segunda-feira, 20 de abril de 2009
"Lepidotes roxoi", um peixe fossil baiano.
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O Lepidotes roxoi é um peixe fóssil baiano. O exemplar que aparece na imagem acima está em exposição no Museu Nacional, no Rio de Janeiro.
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Citação:
MILHOMEM, Paulo da Silva; MAMAN, Eduardo Jorgens de; OLIVEIRA, Flavio Miranda de; CARVALHO, Marise Sardenberg Salgado de, SOUZA-LIMA, Wagner. “Bacias sedimentares brasileiras - Bacia do Recôncavo” Fundação Paleontológica Phoenix, Revista Phoenix (on line), Ano 5, n. 51, março 2003. Disponível em http://www.phoenix.org.br/Phoenix51_Mar03.html
"A ictiofauna ocorre principalmente nos estratos do Grupo Santo Amaro, nas formações Itaparica, Candeias e Maracangalha, andares Rio da Serra-Aratu (Berriasiano ao Barremiano). É composta, em sua maioria, por Osteichthyes, sendo os peixes pré-barremianos caracterizados por uma baixa diversidade genérica. Os actinopterígios aparecem em grande número e a associação é formada por semionotídeos, amiídeos e diversos teleósteos. Os semionotídeos, representados por Lepidotes, são registrados por escamas, fragmentos de ossos e exemplares completos (Lepidotes roxoi)21, 23, 24, 25. É o gênero mais freqüente permitindo correlações entre diversas bacias de ambiente lacustre.”
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Citado:
Gallo-da-Silva, V., Cavalcanti, M.J. & Lopes, P.R.D.. "Comparative morphometrics of Semionotidae, Lepisosteidae, and Amiidae (Actinopterygii: Neopterygii) by multivariate analysis of truss networks". Anais da Academia Brasileira de Ciências, v.70, n.1, p.117-124, 1998.
"Morphological variation among 12 fossil and recent species of Neopterygii (Araripelepidotes temnurus, Lepidotes elvensis, Lepidotes laevis, Lepidotes piauhyensis, Lepidotes roxoi, Paralepidotes ornatus, Semionotus elegans, Semionotus cf. elegans, Semionotus cf. robustus, Semionotus sp., Lepisosteus osseus, Lepisosteus platyrhinchus, and Amia calva), was observed using multivariate statistical techniques. Shape differences among 28 specimens from the 12 species were examined for 20 morphometric characters using measurements obtained from a box-truss scheme based on 10 homologous landmarks. Principal components analysis of interlandmark distances defined by the truss protocol revealed that the Semionotidae are morphometrically more similar to the Lepisosteidae than to the Amiidae. The most important variables for separating the three families in the morphospace defined by the principal components, on the basis of their contribution to each eigenvector, were the same for all 12 species (all related to an elongation of the posterior part of the body), suggesting that the patterns of morphological variation in fossil and recent species of Neopterygii can be influenced by common factors."
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Citado: GALLO, Valéria. "Redescription of Lepidotes Piahyensis Roxo and Löfgren, 1936 (Neopterygii, Seminiotiformes, Semionotidae) from the ?Late Jurassic - Early Cretaceous of Brazil." Journal of Vertebrate Paleontology. v. 25, n.4, p.757-769, december 2005.
"The semionotid Lepidotes piauhyensis Roxo and Löfgren, 1936, is redescribed on the basis of original and new material obtained from the Pastos Bons Formation, ?Upper Jurassic-Lower Cretaceous of the Parnaiba Basin, in northeastern Brazil. The species is a hump-backed semionotid reaching about 480 mm standard length. It exhibits, among other characters: dermal bones of the skull roof and circumorbital series densely ornamented with tubercles, suborbitals disposed in a single row, moderately developed crushing dentition, a bony lamina on the ventral portion of the anterior ceratohyal, a complete dorsal scale row, and smooth ganoid scales of lepisosteoid type. The analysis of well preserved specimens allows the description of anatomical structures previously unknown for the species, particularly of the hyoid arch and suspensorium. Some of these structures are comparable to those of the Jurassic species Lepidotes gloriae Thies, 1989 (Cuba), Lepidotes elvensis (Blainville, 1818) (Europe), and Lepidotes lennieri Sauvage, 1893 (Europe)."
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Citação:
CARVALHO, Marise Sardenberg Salgado de. "O gênero Mawsonia (Sarcopterygii, Acntinistia) no Cretáceo das Bacias Sanfranciscana, Tucano, Araripe, Parnaíba e São Luis." Rio de Janeiro (Rio de Janeiro) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Dissertação de Mestrado, 2002.
- "Por intermédio de Orville Derby, então Diretor do SGMB, foram enviados ao Museu
Britânico e classificados por Woodward (1908), que descreveu as novas espécies Scombroclupeoides scutatus, Lepidotes souzai e Mawsonia minor. Desta localidade foi descrito, ainda, “Leptolepis” bahiaensis (Schaeffer, 1947)."
- "Bacia de Alagoas - A primeira referência de celacantos foi a
descrição de uma nadadeira caudal, atribuída a Mawsonia sp. Encontra-se associada a um crânio de Lepidotes alagoensis, escamas de Lepidotes sp. e restos de clupeiformes, encodontídeos e elopomorfos."
- "Bacia de São Luís - Na ilha do Cajual, norte do Maranhão, foram coletados ossos dissociados do crânio de Mawsonia, de grande tamanho e bem ornamentados. Estão preservados em sedimentos da Formação Alcântara, associados com placas dentárias de Neoceratodus africanus, escamas de Lepidotes e espinhos de tubarões hibodontídeos."
- "In Gall, Gadoufaoua e In Abangarit - Níger - (...) Mawsonia lavocati ocorre no Albiano de In Abangarit, sendo conhecida por um pós-parietal isolado e associado com escamas de Lepidotes (Wenz, 1975; 1981)."
- "As escamas de Lepidotes são características e facilmente reconhecíveis. São resistentes ao transporte antes do soterramento, pois são recobertas por espessa camada de ganoína. A associação de Lepidotes, Mawsonia e espinhos de tubarões é comum em bacias do Neocomiano do Brasil e África."
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sábado, 18 de abril de 2009
“Os Diamantes de Nordestina”
A empresa Vaaldiam Resources tem explorado diamantes, na localidade de Braúna, no Município de Nordestina.
São dois pipes de diques de Kimberlito, com cerca de 10 milhões de toneladas dessa rocha, com um potencial de 1,5 a 2,0 milhões de carats de diamantes. Esse potencial chega a 25 milhões de toneladas se for associado aos Kimberlitos que se espalham, a partir dos pipes, sob a forma de um sistema de dikes.
seus diamantes vão de hialinos a rosa, atingindo, até o momento 7,97 carat no diamante hialino, confirmando o potencial para a presença de grandes e valiosos diamantes.
Mapa de exploração do dique de kimberlito:
Kimberlito de Braúna:
Diamantes de Braúna, Nordestina:
Amostra de diamantes extraídos de Braúna, Nordestina:
Amostra de diamantes extraídos de Braúna, Nordestina:
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Informações e imagens trazidas do site:
http://www.vaaldiam.com/mining/brauna.html
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quarta-feira, 15 de abril de 2009
"Fósseis no Município de Matina"
"Encontrados fósseis raros no interior da Bahia
Material está sendo analisado na Uesb"
por Mônica Lacerda
14/1/2008
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O Município de Matina, situado na Região Centro-Sul do Estado da Bahia, a 828 km da capital, reúne uma das maiores concentrações de fósseis pleistocênicos do Brasil, presentes em toda a América do Sul há cerca de 11 mil anos. A descoberta, segundo o paleontólogo Douglas Riff, professor da Uesb, representa um tesouro científico que até agora se escondia sob os pés dos moradores de Matina.
Os materiais encontrados foram expostos de modo acidental por trabalhadores locais, com o uso de maquinário pesado, o que causou danos a muitas peças, estas, foram quebradas, separadas umas das outras e levadas para diversas residências da cidade. Isso fragmentou e descaracterizou a maior parte das espécies, dificultando uma análise mais completa.
Mas de acordo com o professor Douglas, a quantidade de fósseis é indiscutível e futuras escavações, desta vez feitas de modo controlado e com o depósito dos ossos em local apropriado, podem trazer mais e melhores informações sobre a pré-história da região. Parte do que já foi coletado, em novembro de 2007, está na Uesb, no campus de Vitória da Conquista, para análises mais precisas.
O paleontólogo explica que além das cacimbas formadas num lajedo da cidade, também foram encontrados fósseis nas casas de moradores do município. Entre eles, fósseis de preguiças-gigantes e também, para o pesquisador, a melhor peça encontrada até agora: uma mandíbula de um mastodonte ( parente extinto dos elefantes).
O grupo das preguiças-gigantes, chamado Mylodontoidea, inclui animais com tamanhos similares ao de um elefante, e seus parentes vivos mais próximos são as preguiças aborícolas, e um pouco mais distante, os tamanduás e os tatus. Douglas Riff afirma que as preguiças que viveram na região da Matina eram de grande tamanho.
Até o momento, foram encontrados dentes, vértebras e alguns ossos do pé (astrágalo e calcâneo) e da perna (tíbia): isso mostra que seus donos alcançavam pelo menos quatro metros de altura. Para o professor Douglas, a meta agora é continuar com os trabalhos de escavações e análises do material coletado, o que permitirá um ganho científico importante e singular para a Uesb e toda a sociedade.
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Matéria trazida de:
http://www.uesb.br/ascom/ver_noticia_.asp?id=2838
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Material está sendo analisado na Uesb"
por Mônica Lacerda
14/1/2008
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O Município de Matina, situado na Região Centro-Sul do Estado da Bahia, a 828 km da capital, reúne uma das maiores concentrações de fósseis pleistocênicos do Brasil, presentes em toda a América do Sul há cerca de 11 mil anos. A descoberta, segundo o paleontólogo Douglas Riff, professor da Uesb, representa um tesouro científico que até agora se escondia sob os pés dos moradores de Matina.
Os materiais encontrados foram expostos de modo acidental por trabalhadores locais, com o uso de maquinário pesado, o que causou danos a muitas peças, estas, foram quebradas, separadas umas das outras e levadas para diversas residências da cidade. Isso fragmentou e descaracterizou a maior parte das espécies, dificultando uma análise mais completa.
Mas de acordo com o professor Douglas, a quantidade de fósseis é indiscutível e futuras escavações, desta vez feitas de modo controlado e com o depósito dos ossos em local apropriado, podem trazer mais e melhores informações sobre a pré-história da região. Parte do que já foi coletado, em novembro de 2007, está na Uesb, no campus de Vitória da Conquista, para análises mais precisas.
O paleontólogo explica que além das cacimbas formadas num lajedo da cidade, também foram encontrados fósseis nas casas de moradores do município. Entre eles, fósseis de preguiças-gigantes e também, para o pesquisador, a melhor peça encontrada até agora: uma mandíbula de um mastodonte ( parente extinto dos elefantes).
O grupo das preguiças-gigantes, chamado Mylodontoidea, inclui animais com tamanhos similares ao de um elefante, e seus parentes vivos mais próximos são as preguiças aborícolas, e um pouco mais distante, os tamanduás e os tatus. Douglas Riff afirma que as preguiças que viveram na região da Matina eram de grande tamanho.
Até o momento, foram encontrados dentes, vértebras e alguns ossos do pé (astrágalo e calcâneo) e da perna (tíbia): isso mostra que seus donos alcançavam pelo menos quatro metros de altura. Para o professor Douglas, a meta agora é continuar com os trabalhos de escavações e análises do material coletado, o que permitirá um ganho científico importante e singular para a Uesb e toda a sociedade.
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Matéria trazida de:
http://www.uesb.br/ascom/ver_noticia_.asp?id=2838
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quinta-feira, 9 de abril de 2009
"Eremotherium" - A nossa Preguiça Gigante
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Um grande fóssil encontrado na Bahia, o do gênero Eremotherium, aparece montado e de pé. Oriundo da Toca dos Ossos, na povoação de Ouro Branco, então integrante do Município de Jacobina, atualmente emancipada, transformada no Município de Ourolândia, Bahia, encontra-se atualmente no Museu Nacional, na cidade do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro. Do outro lado, à sombra, um Smilodon.
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Existiram alguns gêneros de Preguiças Terrícolas, destacando-se o Eremotherium, com
seu comprimento de até 6 m do focinho à extremidade da cauda, e altura de até 4 metros, pesando até entre 4 e 5 toneladas. Habitava desde o sul do Brasil até a porção média da América do Norte.
Nos nossos terrenos são destaques os exemplares encontrados em Brejões, Jacobina
e Nova Itarana.
Era também chamado "Megatério", pois é esse o nome da Família Megatheriidae, à qual pertence, juntamente com o Megatherium. Este foi uma outra preguiça terrícola gigante, mas que se distribuiu somente do sul do Brasil até o sul do continente
americano, não tendo aparecido, portanto, em nossos terrenos.
Outros gêneros de preguiça terrícola menores encontrados em nossos terrenos foram
o Mylodonopsis, o Nothrotherium, o Iporangabradys, o Valgipes e o Ocnotherium.
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Reconstituição de duas grandes preguiças. De pé, o Eremotherium. Abaixo à esquerda o Mylodon.
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"Meteoritos Baianos"
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Além do grande Meteorito Bendegó, outros meteoritos foram encontrados em território baiano.
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METEORITO QUIJINGUE
METEORITO QUIJINGUE
O Meteorito Quijingue é classificado como um palasito.
A amostra acima é um fragmento de 750 gramas, representando aquele corpo que, inteiro pesava 54 kg. Pertence ao acervo do Museu Geológico da Bahia - MGB, da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia - SICM.
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METEORITO RIO DO PIRES
METEORITO RIO DO PIRES
O Meteorito Rio do Pires é classificado como um condrito. Pesa 85 gramas. Pertencente à Coleção Wilton Carvalho, encontrando-se atualmente exposto no Museu Geológico da Bahia - MGB, da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia - SICM.
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"O Meteorito Bendegó", por Wilton Carvalho
O Meterito Bendegó
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Palestra realizada emm Lisboa, Portugal, em 29/06/2001
Fonte: www.triplov.com/alquimias/wilton.htm
"Senhoras e Senhores,
Vim de longe para lhes falar sobre uma pedra extraterrestre. Uma pedra cheia de encantamento e misticismo. Uma História e uma lenda dos sertões do Brasil.Uma pedra que na verdade é uma grande massa de ferro com 5.360 quilos, descoberta em 1784 no interior do Brasil e que não está aqui em Lisboa graças ao seu descomunal peso.
Uma pedra que os índios brasileiros chamavam Quitá, ou Quilá ou, talvez, Cuitá e que nós batizamos de meteorito Bendegó. Cuitá. Pedaço de ferro caído do céu, na linguagem dos índios , segundo a interpretação do escritor e folclorista brasileiro Afrânio Peixoto.
Diz a ciência que são passados 122 mil anos desde que esse visitante sideral aqui chegou.
Índios não deveriam existir naquela época para ver o pedaço de ferro cair do céu e nem desenhar enigmáticos traços e estrelas em um rochedo, nas proximidades do local onde ele foi achado entre os cactos do árido sertão da Bahia.
Desenho da Pedra Riscada, por Von Martius
A pintura rupestre encantou von Martius e Debret que incluíram em seus relatos de viagens o estranho desenho. Será que o sofisticado método radioativo de datação da queda dessa pedra é de fato infalível? Ou será que o poema do índio aculturado Manoel Joaquim de Sá, escrito no século XIX, reflete uma verdade mais recente?
Pedra Riscada
"Aquela pedra Quilá
Na infância de minha avó (*)
Uma medonha faísca
Fez no espaço uma risca
E caiu no Bendegó
O estampido e o pó
Retumbou e quis sufocar
E indo a esse lugar
Grande concurso de gente,
Achava-se ainda quente
Aquela pedra Quiló.
Com a maior segurança
Deus a pôs neste lugar;
Ninguém a pode abalar,
Nem dar-lhe certa mudança.
E porque tem circunstância,
Com esta certeza vê,
Que nesta terra não há,
Só si for a Virgem pura.
Tem ciência e está segura
Aquela pedra Quiló.
O defunto capitão-mor
Bernardo Carvalho da Cunha
Nesse tempo se dispunha
Trazê-la do Bendegó;
Achou-a firme qual nó,
Como ainda hoje está:
Carro e bois levou de cá
Com toda sua companhia,
Não trouxe como devia,
Aquela pedra Quilá.
Depois que ele morreu,
Ainda veio um viandante
Ver se era diamante,
Porém não a conheceu,
O malho nela bateu.
"Esta pedra não é má
porém jeito nenhum dá."
No mesmo dia voltou,
E intacta ficou
Aquela pedra Quiló."
Monte Santo (Bahia) 13 de junho 1782.
o índio Manoel Joaquim de Sá oferece ao
seu amigo português Antonio de Souza Freire,
morador de Pau Grande
A data da queda do meteorito Bendegó ainda é um mistério. Novos estudos serão feitos este ano pelo Museu Geológico da Bahia a fim de testar as datações existentes e chegar a uma conclusão mais acurada.
Verdadeiro mesmo é o ano de sua descoberta: 1784. Os relatos dizem que um jovem vaqueiro encontrou aquela massa de ferro quando buscava uma novilha desgarrada. O fato chegou ao conhecimento do Governador Geral D. Rodrigo José de Menezes, provavelmente em maio do mesmo ano.
O ministro Martinho de Melo e Castro tomou conhecimento do fato através de carta de D. Rodrigo datada de 12 de setembro de 1784. A certidão de nascimento do meteorito Bendegó.
O Capitão-mór Bernardo Carvalho da Cunha foi designado pelo Governador para transportar a massa de ferro para Salvador.
Ele fez o que pôde para cumprir as ordens do Governador, mas não conseguiu. Na sua primeira viagem ao local onde jazia a "pedra de ferro" ele fez o reconhecimento do terreno e conseguiu retirar a massa de 5.360 quilos do local onde repousava, dando-se conta do enorme desafio que tinha pela frente.
Numa segunda tentativa ele colocou a massa de ferro sobre um carro de bois reforçado que mandara construir para aquela finalidade.
Prudente, o capitão-mor não tentou atravessar o leito seco do rio Bendegó. As margens do rio eram muito íngremes e não havia como construir uma ponte ou rebaixá-las com os recursos que dispunha naquele momento. Deixou para outra oportunidade empreender a marcha definitiva a caminho da Bahia, distante uma boas 60 léguas ( 360 km).
Um ano depois chegou outra expedição às margens do riacho Bendegó. Bernardo Carvalho da Cunha não pôde ir. Estava adoentado. Mandou o capitão-mor João Correa de Figueiredo Bittencourt fazer o serviço.
Constrangido, o Capitão Carvalho da Cunha comunicou ao Governador em 9 de outubro de 1785 que seu companheiro de patente não fora bem sucedido na empreitada. Nas suas palavras.
"o dito capitão mor tomou a resolução e empreendeu de fazer uma estiva no dito rio para passar a carreta com mais facilidade e se havia de fazê-la de madeira, como devia ser, pois tinha lá carro que de cá mandei para conduzir o material necessário, a fez de folhas, mandando cortar muitas ramadas com toda a sua folhagem, ia arrumando-as dentro do rio até quase emparelhar as ribanceiras, depois mandou arrastar terra de uma e outra parte das ribanceiras para cobrir a folhagem, supondo que a carreta passaria felizmente e sem trabalho algum, porque passaram todos para uma e outra parte, como também alguns cavaleiros e bois mansos, sem se descobrir o menor risco, não advertindo que o peso da dita barra é muito diferente, extraordinário, cujo engano não conheceu senão depois que a carreta chegou no meio da estiva e se enterrou de tal sorte que nunca mais houve remédio para a tirarem daquele lugar, porque cada vez se enterrava mais para [......] a terra que talvez não estava bem pilada e por essa razão se retirou o dito capitão mor com os bois mansos que eu tinha mandado para a dita condução."
Constrangido, também o Governador D. Rodrigo Menezes deu conta do fracasso à corte em carta de 16 de fevereiro de 1787.
E assim a pedra do Bendegó ficou esquecida no árido sertão por mais de 100 anos. É certo que houve outras tentativas de remoção, mas nenhuma.deu certo.
Somente em 1887, quando o Brasil já deixara de ser uma colônia de Portugal e o reinado do Imperador D. Pedro II, neto de D. João VI, estava chegando ao fim, conseguiu-se transportar o meteorito Bendegó da Bahia para o Rio de Janeiro onde se encontra até hoje, em exposição no Museu Nacional.
Foi-se a "pedra" mas ficou a lenda. Foi muito dura a jornada do meteorito sobre um carretão de quatro rodas puxada por 24 bois através de 106 km de caatinga em busca da estrada de ferro recém construída. Sete vezes o meteorito caiu da carreta. A travessia foi interrompida mais quatro vezes para substituição dos eixos do carro. Parecia que a pedra não queria mesmo deixar o Sertão, mas levaram-na à força, contra sua vontade.
Os moradores das margens do rio Bendegó até que estavam acostumados com a falta de chuvas naquela região, mas o ano que se seguiu à retirada do meteorito foi diferente. A seca de 1889 foi simplesmente terrível. A lembrança da resistência da "pedra" despertava temor nos sertanejos, a associação foi natural. A seca era castigo de Deus por terem removido a "pedra" do seu lugar, levando-a para Corte.
Marco de Don Pedro II
Que fazer? Vingança em primeiro lugar. O marco D. Pedro II construído no local onde o meteorito foi achado foi destruído. Suas placas de bronze foram enterradas e nunca mais se ouviu falar delas. A ata lavrada pelos engenheiros da vitoriosa expedição e colocada nas fundações do Marco foi simplesmente estraçalhada por aquele povo analfabeto que queria chuva e nada mais.
Arrefecida a ira inicial os homens trataram de cavar o local onde a pedra foram originalmente encontrada em 1784. Tinham a esperança de encontrar outra igual a que os engenheiros levaram e assim restituir ao sertão seu talismã que faria chover, acabando a seca que estava matando seus bois e jumentos. Não acharam outra pedra, mas desencavaram grande quantidade de fragmentos oxidados de ferro que até hoje podem ser encontrados no local.
LOCAL DA QUEDA
As chuvas vieram, aquela seca acabou e os homens que presenciaram a remoção do meteorito morreram, mas a lenda persiste até os dias atuais.
A vida aqui é difícil assim meu filho, porque levaram embora a pedra do Bendegó, disse-me certa vez um calejado sertanejo quando eu fazia minhas pesquisas de campo para escrever o livrinho "Os Meteoritos e a História do Bendegó" justamente para desmistificar os relatos existentes.
Meteorítica
Os meteoritos são fragmentos de outros corpos celestes que em sua deriva pelo espaço sideral entram em rota de colisão com a Terra, sobrevivem à ablação da atmosfera e chegam até a superfície de nosso planeta.
Assim como a Terra gira em torno do Sol a de 110 mil km por hora, esses fragmentos também viajam com essa velocidade cósmica.
Um fragmento de matéria que atravesse a atmosfera de nosso planeta a essa velocidade produz atrito, que por sua vez gera calor e luz. As estrelas cadentes são micro fragmentos de matéria que se consomem inteiramente nas altas camadas da atmosfera.
Massas maiores produzem "bolas de fogo" ou bólidos e conseguem sobreviver à passagem da atmosfera caindo na superfície.
Os meteoritos podem ser de três tipos:
Rochosos, os mais comuns (crosta)
Férreos (núcleo)
Mistos ou palasitos (manto)
METEORITOS DE FERRO
O meteorito Bendegó tem a seguinte composição química:
92,7% de Ferro
6,52% de Níquel
0,46% de Cobalto
0,22% de Fósforo
0,10% de Carbono
52 ppm de Gálio
233 ppm de Germânio
0,02 ppm de Irídio
Composição do Bendegó em descrição antiga, locada na sua base original.
Mede 2,15m x 1,50m x 0,66m
Peso total: 5.360 quilos
No Brasil foram catalogados até esta data 60 meteoritos.
Wilton Carvalho e o Bendegó
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Palestra realizada emm Lisboa, Portugal, em 29/06/2001
Fonte: www.triplov.com/alquimias/wilton.htm
"Senhoras e Senhores,
Vim de longe para lhes falar sobre uma pedra extraterrestre. Uma pedra cheia de encantamento e misticismo. Uma História e uma lenda dos sertões do Brasil.Uma pedra que na verdade é uma grande massa de ferro com 5.360 quilos, descoberta em 1784 no interior do Brasil e que não está aqui em Lisboa graças ao seu descomunal peso.
Uma pedra que os índios brasileiros chamavam Quitá, ou Quilá ou, talvez, Cuitá e que nós batizamos de meteorito Bendegó. Cuitá. Pedaço de ferro caído do céu, na linguagem dos índios , segundo a interpretação do escritor e folclorista brasileiro Afrânio Peixoto.
Diz a ciência que são passados 122 mil anos desde que esse visitante sideral aqui chegou.
Índios não deveriam existir naquela época para ver o pedaço de ferro cair do céu e nem desenhar enigmáticos traços e estrelas em um rochedo, nas proximidades do local onde ele foi achado entre os cactos do árido sertão da Bahia.
Desenho da Pedra Riscada, por Von Martius
A pintura rupestre encantou von Martius e Debret que incluíram em seus relatos de viagens o estranho desenho. Será que o sofisticado método radioativo de datação da queda dessa pedra é de fato infalível? Ou será que o poema do índio aculturado Manoel Joaquim de Sá, escrito no século XIX, reflete uma verdade mais recente?
Pedra Riscada
"Aquela pedra Quilá
Na infância de minha avó (*)
Uma medonha faísca
Fez no espaço uma risca
E caiu no Bendegó
O estampido e o pó
Retumbou e quis sufocar
E indo a esse lugar
Grande concurso de gente,
Achava-se ainda quente
Aquela pedra Quiló.
Com a maior segurança
Deus a pôs neste lugar;
Ninguém a pode abalar,
Nem dar-lhe certa mudança.
E porque tem circunstância,
Com esta certeza vê,
Que nesta terra não há,
Só si for a Virgem pura.
Tem ciência e está segura
Aquela pedra Quiló.
O defunto capitão-mor
Bernardo Carvalho da Cunha
Nesse tempo se dispunha
Trazê-la do Bendegó;
Achou-a firme qual nó,
Como ainda hoje está:
Carro e bois levou de cá
Com toda sua companhia,
Não trouxe como devia,
Aquela pedra Quilá.
Depois que ele morreu,
Ainda veio um viandante
Ver se era diamante,
Porém não a conheceu,
O malho nela bateu.
"Esta pedra não é má
porém jeito nenhum dá."
No mesmo dia voltou,
E intacta ficou
Aquela pedra Quiló."
Monte Santo (Bahia) 13 de junho 1782.
o índio Manoel Joaquim de Sá oferece ao
seu amigo português Antonio de Souza Freire,
morador de Pau Grande
A data da queda do meteorito Bendegó ainda é um mistério. Novos estudos serão feitos este ano pelo Museu Geológico da Bahia a fim de testar as datações existentes e chegar a uma conclusão mais acurada.
Verdadeiro mesmo é o ano de sua descoberta: 1784. Os relatos dizem que um jovem vaqueiro encontrou aquela massa de ferro quando buscava uma novilha desgarrada. O fato chegou ao conhecimento do Governador Geral D. Rodrigo José de Menezes, provavelmente em maio do mesmo ano.
O ministro Martinho de Melo e Castro tomou conhecimento do fato através de carta de D. Rodrigo datada de 12 de setembro de 1784. A certidão de nascimento do meteorito Bendegó.
O Capitão-mór Bernardo Carvalho da Cunha foi designado pelo Governador para transportar a massa de ferro para Salvador.
Ele fez o que pôde para cumprir as ordens do Governador, mas não conseguiu. Na sua primeira viagem ao local onde jazia a "pedra de ferro" ele fez o reconhecimento do terreno e conseguiu retirar a massa de 5.360 quilos do local onde repousava, dando-se conta do enorme desafio que tinha pela frente.
Numa segunda tentativa ele colocou a massa de ferro sobre um carro de bois reforçado que mandara construir para aquela finalidade.
Prudente, o capitão-mor não tentou atravessar o leito seco do rio Bendegó. As margens do rio eram muito íngremes e não havia como construir uma ponte ou rebaixá-las com os recursos que dispunha naquele momento. Deixou para outra oportunidade empreender a marcha definitiva a caminho da Bahia, distante uma boas 60 léguas ( 360 km).
Um ano depois chegou outra expedição às margens do riacho Bendegó. Bernardo Carvalho da Cunha não pôde ir. Estava adoentado. Mandou o capitão-mor João Correa de Figueiredo Bittencourt fazer o serviço.
Constrangido, o Capitão Carvalho da Cunha comunicou ao Governador em 9 de outubro de 1785 que seu companheiro de patente não fora bem sucedido na empreitada. Nas suas palavras.
"o dito capitão mor tomou a resolução e empreendeu de fazer uma estiva no dito rio para passar a carreta com mais facilidade e se havia de fazê-la de madeira, como devia ser, pois tinha lá carro que de cá mandei para conduzir o material necessário, a fez de folhas, mandando cortar muitas ramadas com toda a sua folhagem, ia arrumando-as dentro do rio até quase emparelhar as ribanceiras, depois mandou arrastar terra de uma e outra parte das ribanceiras para cobrir a folhagem, supondo que a carreta passaria felizmente e sem trabalho algum, porque passaram todos para uma e outra parte, como também alguns cavaleiros e bois mansos, sem se descobrir o menor risco, não advertindo que o peso da dita barra é muito diferente, extraordinário, cujo engano não conheceu senão depois que a carreta chegou no meio da estiva e se enterrou de tal sorte que nunca mais houve remédio para a tirarem daquele lugar, porque cada vez se enterrava mais para [......] a terra que talvez não estava bem pilada e por essa razão se retirou o dito capitão mor com os bois mansos que eu tinha mandado para a dita condução."
Constrangido, também o Governador D. Rodrigo Menezes deu conta do fracasso à corte em carta de 16 de fevereiro de 1787.
E assim a pedra do Bendegó ficou esquecida no árido sertão por mais de 100 anos. É certo que houve outras tentativas de remoção, mas nenhuma.deu certo.
Somente em 1887, quando o Brasil já deixara de ser uma colônia de Portugal e o reinado do Imperador D. Pedro II, neto de D. João VI, estava chegando ao fim, conseguiu-se transportar o meteorito Bendegó da Bahia para o Rio de Janeiro onde se encontra até hoje, em exposição no Museu Nacional.
Foi-se a "pedra" mas ficou a lenda. Foi muito dura a jornada do meteorito sobre um carretão de quatro rodas puxada por 24 bois através de 106 km de caatinga em busca da estrada de ferro recém construída. Sete vezes o meteorito caiu da carreta. A travessia foi interrompida mais quatro vezes para substituição dos eixos do carro. Parecia que a pedra não queria mesmo deixar o Sertão, mas levaram-na à força, contra sua vontade.
Os moradores das margens do rio Bendegó até que estavam acostumados com a falta de chuvas naquela região, mas o ano que se seguiu à retirada do meteorito foi diferente. A seca de 1889 foi simplesmente terrível. A lembrança da resistência da "pedra" despertava temor nos sertanejos, a associação foi natural. A seca era castigo de Deus por terem removido a "pedra" do seu lugar, levando-a para Corte.
Marco de Don Pedro II
Que fazer? Vingança em primeiro lugar. O marco D. Pedro II construído no local onde o meteorito foi achado foi destruído. Suas placas de bronze foram enterradas e nunca mais se ouviu falar delas. A ata lavrada pelos engenheiros da vitoriosa expedição e colocada nas fundações do Marco foi simplesmente estraçalhada por aquele povo analfabeto que queria chuva e nada mais.
Arrefecida a ira inicial os homens trataram de cavar o local onde a pedra foram originalmente encontrada em 1784. Tinham a esperança de encontrar outra igual a que os engenheiros levaram e assim restituir ao sertão seu talismã que faria chover, acabando a seca que estava matando seus bois e jumentos. Não acharam outra pedra, mas desencavaram grande quantidade de fragmentos oxidados de ferro que até hoje podem ser encontrados no local.
LOCAL DA QUEDA
As chuvas vieram, aquela seca acabou e os homens que presenciaram a remoção do meteorito morreram, mas a lenda persiste até os dias atuais.
A vida aqui é difícil assim meu filho, porque levaram embora a pedra do Bendegó, disse-me certa vez um calejado sertanejo quando eu fazia minhas pesquisas de campo para escrever o livrinho "Os Meteoritos e a História do Bendegó" justamente para desmistificar os relatos existentes.
Meteorítica
Os meteoritos são fragmentos de outros corpos celestes que em sua deriva pelo espaço sideral entram em rota de colisão com a Terra, sobrevivem à ablação da atmosfera e chegam até a superfície de nosso planeta.
Assim como a Terra gira em torno do Sol a de 110 mil km por hora, esses fragmentos também viajam com essa velocidade cósmica.
Um fragmento de matéria que atravesse a atmosfera de nosso planeta a essa velocidade produz atrito, que por sua vez gera calor e luz. As estrelas cadentes são micro fragmentos de matéria que se consomem inteiramente nas altas camadas da atmosfera.
Massas maiores produzem "bolas de fogo" ou bólidos e conseguem sobreviver à passagem da atmosfera caindo na superfície.
Os meteoritos podem ser de três tipos:
Rochosos, os mais comuns (crosta)
Férreos (núcleo)
Mistos ou palasitos (manto)
METEORITOS DE FERRO
O meteorito Bendegó tem a seguinte composição química:
92,7% de Ferro
6,52% de Níquel
0,46% de Cobalto
0,22% de Fósforo
0,10% de Carbono
52 ppm de Gálio
233 ppm de Germânio
0,02 ppm de Irídio
Composição do Bendegó em descrição antiga, locada na sua base original.
Mede 2,15m x 1,50m x 0,66m
Peso total: 5.360 quilos
No Brasil foram catalogados até esta data 60 meteoritos.
Wilton Carvalho e o Bendegó
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