantes e também, para o pesquisador, a melhor peça encontrada até agora: uma mandíbula de um mastodonte ( parente extinto dos elefantes).
Lajedo, em Matina
O grupo das preguiças-gigantes, chamado Mylodontoidea, inclui animais com tamanhos similares ao de um elefante, e seus parentes vivos mais próximos são as preguiças aborícolas, e um pouco mais distante, os tamanduás e os tatus. Douglas Riff afirma que as preguiças que viveram na região da Matina eram de grande tamanho.
Até o momento, foram encontrados dentes, vértebras e alguns ossos do pé (astrágalo e calcâneo) e da perna (tíbia): isso mostra que seus donos alcançavam pelo menos quatro metros de altura. Para o professor Douglas, a meta agora é continuar com os trabalhos de escavações e análises do material coletado, o que permitirá um ganho científico importante e singular para a Uesb e toda a sociedade.
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Curiosidades
As preguiças gigantes e os mastodontes, animais herbívoros que alcançavam as folhas nas copas das árvores, são alguns dos fósseis mais característicos da chamada Megafauna, presente em toda a América do Sul durante o período Pleistoceno, que teve início há 1,8 milhões de anos e terminou há cerca de 11 mil anos, com o início do período em que vivemos: o Holoceno.
Durante o Pleistoceno e o início do Holoceno o mundo passou por momentos muito frios, chamados de glaciações ou “era do gelo”. Nessa época, a região da Matina era bastante diferente, mais semelhante ao Cerrado. Atualmente, possui formações vegetais de caráter xerófilo, ou seja, tolerante a escassez de água.
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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Madeira Fossilizada, na Bahia.

Madeira fossilizada exposta no Museu Geológico da Bahia, da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia.
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A denominada madeira petrificada é um fóssil dos mais conhecidos, que ocorre na Bahia em vários locais, destacando-se Macururé e Petrolândia.
Sua formação se dá especialmente pela substituição do Carbono presente na Celulose por Sílica. Daí, neste caso, é um processo de Substituição, o qual provoca uma Silicificação, gerando uma Pseudomorfose.
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Aspectos de Madeira fossilizada encontrada no Município de Petrolandia, exposta no Museu Geológico da Bahia, da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia.
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Amostra de Madeira fossilizada, encontrada no Município de Monte Santo, exposta no Museu Geológico da Bahia, da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia.
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É uma Pseudomorfose porque, apesar da forma preservada, ali não temos mais madeira.
A madeira petrificada é uma madeira que foi silicificada, um fóssil, na verdade, uma rocha que substitui completamente o antigo vegetal.
A Celulose é o componente estrutural da madeira, o que a torna o principal componente da estrutura de sustentação orgânica de uma ávore. Trata-se de um polissacarídeo de alto peso molecular que não é solúvel em água”.
A Sílica aparece como uma variedade hidratada de Óxido de Silício, ou seja, basicamente a mesma composição do Quartzo, acrescida de água.
No processo de silicificação que gera "pseudomorfoses", perde-se o material orgânico original, substituído por outro inorgânico. No caso em questão, o material esquelético original de ávores, no caso a madeira, é substituído por um novo mineral, no caso um mineral de Sílica.
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Madeira fossilizada, encontrada no Município de Macururé, depositada atualmente no Campus VII da Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Doação de Jayme Vasconcellos.
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Também os espaços vazios acabam preenchidos por Sílica, que vem sob a forma de um silicato hidratado, como calcedônia ou opala. Assim, o material original, a celulose, não permanece.
A opala é uma variedade criptocristalina, ou seja, microscópica, de Quartzo, hidratada, ou seja, rica em água.
Opala - SiO2 + xH2O
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Moléculas de Celulose..
Passagem de líquido (solução) formada principalmente por água (H2O) e Óxido de Silício (SiO2).
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A solução leva os átomos de carbono e deixa a sílica em seu lugar, na molécula.
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Outro tipo de pseudomorfose é aquela em que antigas conchas se tornaram conchas fósseis piritizadas, isto é, seu antigo CaCO3 foi substituído por FeS2.
Exemplo de fossilização por Piritização:
Amostra do mineral Pirita - FeS2 - Sulfeto de Ferro.
a)Exterior de Concha de Cardoceras, da Russia. Corte mostra o interior Piritizado.
Detalhe do interior do fóssil de Cardoceras, da Russia.
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